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Quais as diferenças entre Técnica e Tática no Futebol?

O futebol é um esporte coletivo que exige uma série de habilidades e competências dos jogadores. Dentre essas, a técnica e a tática são fundamentais para o sucesso de uma equipe. Mas existe diferenças entre técnica e tática?

Dessa maneira, de forma simples, podemos definir a técnica como a capacidade do jogador em realizar movimentos com precisão e eficiência. São as ações motoras do atleta. Já a tática é a execução das ações de jogo, visando alcançar um objetivo, gerindo o espaço e o tempo naquela situação em campo.

O Que é Técnica no Futebol?

A técnica no futebol se refere à habilidade individual de um jogador em lidar com a bola. Ela abrange uma ampla variedade de aspectos, incluindo dribles, passes, chutes, domínio de bola e controle. A técnica é a base sobre a qual o jogo é construído, pois cada jogador deve ser capaz de realizar essas habilidades de forma consistente e precisa.

Confira algumas das principais técnicas utilizadas no Futebol:

Domínio de Bola

O domínio de bola é uma parte essencial da técnica no futebol. Envolve a capacidade de receber e controlar a bola com os pés, coxas, peito e cabeça. Jogadores com excelente domínio de bola são capazes de parar a bola instantaneamente, independentemente da velocidade ou direção do passe. Isso lhes dá uma vantagem significativa em situações de jogo.

Dribles

Os dribles envolvem um jogador em posse da bola precise passar habilmente pelos adversários. Dribles eficazes requerem controle de bola excepcional, velocidade, agilidade e um toque suave.

Chutes

Os chutes são um dos aspectos essenciais da técnica no futebol. Um jogador precisa ser capaz de chutar a bola com precisão tanto em curta quanto em longa distância, e em bolas paradas como cobranças de falta e penalidades. A técnica de chutar envolve o uso adequado do pé, incluindo o pé dominante e o pé mais fraco.

Passes

Passar a bola com precisão é uma das habilidades mais importantes no futebol. Um jogador deve ser capaz de entregar a bola a um companheiro de equipe no momento certo e no local certo. Isso envolve a técnica de pé interno, pé externo e outros tipos de passes.

O que é Tática no Futebol?

A princípio, a tática no futebol pode ser entendida de forma simples é a gestão do espaço de jogo. Ela pode ser dividida em dois grandes grupos:

  • Tática ofensiva: refere-se às ações da equipe com a posse de bola, como construção de jogadas, finalização, etc.
  • Tática defensiva: refere-se às ações da equipe sem a posse de bola, como marcação, recomposição, etc.

Além disso, vários estudos sobre os princípios táticos existem no futebol atualmente. Como sugestão, o Glossário da CBF traz conceitos evidenciados e detalhadamente pela literatura científica, abordando tanto a técnica quanto os aspectos táticos.

Resumidamente, destacamos aqui abaixo alguns dos aspectos presentes dentre da tática no futebol:

Tipos de Marcação

A marcação é uma prática defensiva, no qual tem o objetivo de seguir de perto os jogadores adversários para impedir que recebam a bola ou criem oportunidades. Ela pode envolver tipos de marcação pressão, quanto os jogadores de defesa buscar roubar a bola dos atacantes no campo todo; Ela ainda pode ser individual, coletiva e mista, sempre tendo como referência a recuperação da bola.

Movimentos Coordenados Ofensivos

Movimentos coordenados são parte integrante da tática no futebol. Isso inclui corridas, passes em profundidade, deslocamentos e trocas de posição entre os jogadores. Esses movimentos são projetados para criar espaço, confundir a defesa adversária e criar oportunidades de gol.

Transições

Outro aspecto crucial da tática é a capacidade de realizar transições rápidas entre defesa e ataque. As equipes de sucesso muitas vezes são capazes de recuperar a posse de bola e rapidamente passar para o ataque, pegando a defesa adversária desorganizada.

Além do mais, uma das das principais manifestações estruturais de tática no futebol é a formação tática da equipe. Isso determina como os jogadores se posicionam em campo e como eles interagem entre si. Formações populares incluem o 4-4-2, o 4-3-3 e o 3-5-2, cada um com suas próprias vantagens e desvantagens.

Entretanto, vale destacar as diferenças entre sistemas e esquemas táticos, que embora façam parte da tática, eles representam conceitos estruturais e não devem ser sinônimos de tática, como erroneamente vemos em alguns locais.

A relação entre Técnica e Tática no Futebol

É importante entender que a técnica e a tática no futebol não são conceitos isolados. Na verdade, eles estão intrinsecamente interligados e se complementam. Uma equipe com jogadores tecnicamente bons tem mais recursos para executar táticas complexas.

Desse modo, podemos dizer que técnica e tática são conceitos complementares no futebol, como duas faces da mesma moeda. A técnica é a base para a tática, pois é necessária para que o jogador possa executar as ações táticas. Já a tática, pode ajudar o jogador a aprimorar sua técnica. A exemplo, um jogador que treina passes e dribles em um contexto tático, terá mais chances de melhorar essas habilidades.

Por outro lado, a tática pode potencializar as habilidades técnicas de um jogador. Uma equipe bem organizada cria espaços e oportunidades para que os jogadores usem suas habilidades técnicas com eficiência.

Para além da técnica e tática no Futebol

No futebol atualmente, a técnica e a tática são cada vez mais importantes. Os jogadores precisam conseguir realizar movimentos complexos e de se adaptar a diferentes situações de jogo. Mas é importante destacar que além dos conceitos básicos de técnica e tática, existem outros aspectos importantes para o futebol.

Dentre esses, destacam-se os aspectos físicos, mentais e psicológicos. Por isso, muitos métodos de treinamento no futebol buscar unir todos os conceitos das vertentes do futebol. A ideia é que a complexidade dos fatores permita o desenvolvimento integral das habilidades dos atletas na especificidade do esporte. Portanto, é crucial saber sobre a importância e relação entre técnica e tática.

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Inter-relação entre pais, atletas e treinadores

A família tem um papel fundamental no processo de crescimento, educação e desenvolvimento de seus filhos, e no esporte não é diferente. No esporte, a relação dos familiares tem influência direta no rendimento e motivação de seus filhos na modalidade em que está inserido.

A inter-relação entre pais, atletas e treinadores tem de ser transparente, saudável e que seja em prol do bem-estar e desenvolvimento do aluno.

De acordo com BECKER estudo, o pai é a figura que tem maior influência no ingresso da criança no esporte. A conduta dos pais diante da participação de seus filhos no esporte, tem relação direta com a qualidade da participação da criança na atividade esportiva. É comum que os pais criem expectativas em seus filhos, por enxergar uma possível realização que não foi possível a ele, ou até mesmo por enxergar o filho como um ativo que pode transformar a vida socioeconômica da família. Devemos sempre nos lembrar que o principal interesse é do aluno que está inserido na prática esportiva, mas em alguns casos, não é o que acontece.

O primeiro ponto de destaque nessa situação é compreender qual o real interesse da criança, qual esporte ela quer praticar, atendendo suas expectativas e necessidades, sendo ela responsável pela escolha de seu esporte, assim, fazendo algo que lhe interessa. Mas infelizmente, alguns pais inserem seus filhos em um esporte sem consultá-lo, muita das vezes não há um critério para a escolha da atividade, fatos comuns são dos pais quererem inserir em certa modalidade, pelo seu maior interesse pessoal, e/ou pelo motivo de que aquele horário os pais tem compromissos profissionais ou sociais impedindo-os de ficar com a criança, dessa maneira, as escolinhas de esporte passam a ser “depósitos de crianças” conforme citado por pesquisador como Becker.

