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A educação física escolar e o futsal

A educação física escolar é pautada na construção do conhecimento científico, visando promover um estilo de vida saudável com reflexões acerca da cultura corporal (lutas, ginástica, esporte, dança, jogos, etc). Desse modo, dentre os conteúdos abordados, o futsal é um dos que mais sobressai, pela facilidade ao acesso de sua prática na escola.

Se tratando de futsal, sabemos que há diferenças das suas abordagens nas escolas para o ensino em clubes e/ou escolinhas. No esporte de rendimento, o que prevalece são os resultados e o melhor desempenho, caracterizando um treinamento tático, técnico, físico e psicológico. Já o esporte educacional visa a formação do indivíduo em sua totalidade cognitiva, sócio-afetivo e motor, promovendo criticidade e autonomia sobre os valores de cooperação e união, por exemplo.

Entretanto, há uma visão errônea de que, nas aulas de educação física, o futsal se caracteriza por: meninos “correndo atrás da bola”, enquanto as meninas permanecem no voleibol.

Como o professor (a) pode planejar o conteúdo de futsal?

De antemão, o professor precisa ter claro os objetivos de ensino sobre a modalidade. Diagnosticar a realidade das turmas, planejar, avaliar e construir as características da prática do futsal na escola. Para isso é necessário respondermos algumas perguntas:

  • Quais seriam estas características?
  • Como os alunos aprendem as modalidades?
  • Quais temas podem ser introduzidos nas discussões em aula?

Todas essas respostas dependem da metodologia de ensino proposta pelo professor(a).

Os jogos recreativos, cooperativos, adaptados conforme a faixa etária e a realidade dos alunos favorecem a compreensão da modalidade específica, permitindo a apropriação do conhecimento sobre os nomes das posições e funções de cada uma. Vivenciar e saber a função do goleiro, alas direito e esquerdo, fixos e pivôs, permite compreender as múltiplas funções fundamentais para o desempenho do jogo.

Do mesmo modo, é necessária uma abordagem pedagógica em que os alunos(as) identifiquem no futsal, atitudes de integração, respeito, saber ganhar e saber perder. Bem como, possibilitar uma modalidade para todos praticarem, inclusive meninas, que muitas vezes são excluídas desta modalidade.

Dessa forma, é possível criar um ambiente de socialização e reflexões sobre esta exclusão citada acima, a qual se torna recorrente nas modalidades coletivas. Alguns questionamentos podem ser levantados, como: todos jogam futsal? Meninos e meninas podem jogar juntos? Pequenos jogos mistos, leituras sobre o tema e modificações de regras adaptadas para a turma podem auxiliar na construção de um novo pensamento sobre a prática.

E qual o objetivo da Educação Física escolar?

A educação física escolar deve formar atletas ou cidadãos críticos que apreciem a modalidade e tenham uma prática regular?

O processo escolar deve prevalecer a conscientização do valor educativo do esporte, refletindo suas ações de exclusão, por exemplo, na qual somente quem tem talento o pratica, ou que o futsal não é para meninas. No entanto, também cabe ao profissional incentivar os talentos e encaminhá-los para clubes e/ou escolinhas. Em outras palavras, a escola e o professor(a) são mediadores na descoberta de talentos neste espaço.  

Contudo, nas aulas práticas é importante ressaltarmos a coragem e a confiança do aluno que está jogando, visto que isso reforçá a segurança do mesmo ao executar a atividade. Além disso, o planejamento deve ter uma interação entre os comportamentos: cognitivo, afetivo e psicomotor. Isso porque, durante a prática o aluno utiliza os movimentos específicos e a técnica da modalidade (psicomotor), além de que o jogo necessita de resolução de problemas (cognitivo) e interação com os colegas, arbitragem, adversários, sobressaindo o respeito (sócio afetivo).  

Em suma, o professor deve ter definido os objetivos e qual a metodologia mais adequada para apropriação do conhecimento que irá utilizar. Portanto, as aulas devem ser organizadas conforme a realidade social, faixa etária e desenvolvimento cognitivo da turma. Vivências práticas contextualizadas e reflexões sobre gênero são importantes no processo ensino-aprendizagem.

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Fontes e Referências

Coletivo de autores

Futsal & Futebol: bases metodológicas

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Por que o Futsal ainda não é um Esporte Olímpico?

O futsal é, sem dúvidas, um dos esportes mais populares no Brasil e em todo o mundo. No entanto, muitos fãs sempre se perguntaram por que esse esporte, tão praticado e amado, não faz parte das Olimpíadas? Neste texto, vamos explicar alguns pontos importantes que podem te ajudar a entender melhor essa decisão do Comitê Olímpico Internacional (COI) e discutiremos se há perspectivas para o futsal se tornar um esporte olímpico no futuro.

Quais os critérios para um esporte se tornar olímpico? 

É importante ressaltar que a inclusão de um esporte nas Olimpíadas é uma decisão do COI, entidade essa que é composta por 206 Comitês Olímpicos Nacionais (CONs). Embora não existam critérios definitivos, o COI segue uma certa linha de raciocínio ao considerar a inclusão de um esporte no programa olímpico. Alguns dos critérios usados pelo COI incluem:

Organização internacional

Para o COI, é importante que o esporte tenha uma federação que supervisione a modalidade em todo o mundo, estabelecendo regras e organizando competições. No entanto, também é necessário que haja um acordo sólido entre o COI e a federação desse esporte em questão, para evitar conflitos de interesses.