O envolvimento dos pais no esporte

De acordo com a literatura científica o envolvimento dos pais no esporte pode ser considerado em três etapas diferentes: o subenvolvimento, o envolvimento moderado e o superenvolvimento.

O subenvolvimento pode ser considerado como a falta de comprometimento emocional, financeiro ou funcional dos pais, que tem relação com a falta de comparecimento nos treinos, nos jogos, eventos e pouquíssimo contato com os treinadores. No envolvimento moderado, são os pais que dão suporte necessário a seus filhos, orientam, estabelecem metas realistas e ajudam financeiramente. E no superenvolvimento são os pais que excedem os limites de sua participação diante da vida esportiva de seus filhos, colocam seus desejos e necessidades criando expectativas e pressões desnecessárias.

Perfis de Pais e mães de jovens esportistas

Podemos também comprender na literatura científica que os perfis de pais podem influenciar o desenvolvimento. Pais desisteressados, por exemplo, levam o filho ao esporte como uma forma de ocupar o tempo da criança, inscrevendo-a em atividades sem preocupar-se se o filho aprecia ou não. Eles vêem no técnico uma espécie de “babá”, delegando a ele a obrigação de cuidar da criança. Como consequências, são apontados não apenas uma grande possibilidade de abandono ao esporte, como também futura intolerância à modalidade escolhida pelo pai.

Os pais mal-informados conduzem o filho ou filha à prática esportiva, com uma primeira conversa com o técnico, mas não participa mais do processo.

Já os pais exaltados, tendem a participar ativamente do cotidiano do seu filho no ambiente esportivo, colaborando de forma adequada com o técnico. Entretanto em situações competitivas, é comum que torçam de forma exagerada, dirigindo palavras inadequadas aos árbitros, prejudicando o ambiente e constringindo seus filhos; ressalta-se que é comum que os pais não se percebam como inadequados.

E por fim, temos os pais fanáticos. São considerados os mais problemáticos, por esperarem dos filhos atitudes de “heróis no esporte”. Estão sempre insatisfeitos com o desempenho da criança e interferem no processo de preparação, cobrando excessivamente e gerando pressões sobre o filho. Se exaltam facilmente com as decisões dos árbitros e atitudes do técnico, gerando hostilidade e perturbação no ambiente, podendo desfazer a relação de prazer da criança com o esporte.

A motivação para prática esportiva

A motivação pode ser definida como uma força interior, impulso, intenção que leva a pessoa a fazer algo ou agir de certa forma, e que afeta a compreensão da aprendizagem de habilidades, motoras devido a seu papel na iniciação. A motivação é um fator determinante quando um indivíduo quer realizar algo segundo estudos de Fonseca e Stela.

A forma como os pais se portam durante as competições irá despertar uma reação na criança. Em caso de reações negativas, comentários infelizes podem intereferir diretamente no desempenho da criança. Alguns exemplos de relatos de jovens no esporte são como esses:

“Um dos únicos dias em que via meu pai era no sábado, quando ele vinha me ver jogar futebol. Mas isso me deixava nervoso, pra dizer a real. Meu pai era meu herói. E, no começo, ele me cobrava muito. Às vezes, ele até mesmo dizia: “Tô cansado de ver você perder. Você pode comer mais um hambúrguer hoje, mas só se o seu time ganhar”.

[…] Ficava tão agitado na noite anterior aos jogos que tinha dores de estômago e começava a vomitar. Eu tinha dor de cabeça e febre às vezes e não conseguia dormir. Quando eu jogava, ao invés de jogar “leve”, eu me preocupava em estragar tudo. Sempre que eu jogava um jogo pra valer, era como se meu coração estivesse sempre batendo mais rápido. Era um bloqueio psicológico.

Em entrevista ao The Players Tribune, Bruno Guimarães, jogador da seleção brasileira, relata sobre a cobrança excessiva que seu pai lhe fazia:

[…] o meu treinador, Mário Jorge, estava assistindo do lado de fora com o pessoal mais velho. Depois do jogo, ele entrou na quadra e disse: “Bruno, deixa eu te perguntar uma coisa: Por que você nunca joga assim quando é pra valer?”.

Eu respondi: “Não sei o motivo. Não fico à vontade. É complicado”.

Ele disse: “Preste atenção, não fica preocupado. Jogue como se fosse para se divertir e veja o que acontece”.

Depois disso, conversei com meu pai e disse a ele a verdade. Pedi pra ele parar de me pressionar tanto quando eu jogava, porque estava me deixando muito tenso. Quando é seu herói pressionando você, às vezes, é demais. Graças a Deus meu pai aceitou numa boa e a partir daquele dia tudo mudou.”

Estudo de Barbantei, cita que motivar e apoiar os filhos, sem forçá-los na modalidade esportiva; concentrar-se na dedicação e esforço mais que no resultado final dos jogos; ensinar que a honestidade vale mais que a vitória em si; não ridicularizar os erros do filho; aplaudí-los; lembrar que seus filhos participam do esporte para seus próprios interesses e alegria e não para a sua; não questionar a decisão ou honestidade do árbitro em público; reconhecer o valor e apoiar os treinadores; todos esses comportamentos citados, são comportamentos que ajudariam no desempenho, satisfação e continuidade de seus filhos na prática esportiva.

Por fim, o principal ponto desta relação entre pais, atletas e treinadores é que o principal é o jovem, toda atitude a ser tomada tem de ser pensada em prol do bem-estar dele ou dela, da satisfação na prática na modalidade, na motivação, ajudando-os em seu desenvolvimento, crescimento e educação, tudo de uma forma saudável. E entender que o sucesso no esporte infantil não está atrelado ao resultado de uma partida, ao desempenho esportivo, a vitória no esporte infantil se conquista todos dias, dando liberdade e autonomia a criança, para desenvolver seu real potencial, se autoconhecer, conhecer seus limites, brincar, se divertir , sociabilizar, tudo de uma forma leve e lúdica, mantendo o prazer, satisfação e alegria na prática esportiva.

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Contato do Autor:
E-mail: gsantisantos@gmail.com

Gabriel Santiago atualmente é professor de futebol no Esporte Clube Pinheiros

REFERÊNCIAS

Almeida, Dione, and Rafael Machado de Souza. “A influência dos pais no envolvimento da criança com o esporte durante a iniciação esportiva no futebol 27 em uma escolinha de Campo Bom-RS.” RBFF-Revista Brasileira de Futsal e Futebol 8.30 (2016): 256–268.

https://www.rbff.com.br/index.php/rbff/article/view/422

Barbanti, Valdir J. Formação de esportistas. Editora Manole Ltda, 2005

BECKER JR, Benno, and Elenita TELÖKEN. “A criança no esporte.” Especialização esportiva precoce: perspectivas atuais da psicologia do esporte. Jundiaí, SP: Fontoura (2008): 17–34.

https://pt.everand.com/book/438630660/Especializacao-esportiva-precoce-perspectivas-atuais-da-psicologia-do-esporte

Fonseca, Gerard Maurício Martins, and Erika Spritze Stela. “Família e esporte: a influência parental sobre a participação dos filhos no futsal competitivo.” Kinesis 33.2 (2015).