Tradição

O COI valoriza a tradição do esporte em escala global. Embora o futsal tenha surgido em meados dos anos 30 no Uruguai, apenas em 1980 foi consolidado como um esporte amplamente conhecido ao redor do mundo. Portanto, aos olhos do comitê, o futsal não possui a mesma relevância histórica que outros esportes, como o atletismo e o futebol, por exemplo.

Proibições

Esportes que necessitam de propulsão mecânica são proibidos dos jogos olímpicos. Então, o automobilismo, apesar de ser considerado um esporte, não está dentro dos critérios para se participar das competições.

Acontece o mesmo com os dados “esportes mentais”, como o xadrez por exemplo. 

Conflitos de interesse

Um dos maiores obstáculos para o futsal se tornar um esporte olímpico é o fato de que a FIFA não abre mão de que a Copa do Mundo de Futsal, que ocorre no mesmo ano das Olimpíadas, seja realizada. Portanto, a FIFA acredita que a participação das seleções de futsal nas Olimpíadas em julho interfere no Mundial, que acontece no final de agosto, e, por essa razão, não faz esforços para incluir o esporte nas Olimpíadas. Para o COI, não interessa a inclusão do esporte, pois acreditam que isso poderia aumentar a visibilidade de um esporte organizado pela FIFA, e, dessa forma, a negociação não avança.

Isso não ocorre com o futebol, devido à sua ampla popularidade em comparação ao futsal, e a FIFA concorda em permitir apenas a participação de seleções sub-23, com a inclusão de 2 jogadores com maior idade.

Perspectivas para o Futuro

Apesar de todos os obstáculos, o futsal vem ganhando cada vez mais espaço e investimento ao redor do mundo. Em 2018, o futsal fez parte das Olimpíadas da Juventude, competição essa que é tratada como uma forma do COI testar um novo esporte em seu quadro de modalidades. Outra coisa que pode dar mais esperanças aos amantes do futsal é o futuro incerto do futebol no quadro olímpico. Portanto, o Comitê Olímpico Internacional já anunciou novas modalidades para as Olimpíadas de 2028, que acontecerão em Los Angeles, e o futsal não foi incluído. São elas: Flag Football, Squash, Críquete e Lacrosse.

Embora o futsal ainda não seja um esporte olímpico, sua história e popularidade continuam a crescer ao redor do mundo e a modalidade está a cada dia mais próxima de aparecer nas próximas edições das Olimpíadas. 

Por fim, apesar dos conflitos de interesses e criterios do COI impediram que o futsal já estivesse no quadro olimpico, há cada dia mais esperanças que essa situação possa ser revertida. A história e popularidade do futsal continuam a crescer ao redor do mundo e a modalidade está a cada dia mais próxima de aparecer nas próximas edições das Olimpíadas. 

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Transição do Futsal para o Futebol

Há algumas semanas constatamos que sim, é possível transferir habilidades motoras de um esporte coletivo para outro – em nosso caso, será a transição do Futsal para o Futebol –, desde que o professor responsável tenha um programa de treinamento bem-planejado e centrado, intencionalmente, no objetivo da transferência.

Vimos também que, além das habilidades motoras específicas do Futsal, é importante que o futuro atleta vivencie sessões de treinamento que englobe experiências com outros esportes coletivos.

Faixas etárias para a transição do futsal para o futebol

Nesse sentido, para melhor sistematizar o anteposto, apresentaremos quatro fases fundamentais nesse texto para a formação do atleta e, além disso, evidenciaremos um processo de progressão quanto à transição do atleta de Futsal para o Futebol.

Fase Universal (6 – 12 anos)

  • Periodicidade: no máximo três vezes por semana, com duração de 60 minutos por aula.

É a fase mais ampla e rica do processo de formação esportiva. Aqui a criança se encontra com as habilidades básicas de locomoção, manipulação e estabilização em refinamento progressivo. Como resultado, pode participar de um número maior e mais complexo de atividades motoras.

Nesta fase, o jogo é um elemento didático-pedagógico que deverá acompanhar as características evolutivas da criança, especialmente no que refere à sua maturidade, evolução psicológica e cognitivo-social. Além disso, as crianças devem começar a identificar os objetivos gerais dos esportes coletivos, nos momentos de defesa e ataque.

Assim, dos 6 aos 12 anos, é necessário desenvolver o máximo capacidades motoras e coordenativas de uma forma geral. Dessa forma, a criança terá uma base ampla e variada de movimentos.

Ainda assim, ocorre um desenvolvimento acentuado nos aspectos cognitivos e físicos que, somados aos fatores culturais, favorecerão a criança a utilizar suas habilidades dentro de estruturas esportivas mais definidas. É nessa fase que devemos inserir o atleta no ambiente competitivo, com adaptações estruturais e funcionais para o melhor desempenho das crianças de acordo com suas necessidades.

Podemos dividir esta fase em dois períodos: período geral (6 – 9 anos); e período das habilidades específicas (10 – 12 anos). Portanto, se tratando do nosso objetivo de haver transição de habilidades do Futsal para o Futebol, tanto no período geral quanto no período das habilidades específicas, os treinos devem ocorrer dentro do ambiente competitivo do Futsal.

Fase de Orientação (11 – 14 anos)

  • Periodicidade: três encontros semanais, com duração entre 60 e 90 minutos por treino.

Esta fase tem início por volta dos 11-12 anos e abrange até os 13-14 anos. É nesse momento que começa a ocorrer a automatização de grande parte dos movimentos, liberando a atenção do praticante para a percepção de outros estímulos que ocorram simultaneamente à ação realizada.

Nessa mesma linha, nas regras de determinada modalidade, o professor deverá buscar junto aos alunos o aperfeiçoamento do movimento, a fim de melhor as respostas motoras. Ainda através do jogo, precisamos incentivar a criança a desenvolver, aprender e aplicar técnicas de movimento específicas do esporte.

Vale ressaltar que o jogo, seja qual for sua forma de organização (jogos de iniciação, pré-desportivos, grandes jogos, jogos recreativos, entre outros), apesar de serem recreativo, devem possuir um alto valor educativo, pois, dessa forma, serão estabelecidas as bases para ações inteligentes.

Por fim, nesta fase, os treinos de Futsal devem ocorrer duas vezes por semana e no Futebol, uma vez por semana.

Fase de Direção (13 – 16 anos)

  • Periodicidade: três encontros semanais, com duração, no máximo, de 90 minutos por treino.

Nesta fase o objetivo principal é a transmissão e aplicação de regras gerais das ações táticas específicas do esporte. Desse modo, as técnicas são trabalhadas em situações representadas em forma de exercícios, onde a requisição da técnica seja variada, nos seus parâmetros de execução e aplicação.

Da mesma forma, os alunos deverão aprender a realizar, com muita velocidade, a transição entre os momentos o jogo de Futebol e Futsal, ou seja, uma vez perdida a bola no ataque, a equipe deve se reorganizar na defesa imediatamente. Ao contrário, uma vez que se recupere uma bola na defesa, ela deve chegar ao campo ofensivo com muita velocidade.

Ainda sobre isso, as aulas devem prever um aumento do conhecimento declarativo (verbalizado, teórico) dos alunos, tanto do Futebol como Futsal.

Ao final desta fase, o atleta conseguirá optar pelo Futsal ou Futebol. Então, na próxima fase, o jogador deverá se especializar no esporte que escolher.

Em conclusão, nesta fase, os treinos de Futsal devem ocorrer uma vez por semana e, no Futebol, duas vezes por semana.

Fase de Especialização (15 – 18 anos)

  • Periodicidade: cerca de três vezes na semana, com 90 a 120 minutos de duração cada treino.

Esta fase abrange dos 15-16 anos até os 17-18 anos de idade. É o momento do atleta concretizar a especialização na transição do Futsal para o Futebol.

A base motora multilateral, o desenvolvimento ósseo e a estatura são consolidados; é quando o atleta suporta maiores cargas de treino e competições, com a definição das habilidades para o Futebol. Nesse sentido, as sessões de treino devem objetivar o aperfeiçoamento e otimização do potencial tático.

Porém, ressaltamos que o potencial tático nada tem a ver padrões rígidos de movimentações, visto que a previsibilidade se opõe à natureza do jogo de Futebol.

Todos os treinos da semana devem ser de Futebol.

O que aprendemos sobre a transição do futsal para o futebol?

Do ponto de vista da transição de habilidades motoras do Futsal para o Futebol, acreditamos ser de fundamental importância os professores considerarem as fases expostas. Na literatura especializada em Pedagogia do Esporte, encontramos diferentes nomenclaturas para as fases, no entanto, o conteúdo, segundo a idade se assemelha nas diferentes propostas. Por fim, obedecer um sistema de treinamento esportivo facilita o processo de avaliação e realinhamento do projeto. Portanto, uma base teórica sólida é fundamental para os profissionais que almejam êxito na transição do Futsal para o Futebol.

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Referências e links

Contato do Autor:
Tássio Sardinha
E-mail: tassiosardinha@gmail.com
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Importância do Futsal para o Futebol

Frequentemente vemos profissionais do meio do futebol serem indagados sobre a importância do Futsal na formação do atleta para, futuramente, adentrar no Futebol. Em suma, as respostas compreendem que o Futsal é um esporte importante para o coirmão, pois ele induz o atleta a tomar decisões mais rapidamente.

No entanto, como estamos falando da tomada de decisão, não seria mais interessante para o futuro atleta de futebol tomar decisões no contexto competitivo desse esporte? Não necessitando, portanto, de outro esporte para servir como apêndice?

Por outro lado, se constatarmos que é realmente importante o ambiente competitivo do Futsal para o atleta de Futebol, é possível haver transferência de habilidades motoras de um esporte para o outro?

Vamos responder estas perguntas no decorrer do texto.

Abordagem pedagógica centrada no Ensino dos Jogos Desportivos Coletivos

Há muito, o autor francês Claude Bayer constatou que perante o grande número de esportes coletivos existentes, professores dão preferência a somente uma atividade específica no momento em que definem o planejamento das atividades. Seja em função das condições materiais que a instituição – escola convencional ou de escolinhas esportivas – oferece ou por motivos socioculturais.

Nesse sentido, o autor apresentou princípios operacionais válidos aos esportes pertencentes à categoria dos Jogos Desportivos Coletivos (JDC). Assim, os professores podem construir uma estratégia pedagógica que privilegie o ensino das competências motoras gerais, em detrimento da especialização precoce em qualquer esporte.