https://periodicos.ufsm.br/kinesis/article/view/20723

Moraes, Luiz Carlos, André Scotti Rabelo, and John Henry Salmela. “Papel dos pais no desenvolvimento de jovens futebolistas.” Psicologia: reflexão e crítica 17 (2004): 211–222.

https://www.scielo.br/j/prc/a/ZcdcVGpBB6KLwybtRHVKVZh/?lang=pt&format=pdf

PAES, R. R., FERREIRA, H., GALATTI, L., & SILVA, Y. (2008). Pedagogia do esporte e iniciação esportiva infantil: as inter-relações entre dirigente, família e técnico. Especialização esportiva precoce: perspectivas atuais da psicologia do esporte. Jundiaí: Fontoura, 49–66.

https://pt.everand.com/book/438630660/Especializacao-esportiva-precoce-perspectivas-atuais-da-psicologia-do-esporte

https://www.theplayerstribune.com/br/posts/carta-bruno-guimaraes-brasil-newcastle-premier-league

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Formação de atletas no futebol

A formação de atletas de futebol no Brasil é um processo complexo e multifacetado que envolve diversas etapas e categorias. O objetivo principal da formação é desenvolver jogadores com habilidades técnicas, táticas e físicas para competir em alto nível no futebol profissional.

É importante destacar que a formação de base é um processo contínuo onde os jogadores precisam ser acompanhados e treinados constantemente para se desenvolverem ao máximo. Além disso, é fundamental que o trabalho nas categorias de base esteja alinhado com o trabalho dos jogadores profissionais, para haver uma continuidade no processo de formação.

Qual a diferença de formação de base e categoria de base?

A formação de base é um processo de formação de atletas cujo objetivo é desenvolver jogadores e equipes para compor a base de um clube ou seleção. Trata-se de um processo contínuo que envolve o treinamento e acompanhamento dos jogadores desde cedo, visando formar atletas para o futebol.

Já as categorias de base são a divisão dos jogadores segundo a sua idade, e servem como uma espécie de etapa no processo de formação, onde os jogadores são treinados conforme o seu nível de maturidade e habilidades. As categorias mais comuns são sub-7, sub-9, sub-11, sub-13, sub-15 e sub-17 e sub-20.

Cada categoria tem seus objetivos e metas específicas, considerando a faixa etária e o desenvolvimento físico, técnico e tático. Por exemplo, na categoria sub-7 o objetivo é introduzir os jogadores ao esporte, trabalhando habilidades motoras e fundamentos do futebol, enquanto na categoria sub-20 o objetivo é preparar os jogadores para os desafios do futebol profissional.

Em resumo, a formação de base é um processo mais amplo e global, enquanto as categorias de base são etapas desse processo, que servem para dividir e direcionar o treinamento dos jogadores de acordo com a sua idade e habilidades.

Formação de Profissionais que trabalham com a base

A qualificação dos profissionais que trabalham com a base é fundamental para garantir a qualidade na formação dos jogadores. É comum que os treinadores e preparadores físicos das categorias de base tenham formação específica em treinamento de futebol e possuam experiência prévia no futebol. Além disso, é importante que esses profissionais estejam constantemente atualizados com as últimas tendências e metodologias de treinamento.

Isso inclui não apenas a formação técnica, mas também a formação em pedagogia esportiva, psicologia do esporte, entre outras áreas relacionadas. Esses profissionais precisam estar preparados para lidar com jogadores de diferentes idades, habilidades e personalidades, e precisam entender como guiar e motivar esses jovens atletas para que eles possam desenvolver seu potencial ao máximo.

Além disso, é importante que os profissionais que trabalham com a base tenham uma boa compreensão da filosofia do clube ou seleção para que eles possam alinhar suas metodologias e práticas com os objetivos gerais do clube. Isso inclui entender a importância de formar jogadores que se encaixem no estilo de jogo do clube, bem como compreender as necessidades do clube em relação a posições e habilidades específicas.

Portanto, os profissionais que trabalham com a base no futebol precisam ter boa formação e experiência prévia no esporte, além de estarem constantemente atualizados com as últimas tendências e metodologias de treinamento, para garantir a qualidade da formação dos jogadores e alinhar com a filosofia do clube ou seleção.

Problemas na formação de atletas

Além de ser um grande celeiro de formadores de atletas de futebol e apresentar alguns clubes de referência na formação, por outro lado, a formação de atletas de futebol no Brasil enfrenta uma série de problemas que podem afetar negativamente o desenvolvimento dos jogadores e a qualidade do futebol nacional. Alguns desses problemas incluem a falta de infraestrutura adequada, a falta de qualificação dos profissionais que trabalham com a base e a falta de programas de desenvolvimento para jovens jogadores.

Uma das principais questões é a falta de infraestrutura adequada para a formação de jogadores. Muitos times de futebol no Brasil não possuem campos de treinamento de qualidade ou instalações esportivas modernas. Isso pode dificultar o desenvolvimento das habilidades técnicas e físicas dos jogadores, bem como limitar a quantidade de treinamentos e jogos que eles podem realizar.

Outro problema é a falta de qualificação dos profissionais que trabalham com a base. Muitos treinadores e preparadores físicos que trabalham com jogadores jovens não possuem formação específica em treinamento de futebol ou experiência prévia no futebol. Isso pode afetar negativamente a qualidade do treinamento que os jogadores recebem e limitar o seu desenvolvimento.

A falta de programas de desenvolvimento para jovens jogadores é outro problema que pode afetar negativamente a formação de atletas de futebol no Brasil. Muitos times não possuem programas específicos para desenvolver jogadores jovens e prepará-los para o futebol profissional. Isso pode dificultar a transição dos jogadores da base para o futebol profissional.

Transição das categorias de base para o profissional

A transição dos jogadores das categorias de base para o futebol profissional é um processo importante e desafiador. É preciso que os jogadores estejam preparados tanto fisicamente quanto tecnicamente para competir em alto nível. Além disso, é importante que os jogadores tenham uma boa mentalidade e estejam preparados para lidar com as pressões e exigências do futebol profissional.

Atualmente, muitos jogadores de base enfrentam dificuldades na transição para o nível profissional devido à falta de oportunidades. Muitos times preferem contratar jogadores com mais experiência, deixando os jovens limitados a jogar pouco. Isso pode dificultar a transição dos jogadores para o futebol profissional e limitar o seu desenvolvimento.

A pressão por resultados por parte dos clubes é uma realidade no futebol, e isso se estende também às categorias de base. Com a busca constante por jogadores jovens e promissores, muitos clubes europeus, por exemplo, estão dispostos a gastar grandes somas de dinheiro para atrair esses atletas para suas equipes. Isso pode criar uma situação em que os jovens jogadores são “comprados” por clubes da Europa antes mesmo de terem a oportunidade de desenvolver suas habilidades e se tornarem profissionais em seus países de origem.

Além disso, esses jovens jogadores podem se sentir pressionados a se adaptar rapidamente às expectativas e exigências dos clubes, o que pode ser um problema para sua formação e transição para o futebol profissional. A falta de tempo para se adaptar ao novo ambiente, língua e cultura, pode ser um obstáculo para o desenvolvimento dos jogadores, e podem não ter a oportunidade de desenvolver suas habilidades de forma adequada.

Essa pressão por resultados e o assédio de clubes da Europa pode levar a uma sobrevalorização de jogadores jovens, colocando expectativas excessivas sobre eles antes mesmo de eles terem a oportunidade de mostrar seu verdadeiro potencial. Isso pode levar a frustrações e decepções tanto para os jogadores quanto para os clubes, e pode até mesmo levar a problemas psicológicos para os jogadores.