“Privilegiando […] a aprendizagem destes princípios operacionais transferíveis de uma atividade para a outra, e as atitudes consequentes, os docentes poderão preparar cada jogador para a prática posterior a especialidade da sua escolha”.

(BAYER, 1994, p. 7).

Dessa forma, ao apresentar uma proposta pedagógica unificada, de maneira racional e coerente, de diversas modalidades esportivas pertencentes ao universo dos Jogos Desportivos Coletivos, é necessário trazer ao debate o pressuposto teórico que sustenta a tese de Bayer: o conceito de transfert, ou seja, transferências de habilidades motoras de um esporte para o outro.

Transferência de Habilidades Motoras

“[…] existe um transfert da aprendizagem sempre que uma aprendizagem modifica, facilitando, ou pelo contrário inferindo com ela, uma outra aprendizagem, e que se lhe segue ou a que a precede”

(BAYER, 1994, p. 18).

A citação acima não compreende a totalidade de significação sobre o transfert, no entanto, se mostra como uma boa introdução para compreendermos tal conceito. Portanto, o transfert se apresenta como:

Transfert proativo – aprendizagem anterior modifica a aprendizagem presente:

  • Com efeito positivo (facilitação proativa);
  • Com efeito negativo (interferência ou inibição proativa);

Transfert retroativo – a aprendizagem atual modifica os hábitos adquiridos anteriormente:

  • Com efeito positivo (facilitação retroativa);
  • Com efeito negativo (interferência ou inibição retroativa).

Em contrapartida, para que a abordagem pedagógica seja eficiente, o professor deve estar ancorado numa teoria da aprendizagem condizente com o que vimos até então.

“O transfert nesta abordagem fenômeno-estrutural, que será por nós adotada, assenta sobre o conjunto de estruturas existente entre duas tarefas, conjunto reconhecido pelo sujeito. Porque este último, em relação ao enquadramento, adota uma atitude que lhe permite assinalar, ou não, esta analogia, e isto em função das significações que dá às diversas situações por que passa, que interpreta, organizando a sua percepção e que orienta a escolha dos diferentes meios, que selecionará de maneira mais ou menos explícita e utilizar no seu contato real “aqui e agora.”

(BAYER, 1994, p. 25).

Em suma, o autor francês considera que se o transfert da aprendizagem existe, o mesmo deve ser interpretado à luz da teoria fenômeno-estrutural. Isso porque, segundo o autor, a aprendizagem será facilitada logo que o jogador percebe, em uma estrutura do jogo, uma identidade com uma estrutura já encontrada em outro momento.

Qual a importância do Futsal para a formação do atleta de Futebol?

Por fim, considerando o tansfert de habilidades motoras, é evidente a importância do Futsal para a formação do futuro atleta de futebol. No entanto, precisamos entender que não somente o Futsal, mas sim todos os esportes coletivos são importantes para a aquisição de habilidades motoras da criança.

Ainda assim, é necessário ressaltar que, desde o princípio, a abordagem pedagógica considere a intencionalidade, tanto ao nível do ensino como da aprendizagem, como fator preponderante neste contexto. Ou seja, para que a transferência de habilidades motoras de um esporte para outro – em nosso caso, Futsal para o Futebol – seja efetiva, o professor deve ter um programa de treinamento bem planejado e centrado, intencionalmente, no objetivo preconizado.

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Links e Referências

O ensino dos desportos coletivos

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O Fundamento passe na iniciação do Futsal

É natural que os professores de base sintam insegurança ao trabalhar esta habilidade do passe no futsal ainda na infância. Primordialmente, o professor precisa entender que esta fase é crucial para que a criança desenvolva sua motricidade globalmente, através de diferentes variedades de movimentos. Essa aprendizagem e experiências se dão a partir da ludicidade, de jogos, brincadeiras e, inclusive, ginástica.

Além do desenvolvimento motor, a compreensão das ações de jogo deve ser incentivada desde a tenra idade. E esta compreensão pode se dar por meio do fundamento passe. Mas como a abordagem deste, pode agregar conhecimento na iniciação?

O fundamento passe e seus princípios táticos na iniciação do futsal

Além disso, compreende-se que na iniciação do futsal, a aprendizagem dos fundamentos técnicos acontece de maneira natural com incentivo de uma pedagogia criativa e diversificada.

No entanto, a partir dos seis anos, a metodologia já deve consistir em abordar a ocupação de espaço, compreensão de regras, cooperação entre o grupo, etc. Afinal, o desenvolvimento dos fundamentos é inerente a coordenação motora, por isso, o treino deve pautar-se na organização de movimentos corporais que atendam uma necessidade ou um objetivo. Sendo assim, é preciso trabalhar o básico do movimento para enriquecer o repertório motor.

Durante a execução do fundamento passe, o aluno precisa ter a visão do jogo para encontrar seu colega em um espaço vazio ou sem marcação, além de precisar identificar a distância para saber a “força” que necessita colocar na bola, executando o passe no momento certo. E como a criança compreende toda essa dinâmica?

Quais atividades promovem situações táticas na iniciação a partir do fundamento passe?  

É essencial que nesta fase o treino não seja apenas com cargas unilaterais (exclusivo de uma modalidade), mas que venha enriquecer o acervo da criança. Por isso a atividade a seguir, trabalhará passes com as mãos, por exemplo.

Brincadeira do “Meinho”

O “meinho”, é uma brincadeira simples que pode ser realizada em pequenos grupos (trios, quartetos), facilitando assim maior contato com a bola. Em um espaço delimitado por cones, divida os alunos, um deverá ficar no meio interceptando o passe dos outros colegas, assim que interceptar, troca de posição com o último que realizou o passe. Iniciaremos esta atividade com as mãos. Ainda nessa brincadeira, podemos variar tamanhos da bola (Vôlei, tênis, etc.), ou com a inclusão da contagem de passes, regras de passar e movimentar para outro espaço, ou trabalhar com os pés. Dessa forma, o momento cria situações importantes para o desenvolvimento do jogo e compreensão cognitiva do aluno (a), por exemplo:

  • Manipulação de objetos;
  • Percepção espacial;
  • Movimentação no espaço;
  • Criação de linhas de passe (ataque) e o encurtamento de espaço (defesa).

Brincadeira “não deixe ser gol”

Ainda assim, outra atividade interessante para compreender a distância do colega que fará a recepção é o “não deixe ser gol”. Em duplas, um de frente para o outro e com pequenas goleiras atrás de cada criança, elas realizarão passes entre si, porém o objetivo é que a bola passe pelo colega e entre no gol. Esta atividade pode incluir os fundamentos de finalização e recepção. O professor pode estipular várias distâncias entre os dois alunos, para que estes percebam a força que deve ser colocada ao passar/chutar dependendo da distância em que está com a bola.  Além disso, alguns princípios de ataque e defesa são identificados nesta situação.

Brincadeira dos bambolês

Por fim, uma última brincadeira é a livre com bambolês: organize um espaço e distribua um bambolê para cada. Deixe as crianças brincarem livres: jogar no alto, segurar com uma mão apenas, girar e segurar, lançar o bambolê a sua frente, lançar o objeto para o colega e realizar a troca entre eles. Use a criatividade em sua aula.

Mas você deve estar se perguntando de que forma brincar de bambolê auxilia no desenvolvimento do fundamento passe, então imagine quantas ações de domínio corporal e cognitivo a criança estará realizando no espaço e como há relação com o passe no futsal:

  • Capacidade de processamento de movimentos (girar, agarrar, lançar);
  • Ordenação e elaboração da informação (material, espaço, colega, movimento);
  • Adaptação a variedade na atividade, adquirindo o hábito de prever possibilidades ou situações futuras.

A importância da organização metodológica na iniciação do futsal

Em síntese, a criança precisa manipular objetos, correr para um espaço vazio, estender o braço, segurar objetos de diversos tamanhos, sentar, saltar, etc. Dessa forma, quanto mais experiências a criança adquirir, mais capacidade de responder às situações do jogo ela terá futuramente, seja gestual ou cognitiva.

Desse modo, o professor precisa adaptar e compreender as reais necessidades da infância, afinal, o trabalho terá resultados a longo prazo. Quando falamos nas atividades acima: de linhas de passe e encurtamento de espaço, lógico que não utilizaremos estes termos em nossas falas. Porém, a criança começa a desenvolver, pelos estímulos recebidos, a compreensão de que longe do adversário receberá a bola com maior facilidade.

O passe é o fundamento que remete uma das características principais do futsal, o dinamismo. E a sua execução depende de uma série de conteúdos táticos, tais como ritmo de execução; informação (colega marcado ou não); controle do espaço (ocupar espaços vazios). Toda essa construção vai se dando gradualmente, mas precisa ser possibilitado contextualizadamente e lúdica, aproximando-se do jogo coletivo.

Portanto, atividades que trabalhem o fundamento passe tanto com as mãos quanto com os pés, juntamente com aquelas que desenvolvam a percepção do espaço e dos colegas se faz necessária.  Aprender a passar é aprender a socializar em grupo as habilidades individuais.

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Fontes e Referências

Escola da Bola. Um ABC Para Iniciantes nos Jogos Esportivos.

Corpo em movimento na Educação Infantil

A atividade pedagógica da Educação Física

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Sistemas defensivos do Futsal: conceitos básicos

Nos Jogos Desportivos Coletivos de invasão, como é o caso do Futsal, o processo defensivo inicia-se desde o momento em que a equipe está sem a posse da bola. No entanto, a modelagem estratégica do setor defensivo nem sempre é uma tarefa simples para os treinadores. Vamos entender um pouco mais sobre os Sistemas Defensivos do Futsal.

Desse modo, acreditamos que o primeiro passo para montar um sistema defensivo sólido, é conhecer os conceitos da defesa. Sobre isso, Marquinhos Xavier escreve em seu livro que a importância de compreender os conceitos de jogo devido à necessidade em aliar prática e teoria, visando sistematizar o treinamento.

Portanto, hoje abordaremos dois conceitos básicos que podemos utilizar para montar um sistema defensivo eficiente no Futsal: Zonas de recuperação; e Tipos de marcação.

Zonas de recuperação no Futsal

A princípio, o sistema defensivo do futsal, tem uma divisão da quadra de jogo em três zonas de recuperação:

  • Zona de recuperação I – Setor de atenção redobrada às coberturas defensivas – Setor de alto risco;
  • Zona de recuperação II – Setor de ajustes da marcação – Setor de risco médio;
  • Zona de recuperação III – Setor de marcação pressão – Setor de baixo risco.