Como trabalhar com futebol de base

Trabalhar como profissional em categorias de base no futebol é uma ótima maneira de contribuir para o desenvolvimento de jogadores jovens e ajudar a moldar o futuro do esporte. Existem várias funções diferentes que uma pessoa pode desempenhar nesse contexto, como treinador, preparador físico, scout, entre outros.

Para se tornar um treinador de categoria de base, é necessário ter conhecimentos técnicos e táticos do futebol, além de experiência em trabalhar com jovens jogadores. É importante estar sempre atualizado com as últimas tendências e metodologias de treinamento, e também ter habilidades de liderança e comunicação.

Além disso, convidamos para ouvir os episódios do nosso podcast onde discutimos temas relevantes sobre o desenvolvimento de jogadores jovens e sobre como trabalhar como profissional em categorias de base no futebol.

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Por que o Futsal ainda não é um Esporte Olímpico?

O futsal é, sem dúvidas, um dos esportes mais populares no Brasil e em todo o mundo. No entanto, muitos fãs sempre se perguntaram por que esse esporte, tão praticado e amado, não faz parte das Olimpíadas? Neste texto, vamos explicar alguns pontos importantes que podem te ajudar a entender melhor essa decisão do Comitê Olímpico Internacional (COI) e discutiremos se há perspectivas para o futsal se tornar um esporte olímpico no futuro.

Quais os critérios para um esporte se tornar olímpico? 

É importante ressaltar que a inclusão de um esporte nas Olimpíadas é uma decisão do COI, entidade essa que é composta por 206 Comitês Olímpicos Nacionais (CONs). Embora não existam critérios definitivos, o COI segue uma certa linha de raciocínio ao considerar a inclusão de um esporte no programa olímpico. Alguns dos critérios usados pelo COI incluem:

Organização internacional

Para o COI, é importante que o esporte tenha uma federação que supervisione a modalidade em todo o mundo, estabelecendo regras e organizando competições. No entanto, também é necessário que haja um acordo sólido entre o COI e a federação desse esporte em questão, para evitar conflitos de interesses.

Tradição

O COI valoriza a tradição do esporte em escala global. Embora o futsal tenha surgido em meados dos anos 30 no Uruguai, apenas em 1980 foi consolidado como um esporte amplamente conhecido ao redor do mundo. Portanto, aos olhos do comitê, o futsal não possui a mesma relevância histórica que outros esportes, como o atletismo e o futebol, por exemplo.

Proibições

Esportes que necessitam de propulsão mecânica são proibidos dos jogos olímpicos. Então, o automobilismo, apesar de ser considerado um esporte, não está dentro dos critérios para se participar das competições.

Acontece o mesmo com os dados “esportes mentais”, como o xadrez por exemplo. 

Conflitos de interesse

Um dos maiores obstáculos para o futsal se tornar um esporte olímpico é o fato de que a FIFA não abre mão de que a Copa do Mundo de Futsal, que ocorre no mesmo ano das Olimpíadas, seja realizada. Portanto, a FIFA acredita que a participação das seleções de futsal nas Olimpíadas em julho interfere no Mundial, que acontece no final de agosto, e, por essa razão, não faz esforços para incluir o esporte nas Olimpíadas. Para o COI, não interessa a inclusão do esporte, pois acreditam que isso poderia aumentar a visibilidade de um esporte organizado pela FIFA, e, dessa forma, a negociação não avança.

Isso não ocorre com o futebol, devido à sua ampla popularidade em comparação ao futsal, e a FIFA concorda em permitir apenas a participação de seleções sub-23, com a inclusão de 2 jogadores com maior idade.

Perspectivas para o Futuro

Apesar de todos os obstáculos, o futsal vem ganhando cada vez mais espaço e investimento ao redor do mundo. Em 2018, o futsal fez parte das Olimpíadas da Juventude, competição essa que é tratada como uma forma do COI testar um novo esporte em seu quadro de modalidades. Outra coisa que pode dar mais esperanças aos amantes do futsal é o futuro incerto do futebol no quadro olímpico. Portanto, o Comitê Olímpico Internacional já anunciou novas modalidades para as Olimpíadas de 2028, que acontecerão em Los Angeles, e o futsal não foi incluído. São elas: Flag Football, Squash, Críquete e Lacrosse.

Embora o futsal ainda não seja um esporte olímpico, sua história e popularidade continuam a crescer ao redor do mundo e a modalidade está a cada dia mais próxima de aparecer nas próximas edições das Olimpíadas. 

Por fim, apesar dos conflitos de interesses e criterios do COI impediram que o futsal já estivesse no quadro olimpico, há cada dia mais esperanças que essa situação possa ser revertida. A história e popularidade do futsal continuam a crescer ao redor do mundo e a modalidade está a cada dia mais próxima de aparecer nas próximas edições das Olimpíadas. 

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O momento psicológico do jogo

O “momento psicológico do jogo” é uma expressão bastante ouvida quando falamos de futebol. Embora seja de senso comum, o conceito é objeto de estudos na Psicologia e ajuda a explicar fenômenos relacionados à performance de atletas.

Você já ouviu algum atleta falar que dependendo do seu primeiro lance na partida, o desempenho dele pode melhorar ou piorar naquele jogo? Ou algum atleta que dá um drible genial e se sente confiante para uma finalização difícil?! Isso pode ter a ver com o momento psicológico.

O que é o momento psicológico e como ele influencia num jogo de futebol?

Definimos o momento psicológico como uma alteração positiva ou negativa nos aspectos cognitivos, emocionais, fisiológicos e comportamentais, causados por um evento ou uma série de eventos. Essa alteração pode resultar em uma mudança no desempenho e no resultado da competição.

Existem duas teorias mais difundidas sobre o Momento Psicológico:

  • Modelo Multidimensional (Multidimensional Model): é um modelo complexo, pois desdobra a análise da relação Momento Psicológico-performance em uma sequência de eventos;
  • Modelo Antecedente-consequência: modelo mais simples, do estilo causa e consequência.

Vamos explicar com mais detalhes os dois modelos acima.

Modelo Multidimensional

Segundo o modelo multidimensional, a relação entre momento psicológico e desempenho pode ser analisada como uma sequência de fatos. Tal sequência é desencadeada por uma reação a um evento ou a uma série de eventos precipitadores, por exemplo, quando um jogador recebe um passe de um companheiro (evento precipitador) e a melhor jogada que pode realizar nesse lance é driblar um adversário (reação ou resposta a esse acontecimento).

De acordo com essa resposta, o atleta faz uma avaliação do seu desempenho no lance como significativamente superior ou inferior às suas exigências no contexto da situação. O atleta avalia como positivo, se ele considerar sua performance no lance bem sucedida. Assim sendo, sentirá um aumento na autoconfiança, na emoção, na motivação, na atenção concentrada e na sensação de controle da jogada.

Dessa forma, ele se sente mais confiante, aumenta sua autoestima e seus músculos se enrijecem com maior intensidade. Essa mudança positiva influencia seu comportamento, ou seja, o jogador corre mais rápido e realiza a jogada com mais vigor e, consequentemente, melhora o seu desempenho.