Em suma, tendo em vista que cada zona da quadra possui características específicas, a divisão facilita o trabalho do treinador, visto que dessa forma é possível potencializar as ações dentro de um objetivo principal em cada região.

Tipos de marcação no Futsal

Além disso, temos três tipos de marcação no Futsal: individual; zona; e mista.

Marcação Individual

Em primeiro lugar, a marcação individual preconiza a atenção voltada essencialmente para o indivíduo, ou seja, independentemente da posse ou não da bola, cada jogador tem a responsabilidade de marcar um adversário direto. Entretanto, esse tipo de marcação subdivide-se em três: sobre pressão; meia pressão; e pressão meia quadra.

Fonte: criado pelo autor

Marcação Zona

Por outro lado, na marcação zona, independentemente da movimentação dos adversários, cada jogador defenderá uma zona predeterminada. Desse modo, ao contrário da marcação individual, a marcação por zona preconiza a movimentação da bola, em detrimento dos deslocamentos dos atacantes.

Além disso, a marcação zona pressupõe a utilização de alguns desenhos, no caso do Futsal, os mais conhecidos são: Quadrante; Losango; e Funil ou “Y”.

Fonte: criado pelo autor
Fonte: criado pelo autor
Fonte: criado pelo autor

Marcação Mista

A marcação mista pressupõe a junção de características das marcações individual e zona. Nesse contexto, esta marcação, especificamente, requer dos atletas constante trocas de marcação, uma boa leitura de jogo, capacidade de antecipar situações e, acima de tudo, espírito de solidariedade entre os jogadores da equipe.

Portanto, esperamos que este texto tenha te ajudados a entender mais sobre os diferentes sistemas defensivos do futsal.

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Foto de Capa: Liga Nacional de Futsal

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Sistemas táticos ofensivos no Futsal: o goleiro-linha

Os sistemas táticos ofensivos no futsal com uso do goleiro-linha surgiram em decorrência da alteração das regras do jogo de Futsal ainda nos anos 90. Essa alteração permitiu aos goleiros atuarem fora da área, com intuito de estabelecer superioridade numérica na fase ofensiva e troca de passes rápidos entre os atacantes, de modo a criar possibilidades de finalização à meta do adversário.

Fonte: criado pelo autor

Quais as regras para utilização do goleiro-linha?

O goleiro-linha, na fase defensiva, não há regra especial. Porém, quando na fase ofensiva, o goleiro-linha precisa respeitar as leis que o jogo impõe. Desse modo, o goleiro-linha não pode realizar ações com as mãos na bola fora da área; e nem permanecer com a posse da bola por mais de quatro segundos na sua meia quadra defensiva. Ainda assim, na meia quadra defensiva, o goleiro-linha só pode receber na bola de seus companheiros apenas uma única vez. Portanto, para realizar uma nova ação com bola, é necessário que a bola toque em algum atleta adversário.

Além disso, vale destacar que qualquer jogador pode substituir o goleiro. Contudo, o jogador de linha, que for cumprir esta função, deve estar trajado com a camisa da mesma cor que a dos goleiros de sua equipe, e utilizar o mesmo número da camisa relacionado na súmula.

Sistemas táticos ofensivos de Futsal com o goleiro-linha

Antecipadamente, ressaltamos que não existem padrões perfeitos, portanto, apresentaremos uma visão – dentre tantas – acerca dos sistemas táticos no Futsal. Assim, compartilharemos abaixo dois exemplos da distribuição de linhas dos desenhos: 1.2.2 (um-dois-dois); e 2.2.1 (dois-dois-um).

Linhas do Sistema 1.2.2

O sistema 1.2.2 distribui suas linhas da seguinte forma:

  • 1ª (primeira) linha e 2ª (segunda) linha, ou linhas de armação;e
  • 3ª (terceira linha), ou linha de sustentação ofensiva.
Fonte: criado pelo autor

Linhas do sistema 2.2.1

O sistema 2.2.1 distribui suas linhas da seguinte forma:

  • 1ª linha, ou linha de armação;
  • 2ª linha, ou linha de apoio/busca e aproximação; e
  • 3ª linha, ou linha de sustentação ofensiva.
Fonte: criado pelo autor

É seguro usar o goleiro-linha no futsal?

Portanto, alguns autores indicam que os treinadores devem utilizar os sistemas que possuem goleiro-linha com segurança nas ações ofensivas da equipe. Pois, em qualquer erro na execução das movimentações, pode ocasionar contra-ataques rápidos da equipe adversária, que, por sua vez, quase sempre se encerram em gol.

Além disso, geralmente, os treinadores usam estratégias de goleiro-linha quando a equipe está em desvantagem no placar. Portanto, os treinadores de futsal devem se preocupar, além da condição estratégico-tática, com o fator psicológico da equipe, visto que a situação em questão influencia nas tomadas de decisões dos jogadores.

Contatos do autor: tassiosardinha@gmail.com

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Características do Sistema Tático Ofensivo 4.0 no Futsal

Hoje abordaremos sobre as principais características do desenho do Sistema Tático ofensivo 4.0 (quatro-zero). De antemão, lembremos que já falamos aqui sobre os principais sistemas táticos ofensivos do Futsal. Do mesmo modo, vimos a importância da definição de um desenho ofensivo que melhor se adeque à equipe. Logo, vamos entender sobre o sistema 4.0.