Além do estado mental positivo do atleta em questão, o modelo também ressalta a importância do momento psicológico do adversário. Nesse sentido, caso o defensor esteja num momento psicológico negativo, há maior possibilidade de êxito do atacante na jogada. O momento psicológico negativo pode fazer com que o defensor hesite na tomada de decisão e perca tempo, ou vá sem tanta confiança e vigor na jogada. Em resumo, a teoria ressalta que para que o momento psicológico influencie mais no lance, é necessário que o atacante esteja num momento positivo e o defensor num momento negativo.

Modelo Antecedentes-consequência

Similarmente, o modelo antecedentes-consequências afirma que momento psicológico se refere à percepção do jogador no que concerne a sua performance quando progride em seu objetivo numa jogada. Isso ocorre, pois, no início do lance, ele obteve um aumento da motivação, da percepção de controle, do otimismo, da energia e do sincronismo de suas ações. Se o atleta não for bem-sucedido no início da jogada, há uma redução desses mesmos aspectos. Isso explica a ideia de alguns atletas verbalizarem indicando que seu desempenho durante a partida está condicionado aos seus primeiros lances.

O Modelo Antecedentes-consequências nos diz que variáveis situacionais que antecedem uma jogada podem afetar o momento psicológico. Em outras palavras, circunstâncias que antecedem uma jogada ou mesmo a maneira como uma jogada começa, por exemplo, com uma grande roubada de bola, podem melhorar o momento psicológico. Experienciar um momento positivo onde o atleta esteja se sentindo motivado, otimista, com bastante energia, tendo controle e sincronismo em suas ações, pode originar uma melhora na performance. Da mesma forma, uma diminuição na motivação, no otimismo, na energia, etc., resultando num momento negativo, pode ser extremamente prejudicial ao desempenho do jogador no lance.

É crucial ressaltar que esses modelos não são fechados, definitivos e exclusivos. Eles auxiliam didaticamente a compreensão do momento psicológico e sua influência na performance. Além disso, o momento psicológico não é o que determina o desempenho, mas sim um dos vários fatores neste cenário complexo. Outros aspectos psicológicos como ansiedade, estresse, satisfação no trabalho, dificuldade da tarefa, treinamento, apoio da torcida, e uma infinidade de outras variáveis influenciam no desempenho do jogador.

O momento psicológico do jogo e as estratégias

Sabendo da influência do momento psicológico no desempenho dos atletas, alguns treinadores utilizam estratégias que podem beneficiar sua equipe. Por exemplo, equipes que jogam numa proposta mais reativa são atacadas mais vezes durante um jogo. Comumente, há um entendimento de que quem é mais atacado está “sob pressão” ou situação vulnerável. No entanto, times reativos utilizam o discurso do “saber sofrer”, fazendo os atletas compreenderem que aquela situação faz parte do modelo de jogo. Nesse sentido, eles se sentem mais motivados quando são mais atacados (sem sofrer gol), porque compreendem que estão executando a estratégia proposta.

Similarmente, equipes que jogam com vantagem de gol(s) qualificado em jogos eliminatórios podem se preparar para partidas entendendo que sofrer gol não irá influenciar tanto no resultado. Dessa forma, os atletas podem jogar sem se abalar caso levem um gol.

Num âmbito individual não é raro observar diferença de comportamento e desempenho em jogadores de acordo com o momento psicológico numa partida. É o caso de jogadores que performam muito abaixo quando o time está perdendo, por exemplo. É importante observar esses detalhes, pois eles geram vulnerabilidades que o adversário pode se beneficiar.

Outro ponto comum são em jogos decisivos, onde alguns atletas mais jovens podem sentir maior influência do momento psicológico e performar mal por terem cometido algum erro em determinado momento da partida. Por exemplo, um jovem zagueiro que oferece um contra-ataque resultando em gol do adversário pode sentir negativamente o fato. Posteriormente ele poderá jogar excessivamente preocupado com o desempenho e acabar se desconcentrando na partida.

Como lidar com as influências do momento psicológico da partida?

Primeiramente, necessitamos que o atleta tenha um bom preparo psicológico. O treinamento de habilidades psicológicas ajuda a melhorar essas capacidades. Através dos métodos e técnicas do treinamento mental no futebol é possível ter um maior autocontrole, concentração e outras capacidades que auxiliam no controle emocional em momentos críticos. Por outro lado, é interessante aumentarmos a confiança do atleta após cada vantagem obtida, usando o momento psicológico de forma favorável.

No futebol de alto rendimento é necessário ter um alto nível de concentração na partida, eliminando distrações. Outro aspecto é conseguir lidar com alternâncias de placar, situações adversas e manter o controle. Dessa forma, podemos reduzir a influência negativa dos fatos do jogo.

O que aprendemos sobre o momento psicológico do jogo?

O Momento Psicológico no esporte é um conceito em desenvolvimento, mas que apresenta evidências científicas. No futebol existem várias “convenções empíricas”, ou seja, situações comuns percebidas pelos profissionais que ali trabalham, porém, carecem de explicações mais complexas e encaixadas. Nesse sentido, há campo para o desenvolvimento de estudos acerca deste tema.

No campo prático, observar a influência do momento psicológico numa partida de futebol pode contribuir para a elaboração de estratégias, aperfeiçoamento de deficiências inerentes a sistemas táticos ou modelos de jogo, bem como a potencialização destes. Simultaneamente, atletas que tomam consciência da influência do momento psicológico no seu desempenho podem ter melhores indicadores para treinar e analisar adequadamente sua performance.

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Referências e Links:

Excelência na produtividade: a performance dos jogadores de futebol profissional

How psychological momentum changes in athletes during a sport competition

Psychological Momentum: Why Success Breeds Success

Psychological Momentum within Competitive Soccer: Players’ Perspectives

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Matheus Padilha Abrantes Reis
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Modelo de Jogo no Futebol: o que é e para que serve?

Este texto abordará o que é modelo de jogo no futebol e complementa a publicação sobre periodização tática, feita anteriormente. Aliás, se você quiser saber mais sobre o assunto, também publicamos um texto que apresenta a importância dos fractais na periodização tática. Assim, a primeira questão que o treinador precisa desenvolver para iniciar a Periodização Tática é a criação de um Modelo de Jogo no futebol. Esse modelo norteará os treinamentos e a competição.

O que é Modelo de Jogo no futebol?

Fonte: criado pelo autor.

Primeiramente, citaremos o entendimento do próprio Prof. Vitor Frade acerca do assunto, em entrevista:

“Portanto, para mim, modelo é o que existe em termos estruturais e funcionais, que proporciona que regularmente uma equipa se identifique como equipa. Que mesmo quando você mete umas camisolas da cor “do burro quando foge” ao ela estar a jogar mal você diz: “Não, este é o Barcelona”. O modelo é este lado, esta evidência empírica.”

O Modelo de Jogo no futebol, em síntese, é a “descrição do jogar” da equipe. Ou seja, está no imaginário do técnico. Portanto, será a maneira como ele idealiza que os jogadores desta equipe se comportem em cada momento do jogo, como interajam entre si para solucionar os problemas que aparecem durante a partida, etc.

Modelo de jogo ideal vs concepção de jogo.

O Modelo de Jogo, também chamado de Modelo de Jogo Ideal, será o norteador da equipe nos treinos e competições. Segundo o livro de Israel Teoldo, se o futebol se joga por conceitos, é o modelo de jogo que dá ou retira significados a esses conceitos, que os agrega ou separa.