Atualmente, várias equipes utilizam a configuração de ataque 4.0, pois, quando os atletas efetuam com competência, estimula diversas formas de envolver o sistema defensivo adversário. Além disso, o sistema tático ofensivo 4.0 pode significar a quebra do sistema 3.1 quando o pivô abre mão de seu posicionamento padrão para juntar-se aos demais na organização do jogo.

Fonte: criado pelo autor

Distribuição das linhas do sistema 4.0

O desenho 4.0 distribui suas linhas da seguinte forma:

  • 1ª (primeira) linha, mais curta, denominada linha de armação;
  • 2ª (segunda) linha, mais longa, denominada linha de apoio/busca e aproximação.
Fonte: criado pelo autor

Quebra do sistema tático ofensivo de 3.1 para 4.0

Fonte: criado pelo autor

A princípio, quando abordamos aqui as características do sistema 3.1, vimos uma variação do desenho sem o pivô de referência. Nesse sentido, o sistema 3.1 possibilita movimentações dos quatro jogadores de linha na quadra, dado que o pivô recua para as linhas de apoio ou armação. Portanto, a situação exposta pode se figurar como uma quebra do sistema tático ofensivo 3.1 em 4.0.

Fonte: criado pelo autor
Fonte: criado pelo autor

Por exemplo, nas imagens acima vemos que o jogador “3” efetua o passe para o “2” e se desloca em diagonal; enquanto isso, o jogador “5”, que cumpria o papel de pivô, recua para a linha de apoio e aproximação. Isso posto, verificamos a transição do sistema 3.1 com sustentação ofensiva na ala direita, para o sistema 4.0.

Regras importantes para aplicação do sistema tático ofensivo 4.0 no Futsal

Em síntese, o livro de Balzano publicado em 2014 identificou algumas regras para aplicação do 4.0, que auxiliam o treinador na orientação de seus jogadores, as quais podemos destacar:

– Nunca ter pressa para definir a jogada;

– Não deixar de olhar o companheiro que está com a bola;

– Movimentar-se nas costas do marcador;

– Levar o defensor para a posição da quadra que lhe interessa;

– Antecipar-se ao defensor para surpreendê-lo;

– Ajudar os companheiros com bloqueios, fintas e mudanças de direção.

Além disso, acreditamos que, por ser um sistema que utiliza manobras para aproveitar os espaços nas costas da marcação adversária, o 4.0 pode se estabelecer como uma importante estratégia em quadras espaçosas.

Links de Referência

  • Futsal – Da Formação ao Alto Rendimento: Métodos e Processos do Treinamento

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Futsal: Características do sistema tático ofensivo 3.1

O sistema tático ofensivo de uma equipe nada mais é que a distribuição dos atletas na quadra de jogo com o objetivo de propiciar, de forma organizada, a possibilidade de marcar um gol. Além disso, os sistemas de jogo de ataque visam facilitar tanto as situações coletivas – como a troca de passes e a ocupação efetiva de espaços; e situações individuais, buscando deixar jogadores mais habilidosos em melhores condições para o 1×1 (um contra um). De antemão, é sempre necessário lembrarmos que:

“Não existe melhor ou pior sistema tático ofensivo!”

A princípio, nós já falamos aqui sobre os principais sistemas táticos ofensivos do Futsal. Do mesmo modo, vimos que é de suma importância a definição de um desenho ofensivo que melhor se adeque à equipe. Assim sendo, hoje falaremos sobre as principais características do desenho ofensivo 3.1 (três-um).  

Fonte: criado pelo autor por TacticalPad

Distribuição das linhas do sistema 3.1

Em primeiro lugar, muitos avanços táticos no Futsal ocorreram a partir do desenvolvimento, versatilidade e eficácia do sistema 3.1. Nesse sentido, o 3.1 é um dos desenhos que os treinadores mais utilizam, pois, a partir dele, é possível realizar inúmeras jogadas ensaiadas, bem como atribuir diversas variações aos famosos “rodízios” de três e quatro jogadores.

Para tanto, o desenho 3.1 distribui suas linhas da seguinte forma:

  • A 1ª (primeira) linha é composta por um atleta, na qual, tanto o fixo quanto um dos alas ocupam a posição. Assim, o atleta que preenche este espaço tem função de armador.
  • A 2ª (segunda) linha, denominada linha de apoio, é composta por dois atletas. Por sua vez, é responsável pelas buscas e aproximações, que tendem facilitar a mobilidade da equipe, bem como assegurar o processo de posse de bola eficaz. Em suma, os alas, normalmente, ocupam esta linha.
  • A 3ª (terceira) linha, ou linha de sustentação ofensiva, é muito importante, devido a sua especificidade. Geralmente o pivô é o responsável por ocupar a linha, o qual, na maioria das vezes, atua de costas para o gol adversário. Assim, devido as características particulares, a posição de pivô requer atenção especial no que diz respeito ao jogo ofensivo.
Fonte: criado pelo autor por TacticalPad

Sistema 3.1 com sustentação ofensiva nas alas

O sistema tático 3.1 com sustentação ofensiva nas alas forma uma espécie de braço alongado para o ataque. Logo, este sistema possibilita as mais diversas formas de evolução ofensiva, dado que o pivô ganha mais liberdade para movimentar-se.

Ainda assim, o sistema 3.1, sem pivô de referência, possibilita movimentações dos quatro jogadores de linha na quadra. Nesse sentido, é possível ocorrer a rotação dos jogadores das 1ª e 2ª linhas para se infiltrarem na zona defensiva adversária; e do atleta, que antes ocupara a 3ª linha, recuar para o apoio ou armação.