Assim como vimos acima, o Modelo está presente na cabeça do treinador, tendo, a sua disposição, um cenário perfeito, com os melhores jogadores do mundo, semanas inteiras para treinar, condições ótimas de treinamento, etc. Porém, isso nunca será possível. Dessa forma, a Concepção de Jogo ou Modelo de Jogo Adaptado será a forma como o técnico prevê que a equipe jogue, mas considerando os itens a seguir:

  • Característica dos jogadores;
  • Cultura do clube;
  • Cultura da região;
  • Estrutura do clube;
  • Pretensões do clube nas competições que há de disputar;
  • Ideia de jogo do treinador.

Portanto, após o técnico ter criado um estilo de jogo “perfeito” (Modelo de Jogo), ele irá adequá-lo às condições citadas acima (Concepção de Jogo). Segundo Israel Teoldo, a concepção de jogo é influenciada pelo modelo de jogo ideal e, simultaneamente, condicionada por vários constrangimentos.

Mas, por que “modelar o jogo”?

Ora, já sabemos acerca da complexidade do jogo de Futebol e que, como tal, precisa ser tratado com olhares sistêmicos. Então, partindo disso, como criamos parâmetros para que os jogadores compreendam o jogar a que se pretende e consigam sintonia coletiva? Para responder, vamos nos aproveitar do trecho de Lê Moigne citado em “Abordagem sistêmica do jogo de futebol: moda ou necessidade?”: 

“Se pretendemos construir a inteligibilidade de um sistema complexo, devemos modelá-lo.” Ou seja, precisamos criar modelos que possam ser compreendidos pelos jogadores, de modo que eles reproduzam determinados padrões no jogo.

As duas características principais ao modelá-lo são:

Unicidade

Não existe um modelo genérico, pois o jogo é complexo e há todo um contexto, também complexo, ao seu entorno. Portanto, cada modelo é único, sem a possível aplicação do mesmo em diferentes locais e momentos. 

Pense com você mesmo: sempre teremos à disposição a mesma estrutura, os mesmos jogadores e objetivos iguais? Todos os clubes e cidades possuem a mesma cultura? Bom, assim você consegue entender a tal da unicidade que citamos. Aliás, nem no mesmo clube, na mesma temporada, mas em alturas diferentes desta, teremos sucesso com um mesmo modelo, mas esse é um assunto para o próximo tópico.

Sem fim em si mesmo

Primeiro, há o costume de se falar que um modelo não tem fim em si mesmo. Mas o que isso quer dizer? Significa que não é fechado, sendo suscetível a otimizações e adaptações. E tudo isso se deve a influência do tempo, já que, por exemplo, as pretensões do clube podem variar ao longo da competição, assim como nem sempre todos os jogadores estarão disponíveis. Além desses fatores também existe a busca constante pelo melhor “ajuste” possível (otimização). 

Cabe aqui citar outro trecho da entrevista do Prof. Vitor Frade: “o modelo é qualquer coisa que não existe em lado nenhum, todavia eu procuro encontrá-lo”.

Enfim, não existe um molde genérico, um modelo aplicável em diferentes contextos e cenários, afinal, falamos de um jogo complexo sob a influência do tempo.

O modelo de jogo na Periodização Tática

A tática, representada pelo Modelo de Jogo, é tida como uma “supradimensão” da Periodização Tática. Mas o que isso quer dizer? Ora, que as demais dimensões (técnica, física e mental/psicológica) são levadas de arraste ao se treinar a dimensão tática. Ou seja, quando treinamos o jogar, tomando em consideração o que queremos propor como Modelo de Jogo, acabamos também treinando indiretamente as demais vertentes. 

Da mesma forma que o citado antes, Mourinho, no livro Porquê de tantas vitórias, deixa isso claro ao mencionar que sua preocupação desde o primeiro dia de treinamento é fazer com que a equipe possua um conjunto de princípios que deem organização a ela (equipe), e as preocupações técnicas, físicas e psicológicas surgem por arrastamento.

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Chrístopher Kilpp Suhre
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Roberto Augusto Lazzarotto Pereira
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O efeito da idade relativa no futebol

Muitos pontos interferem para um jovem conseguir ou não ser jogador de futebol. Questões técnicas, táticas, mentalidade, valências físicas, parte cognitiva, entre outros, são atributos que vão influenciar na carreira do jogador. E um aspecto que está muito interligado com tudo isso é a idade relativa no futebol. Mas, afinal, o que é idade relativa no futebol?

O que é a idade relativa?

Existem muitos fatores que contribuem para que o jogador possa chegar ao topo e viver como profissional de futebol. Um desses fatores é a idade relativa. A idade relativa no futebol aponta que, os jogadores nascidos no primeiro semestre do ano, têm mais condições e perspectivas de ter sucesso em comparação aos nascidos no segundo semestre. Em outras palavras, dois jogadores podem ter nascido no mesmo ano, mas são separados por 11 meses, por exemplo. Isto é, o jogador que nasceu primeiro pode desenvolver competências físicas, motoras e psicológicas antes do jogador que nasceu depois.

Como os times de base do futebol estão organizados por ano de nascimento, esses mesmos jogadores são colocados na mesma equipe, competindo diretamente entre si. Isso prejudica os nascidos no segundo semestre — que ainda não desenvolveram algumas capacidades, mas podem ter tanto ou mais talento do que os outros. Isso é a idade relativa no futebol.

Segundo o estudo do Portugal Football Observatory,  “o desenvolvimento desportivo dos jovens é complexo e altamente individual, afetado por fatores em constante mudança, tais como o crescimento físico, a maturação biológica e o desenvolvimento comportamental. Consequentemente, a idade desempenha um papel fundamental neste processo. Isso porque, os jovens atletas são agrupados em times onde os nascidos mais cedo podem apresentar vantagens na participação e no desempenho desportivo, em comparação aos jovens nascidos mais tarde. Esta vantagem, quando existente, é denominada efeito da idade relativa”.

A idade relativa pode ser dividida em:

Trimestres:

  • 1º Trimestre – Janeiro a Março;
  • 2º Trimestre – Abril a Junho;
  • 3º Trimestre – Julho a Setembro;
  • 4º Trimestre – Outubro a Dezembro

Ou semestres:

  • 1º Semestre – Janeiro a Junho;
  • 2º Semestre – Julho a Dezembro.

Luís Castro, ex treinador do FC Porto e Shakhtar Donetsk, também tem opinião sobre o assunto:

“Tem de haver muita atenção da parte de todos para percebermos exatamente o que cada jogador precisa quando está aquém dos outros nessa dimensão física. Muitas vezes isso não acontece na dimensão psicológica, técnica ou tática, mas esses 11 meses de diferença entre um jogador e outro podem ser decisivos para a opção do seu treinador e para opções futuras de continuidade no clube”.

A influência da idade relativa no recrutamento de jogadores

Também, no recrutamento de jogadores, a idade relativa apresenta uma significativa importância, sobretudo no que se trata dos escalões mais jovens. Isto porque os jogadores que nasceram nos primeiros 6 meses (1º semestre do ano), podem apresentar uma maior maturação não só em termos físicos, mas, também, a níveis psicológicos. Isso permite que estes se destaquem dos colegas de equipe e chamem a atenção dos scouts.

No entanto, não é regra que um jogador nascido no 1º semestre atinja a maturação primeiro do que aqueles nascidos no final do ano. Temos o exemplo do Antoine Griezmann, nascido em março e, apesar de mostrar qualidades técnicas desde cedo, a sua maturação física tardou. Isso fez com que muitos clubes franceses, onde ele foi realizar testes, recusassem-no. Mas, um scout da Real Sociedad, vendo que o jogador tinha essas qualidades e que podia se maturar fisicamente mais tarde, acabou por acreditar no potencial do francês.