Fonte: criado pelo autor por TacticalPad

Condições para aplicação do sistema tático ofensivo 3.1

Alguns autores defendem que os treinadores devam utilizar este sistema em quadras com dimensões média e grande, pois, acreditam que facilita o jogo de pivô, com infiltrações e tabelas. Contudo, não faremos juízo de valor quanto a essa questão. Fato é que, no sistema 3.1, os atletas se movimentam muito, portanto, acreditamos que equipes mal preparadas fisicamente ou que não possuam um plantel hábil para atacar, marcar e armar com a mesma eficácia, não devem utilizar o sistema.

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Quais são os principais sistemas táticos ofensivos do Futsal?

O jogo de Futsal é composto por ações e interações que se fazem presentes nas fases defensiva e ofensiva. Nesse sentido, a existência de ações e interações conduz à organização da equipe. Desse modo, surge o conceito de sistemas táticos no futsal ou sistema de jogo, em que segundo Rui Rodrigues:

“Define-se como a distribuição de jogadores na quadra de jogo, com vista a potenciar situações ofensivas para a obtenção de gol e, ao mesmo tempo, anular as manobras ofensivas das equipes adversárias”.

Logo, sistema tático é sinônimo do sistema de jogo da equipe. Ao mesmo tempo, durante uma partida de futsal as equipes podem apresentar diversas variações nos sistemas já estabelecidos para alcançar seus objetivos.

Em síntese, os sistemas táticos no futsal surgem com o objetivo de facilitar a interação entre os componentes para resolver os problemas que uma partida oferece. Dessa forma, o treinador deve preestabelecer regras, para que haja coordenação das ações dos atletas.

Desenhos dos Sistemas Táticos no Futsal

Antes de tudo, para garantir um sistema tático ofensivo eficiente, é necessário definir o desenho ofensivo que melhor se adequa à equipe. Logo, podemos destacar os seguintes desenhos ofensivos do Futsal:

  • 2 x 2 (dois-dois);
  • 3 x 1(três-um);
  • 4 x 0 (quatro-zero);
  • 2 x 1 x 1 (dois-um-um).

Desenho ofensivo 2 x 2

Fonte: criado pelo autor por TacticalPad

É o desenho ofensivo mais conhecido no Futsal. Primeiramente, caracteriza-se pela ocupação de dois atletas na meia quadra defensiva e os outros dois na quadra de ataque. Muitos movimentos, padrões de jogo e manobras ensaiadas se desenvolveram a partir do 2 x 2.

Nesse sentido, utiliza-se este desenho com muita frequência em categorias de formação e base, por ser de fácil compreensão pedagógica. Assim, os treinadores usam este sistema tático como método de adaptação às funções táticas e introdução de movimentos adaptados a cada faixa etária.

Desenho ofensivo 3 x 1

Fonte: criado pelo autor por TacticalPad

É um dos desenhos ofensivos mais utilizados no alto rendimento, pois possibilita diversas rotações e trocas de posicionamento (simples ou mais elaboradas) entre os jogadores. Além disso, o pivô tem extrema importância dentro do desenho, devido às movimentações exigirem um esforço específico do atleta que ocupa a posição.

Dessa forma, o pivô, geralmente, deve ter apurado poder de finalização. E ao mesmo tempo, deve saber auxiliar e jogar conforme as movimentações pré-determinadas, além de possuir criatividade nas tomadas de decisão.

Desenho ofensivo 4 x 0

Fonte: criado pelo autor por TacticalPad

É o desenho ofensivo mais moderno do futsal. A princípio, sua principal característica é que todos os jogadores assumam os papéis nos diferentes setores da quadra, o que exige atletas versáteis e inteligentes taticamente.

Além disso, o desenho do sistema tática 4 x 0 pode representar a quebra do desenho 3 x 1, dentro de um sistema específico, quando o pivô abre mão de seu posicionamento habitual para juntar-se aos demais companheiros na organização do jogo. Dessa forma, o desenho 4 x 0 é muito utilizado pelas equipes de alto rendimento por possibilitar manobras que envolvam a defesa adversária. Isto poderá dar prioridade aos espaços vazios nas costas da marcação.

Desenho ofensivo 2 x 1 x 1

Fonte: criado pelo autor por TacticalPad

Definitivamente, é uma das configurações mais ousadas e que permitiram inúmeras mudanças de conceitos do sistema ofensivo. De antemão, o que caracteriza o sistema em “L” é a versatilidade e a grande aplicabilidade nas ações de jogo.

Nesse sentido, é bastante utilizado como variação tática dentro dos sistemas táticos, sobretudo em situações de jogo especial, como na utilização de Gol Linha ou em momentos de bola de parada.

Não existe “o melhor desenho ofensivo”

Em conclusão, é necessário ressaltar que, no Futsal, é difícil falar em um desenho ofensivo ideal, pois a troca de posições é constante, devido a elevada taxa de movimentação numa disputa. Portanto, devido ao ambiente competitivo extremamente variável, não devemos fazer juízo de valor acerca dos desenhos ofensivos. Ou seja, não existe o “melhor desenho no sistema tático ofensivo”. Logo, não podemos entender os desenhos de maneira estanque, mas sim em constante mudança.

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