Consequências da idade relativa no futebol

A idade relativa no futebol tem algumas consequências negativas sob os jovens jogadores nascidos no segundo semestre do ano. Isso pode criar neles uma percepção negativa sobre si próprios, em comparação aos que nasceram até junho. Ou seja, poderão ter em mente que estão um passo atrás dos jovens nascidos antes, o que as vezes acarreta numa desmotivação. Assim, esta falta de confiança e descrença nas capacidades pode levar ao abandono do esporte, visto que existe uma maior taxa de desistências em jogadores que nasceram após junho, devido ao efeito da idade relativa nos times sub-9, sub-11, sub-13 e sub-15.

Portanto, os jogadores nascidos no 1º semestre do ano poderão ter mais vantagens na prática desportiva, ao invés dos nascidos nos dois últimos trimestres do ano. Estas vantagens se revelam, sobretudo, no que diz respeito ao desenvolvimento das capacidades físicas e motoras, permitindo aos atletas nascidos até junho evidenciarem um desenvolvimento mais acentuado, em comparação aos atletas do mesmo ano de nascimento.

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O fisiologista no futebol e os treinos semanais

O fisiologista possui um papel fundamental na construção da dinâmica de cargas em uma semana de treinamento no futebol, seja a semana com um ou mais jogos. Como discutido em textos anteriores, quantificar, monitorar e controlar as cargas dos atletas são funções inerentes ao fisiologista. No entanto, além dessas funções, o fisiologista auxilia a preparação física e a comissão técnica no planejamento de cargas que serão impostas em cada dia da semana.  Nesse texto, discutiremos como o ocorre essa relação entre preparação física e fisiologia no planejamento de treinos em cada dia da semana.

Cargas de trabalho e os dias da semana

As cargas de treino no futebol variam conforme os dias da semana. Consideramos dois fatores para selecionar o que devemos trabalhar em cada dia da semana, são eles: o dia do jogo anterior e o dia do próximo jogo. Assim, selecionamos os dias em que as cargas serão de recuperação, manutenção ou aquisição.

Na imagem abaixo vamos observar a dinâmica de cargas em duas situações. Em primeiro lugar, consideraremos uma semana cheia para treinamentos, com jogos apenas nos finais de semana. Em segundo lugar, exemplificaremos a semana com menos treinos, pois há dois jogos nesse período, sendo um no final de semana e outro no meio da semana.

Fonte: criado pelo autor

Podemos perceber que existe uma diferença entre a natureza das cargas de treino considerando essas duas situações. Neste sentido, o fisiologista tem o papel de determinar o volume e intensidade de cada dia de treino, buscando obter um ótimo nível de performance e recuperação dos atletas.

Fisiologista e as capacidades físicas

Além do volume e intensidade das sessões, no microciclo são selecionadas as capacidades físicas que devemos enfatizar em cada treino com natureza aquisitiva. Por exemplo, é comum fragmentar as sessões de aquisição em força, resistência e velocidade. Dessa forma, o fisiologista deve monitorar os atletas para entender se as exigências de carga externa atingiram o planejado para cada um deles, nos diferentes dias. Em casos de não obtenção do planejado, algumas decisões são tomadas, buscando realizar exercícios que são complementos físicos para atingir aquilo que foi estipulado.

Na imagem abaixo observamos os dias de treino e as capacidades físicas que são enfatizadas conforme o jogo anterior e próximo jogo. No primeiro gráfico há somente jogos aos domingos, já no segundo gráfico há jogos tanto nos finais de semana como no meio de semana. Como podemos observar, em cada dia da semana é visado uma capacidade física diferente. Além disso, as cargas variarão conforme o número de jogos na semana.

Fonte: Artigo publicado em 2020

Fisiologista no futebol

Por fim, o fisiologista deve ser figura presente no planejamento semanal das equipes de futebol. Sua presença no planejamento dos treinos irá auxiliar os preparadores físicos e treinadores. Como resultado, isso se refletirá na recuperação dos atletas, na manutenção do estado ótimo de desempenho e na redução do número de lesões na equipe. Isso porque a aplicação correta das cargas de treinos diárias podem “proteger” os atletas de situações de alto risco durante a temporada competitiva.

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Uma viagem pelos encantos do maior torneio de futebol do mundo

A Copa do Mundo, um dos eventos esportivos mais aguardados e assistidos globalmente, une nações em uma competição fervorosa pelo título de campeão mundial. Além dos emocionantes momentos e jogadas incríveis, esta celebração do futebol revela uma série de curiosidades cativantes que enriquecem a experiência dos fãs. Neste artigo, embarcaremos em uma jornada desde as seleções mais vitoriosas até os mascotes icônicos que marcaram edições passadas.

As seleções que elevaram o troféu: Uma história de conquistas

Alguns países se destacam de maneira ímpar por sua rica história de sucesso na Copa do Mundo. O Brasil lidera o pódio, ostentando um impressionante total de cinco títulos conquistados, seguido de perto pela Alemanha, com quatro. A Itália, com sua tradição futebolística rica, e Argentina e Uruguai, com suas performances memoráveis, compartilham a distinção de terem levantado a cobiçada taça em quatro, três e dois triunfos, respectivamente.

Estádios imortais: O palco de emoções inesquecíveis

A Copa do Mundo é uma odisseia que percorre diferentes nações, e a cada edição, estádios icônicos se tornam testemunhas privilegiadas de grandes confrontos. O lendário Maracanã, no Rio de Janeiro, escreveu seu nome na história ao sediar não apenas uma, mas duas finais de Copa do Mundo. Outros palcos grandiosos incluem o Estádio Azteca, na Cidade do México, e o majestoso Estádio Wembley, em Londres, que continuam a reverberar com as emoções dos momentos épicos que testemunharam.

Jogadas que desafiaram a lógica: Memórias de genialidade no gramado

A magia da Copa do Mundo reside não apenas nos títulos, mas nas jogadas que desafiam a lógica e transcendem o comum. Em 1986, Diego Maradona eternizou-se ao marcar um gol com a mão, conhecido como “A mão de Deus”, durante o jogo contra a Inglaterra. Outra obra-prima memorável foi o gol de Zinedine Zidane na final de 1998, quando ele, com habilidade única, marcou um gol de cabeça que ecoa na memória dos apaixonados por futebol.

Estreantes que deixaram sua marca: Surpresas e emoções à flor da pele

A cada edição, a Copa do Mundo abre as portas para novas aspirações, permitindo que seleções façam suas estreias e, por vezes, surpreendam o mundo. Em 2018, a Islândia fez história ao alcançar as quartas de final em sua primeira participação, demonstrando que o palco mundial é um terreno fértil para surpresas. 

Ao longo dos anos, seleções novatas como Croácia, Eslováquia e Bósnia e Herzegovina não apenas contribuíram para a rica tapeçaria de histórias emocionantes que a Copa do Mundo tece a cada edição, mas também se tornaram alvos intrigantes para os entusiastas das apostas esportivas. 

Além de ser uma experiência emocionante para os fãs, esse fenômeno também tem atraído a atenção das melhores casas de apostas online, que proporcionam aos torcedores a oportunidade de apostar nas performances impressionantes dessas seleções estreantes.

Mascotes que cativam corações: Personagens encantadores da competição

Desde 1966, a Copa do Mundo adiciona um toque de diversão e identidade a cada edição com seus mascotes encantadores. O pioneiro Willie, um leão na Copa do Mundo da Inglaterra, abriu caminho para uma tradição que inclui Naranjito, a laranja da Espanha em 1982, e Fuleco, o tatu-bola do Brasil em 2014. Esses personagens não apenas simbolizam a edição do torneio, mas também se tornam queridos pelos fãs, agregando um elemento de nostalgia a cada Copa do Mundo.

A copa do mundo: Um espetáculo global de paixão e diversidade

A magnitude da Copa do Mundo transcende as fronteiras do campo de jogo. É uma celebração que desperta paixão e emoção em milhões de pessoas ao redor do mundo. Com seleções vitoriosas, estádios icônicos, jogadas memoráveis, estreias emocionantes e mascotes cativantes, o torneio se torna um verdadeiro espetáculo esportivo. 

A cada quatro anos, os fãs de futebol se reúnem para não apenas torcer por suas seleções favoritas, mas para testemunhar a criação de momentos históricos que enriquecem a narrativa global do esporte. A Copa do Mundo é mais do que um torneio; é uma celebração do futebol e da diversidade cultural que une nações em uma jornada inesquecível.

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Transição do Futsal para o Futebol

Há algumas semanas constatamos que sim, é possível transferir habilidades motoras de um esporte coletivo para outro – em nosso caso, será a transição do Futsal para o Futebol –, desde que o professor responsável tenha um programa de treinamento bem-planejado e centrado, intencionalmente, no objetivo da transferência.

Vimos também que, além das habilidades motoras específicas do Futsal, é importante que o futuro atleta vivencie sessões de treinamento que englobe experiências com outros esportes coletivos.

Faixas etárias para a transição do futsal para o futebol

Nesse sentido, para melhor sistematizar o anteposto, apresentaremos quatro fases fundamentais nesse texto para a formação do atleta e, além disso, evidenciaremos um processo de progressão quanto à transição do atleta de Futsal para o Futebol.

Fase Universal (6 – 12 anos)

  • Periodicidade: no máximo três vezes por semana, com duração de 60 minutos por aula.

É a fase mais ampla e rica do processo de formação esportiva. Aqui a criança se encontra com as habilidades básicas de locomoção, manipulação e estabilização em refinamento progressivo. Como resultado, pode participar de um número maior e mais complexo de atividades motoras.

Nesta fase, o jogo é um elemento didático-pedagógico que deverá acompanhar as características evolutivas da criança, especialmente no que refere à sua maturidade, evolução psicológica e cognitivo-social. Além disso, as crianças devem começar a identificar os objetivos gerais dos esportes coletivos, nos momentos de defesa e ataque.

Assim, dos 6 aos 12 anos, é necessário desenvolver o máximo capacidades motoras e coordenativas de uma forma geral. Dessa forma, a criança terá uma base ampla e variada de movimentos.

Ainda assim, ocorre um desenvolvimento acentuado nos aspectos cognitivos e físicos que, somados aos fatores culturais, favorecerão a criança a utilizar suas habilidades dentro de estruturas esportivas mais definidas. É nessa fase que devemos inserir o atleta no ambiente competitivo, com adaptações estruturais e funcionais para o melhor desempenho das crianças de acordo com suas necessidades.

Podemos dividir esta fase em dois períodos: período geral (6 – 9 anos); e período das habilidades específicas (10 – 12 anos). Portanto, se tratando do nosso objetivo de haver transição de habilidades do Futsal para o Futebol, tanto no período geral quanto no período das habilidades específicas, os treinos devem ocorrer dentro do ambiente competitivo do Futsal.

Fase de Orientação (11 – 14 anos)

  • Periodicidade: três encontros semanais, com duração entre 60 e 90 minutos por treino.

Esta fase tem início por volta dos 11-12 anos e abrange até os 13-14 anos. É nesse momento que começa a ocorrer a automatização de grande parte dos movimentos, liberando a atenção do praticante para a percepção de outros estímulos que ocorram simultaneamente à ação realizada.

Nessa mesma linha, nas regras de determinada modalidade, o professor deverá buscar junto aos alunos o aperfeiçoamento do movimento, a fim de melhor as respostas motoras. Ainda através do jogo, precisamos incentivar a criança a desenvolver, aprender e aplicar técnicas de movimento específicas do esporte.

Vale ressaltar que o jogo, seja qual for sua forma de organização (jogos de iniciação, pré-desportivos, grandes jogos, jogos recreativos, entre outros), apesar de serem recreativo, devem possuir um alto valor educativo, pois, dessa forma, serão estabelecidas as bases para ações inteligentes.

Por fim, nesta fase, os treinos de Futsal devem ocorrer duas vezes por semana e no Futebol, uma vez por semana.

Fase de Direção (13 – 16 anos)

  • Periodicidade: três encontros semanais, com duração, no máximo, de 90 minutos por treino.

Nesta fase o objetivo principal é a transmissão e aplicação de regras gerais das ações táticas específicas do esporte. Desse modo, as técnicas são trabalhadas em situações representadas em forma de exercícios, onde a requisição da técnica seja variada, nos seus parâmetros de execução e aplicação.

Da mesma forma, os alunos deverão aprender a realizar, com muita velocidade, a transição entre os momentos o jogo de Futebol e Futsal, ou seja, uma vez perdida a bola no ataque, a equipe deve se reorganizar na defesa imediatamente. Ao contrário, uma vez que se recupere uma bola na defesa, ela deve chegar ao campo ofensivo com muita velocidade.

Ainda sobre isso, as aulas devem prever um aumento do conhecimento declarativo (verbalizado, teórico) dos alunos, tanto do Futebol como Futsal.

Ao final desta fase, o atleta conseguirá optar pelo Futsal ou Futebol. Então, na próxima fase, o jogador deverá se especializar no esporte que escolher.

Em conclusão, nesta fase, os treinos de Futsal devem ocorrer uma vez por semana e, no Futebol, duas vezes por semana.

Fase de Especialização (15 – 18 anos)

  • Periodicidade: cerca de três vezes na semana, com 90 a 120 minutos de duração cada treino.

Esta fase abrange dos 15-16 anos até os 17-18 anos de idade. É o momento do atleta concretizar a especialização na transição do Futsal para o Futebol.

A base motora multilateral, o desenvolvimento ósseo e a estatura são consolidados; é quando o atleta suporta maiores cargas de treino e competições, com a definição das habilidades para o Futebol. Nesse sentido, as sessões de treino devem objetivar o aperfeiçoamento e otimização do potencial tático.

Porém, ressaltamos que o potencial tático nada tem a ver padrões rígidos de movimentações, visto que a previsibilidade se opõe à natureza do jogo de Futebol.

Todos os treinos da semana devem ser de Futebol.

O que aprendemos sobre a transição do futsal para o futebol?

Do ponto de vista da transição de habilidades motoras do Futsal para o Futebol, acreditamos ser de fundamental importância os professores considerarem as fases expostas. Na literatura especializada em Pedagogia do Esporte, encontramos diferentes nomenclaturas para as fases, no entanto, o conteúdo, segundo a idade se assemelha nas diferentes propostas. Por fim, obedecer um sistema de treinamento esportivo facilita o processo de avaliação e realinhamento do projeto. Portanto, uma base teórica sólida é fundamental para os profissionais que almejam êxito na transição do Futsal para o Futebol.

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Referências e links

Contato do Autor:
Tássio Sardinha
E-mail: tassiosardinha@gmail.com
Instagram: @tsardinha1

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