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5 maneiras de criar superioridade no Futebol

As superioridades do jogo

O futebol é um esporte complexo, onde são empregadas diversas estratégias para gerar vantagens em relação ao adversário. Desta maneira, abordaremos sobre as diferentes formas de criar superioridade no futebol.

Hoje são conhecidas cinco superioridades:

  • 1-  Numérica,
  • 2- Posicional,
  • 3- Qualitativa,
  • 4- Cinética e,
  • 5- Socioafetiva.

Então, na sequência, apresentaremos cada uma delas.

Superioridade numérica

É a superioridade no futebol mais comum e conhecida, pois simplesmente visa ter mais atletas que o adversário em determinado espaço do campo. Cabe ressaltar que essa superioridade nem sempre é buscada no centro de jogo, pois por vezes a maior vantagem pode ser obtida em outra região. Assim sendo, na imagem abaixo vemos uma situação de 4vs3 no centro de jogo.

Superioridade posicional

É aquela onde visa estar mais bem posicionado que os seus oponentes diretos. Então, mesmo que em inferioridade numérica, pode haver a superioridade posicional. Desta forma, na imagem abaixo vemos De Arrascaeta em uma posição favorável, mesmo que em desvantagem numérica, se comparado com seus adversários.

A superioridade posicional não diz respeito apenas a região ocupada, mas também em como ocupá-la, considerando fatores como a posição corporal do atleta. Com base nisto, note na imagem acima como De Arrascaeta perfila o corpo em direção ao gol, mas sem perder a bola de vista, fazendo com que, caso receba a bola, consiga finalizar a jogada com maior velocidade e qualidade.

Superioridade qualitativa

É a superioridade no futebol que leva em conta a qualidade do seu atleta e do oponente. Sendo assim, é utilizada para potencializar seu atleta que desequilibra em situações de 1vs1 e 1vs2, por exemplo, através da sua qualidade de drible. Clique na imagem abaixo para ver um lance do Neymar, cuja qualidade no drible dispensa maiores comentários, desequilibrando em uma situação de 1vs2.

Superioridade cinética

É a superioridade que se consegue ao se movimentar antes que seu adversário direto, gerando uma vantagem de tempo e espaço em relação ao marcador. Clique na imagem abaixo para ver a movimentação de Luis Suárez, um dos atletas que mais se utilizam desta vantagem, se movimentando antes que seu marcador e conseguindo grande vantagem de tempo e espaço para marcar o gol.

Superioridade socioafetiva

Está é uma das menos conhecidas, mas com grande importância. Quem nunca, na infância e adolescência, ou até mesmo já adulto, se beneficiou de jogar no time de um amigo? Aquela amigo que, além do entrosamento (saber como você gosta de receber a bola e onde você estará posicionado), também tem características que casam perfeitamente com as suas. Assim sendo, é a superioridade no futebol buscada através da aproximação de atletas que possuem um entrosamento acima da média. Então, não se trata apenas de entrosamento, mas também de características que se completam, como nos casos apresentados abaixo: Bebeto e Romário; e o Casal 20 (Washington e Assis).

A importância de compreender a superioridade no futebol

Então, enquanto lia o texto, você parou para pensar o quanto tudo isso pode ser rico para uma análise? Quais são as superioridades buscadas pelos times que você analisa? Onde e quando buscam obter essas superioridades? Pois bem, pense que é devido a busca por superioridade numérica, por exemplo, que surgiu a “saída de 3”, conhecida como Lavolpiana. Então, percebeu a importância? Isso só tende a enriquecer sua análise.

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Avaliação psicológica da personalidade do jogador de futebol

A Psicologia aplicada ao futebol pode fornecer várias ferramentas para melhorar a relação entre atletas e comissão, bem como aumentar o rendimento esportivo. Uma delas é a avaliação psicológica, também chamada de psicodiagnóstico esportivo. Esse procedimento refere-se ao levantamento de aspectos particulares do atleta. Através dele é possível aproximar-se de características pessoais ou grupais que vão oferecer subsídios para intervenções ou tomadas de decisão futuras. Inclusive as características da personalidade do jogador de futebol.

Constantemente vemos discussões acerca da personalidade dos atletas, treinadores e demais personagens ligados ao futebol. É comum ouvir expressões como “Esse tem personalidade” ou “Esse tem personalidade forte”. Esses termos são geralmente utilizados na tentativa de explicar um comportamento inadequado de algum atleta. E o que é personalidade? Como isso influencia no futebol?

Definindo o que é personalidade

A princípio, a personalidade é definida como os conjuntos característicos de comportamentos, cognições e padrões emocionais que evoluem a partir de fatores biológicos e ambientais. Desse modo podemos perceber que trata-se de algo extremamente individual e único. Assim compreende-se que o a realização do trabalho com atletas possui características singulares. É necessário saber o que cada um necessita.

Dessa forma, a expressão da qual falei no início do texto (personalidade forte) geralmente se refere a pessoas que são bastante resilientes, se mantêm firmes diante das adversidades. E também refere-se a pessoas que costumam ter pouca sensibilidade e são mais “explosivas” em suas reações. Essa expressão está equivocada conforme o conceito de personalidade na Psicologia. Não se pode dizer que existe uma personalidade forte ou uma personalidade fraca. Portanto, o que pode ser afirmado é que algumas pessoas possuem determinadas características com maior prevalência do que outras.

A importância de entender personalidade do jogador de futebol

Estabelecendo as características da personalidade do atleta, bem como tomando conhecimento de informações das dimensões cognitiva, emocional, psicofisiológica e social, podemos ter recursos para planejar as intervenções. Um exemplo é a forma de se comunicar ou de cobrar algum atleta. Existem atletas que respondem melhor sob pressão, com forte cobrança e insistência. E também existem outros que podem responder melhor quando estão relaxados e confiantes. Porém, eles perdem o foco quando são cobrados com veemência. Há poucos dias o treinador Fernando Diniz esbravejou à beira do gramado com o atacante Luciano e o fato viralizou.

Existem, portanto, diferenças significativas na comunicação com os jogadores, que podem tornar mais ou menos efetiva essa troca de informação.

Como a avaliação psicológica pode ajudar no rendimento esportivo?

Assim como a questão da cobrança e da comunicação, a Avaliação Psicológica ajuda a detectar potencialidades e dificuldades relacionadas ao desempenho esportivo. As intervenções não servem só para corrigir possíveis problemas, mas também para potencializar virtudes. Portanto, compreendendo as necessidades de cada atleta, pode-se trabalhar individualmente suas necessidades com maior efetividade. Seja através do treinamento de habilidades psicológicas (THP) ou num encaminhamento para a psicologia clínica.

Em suma, a avaliação da personalidade no contexto esportivo serve de base para o planejamento de intervenções com os atletas. Nesse ponto é importante ressaltar que existem comportamentos mais ou menos adequados para um atleta de futebol, porém não se pode falar sobre ter uma personalidade boa ou ruim. As pessoas são diferentes e agem de maneiras completamente distintas. Umas podem cometer mais ou menos erros, dependendo de vários fatores, incluindo a personalidade. O que não se pode é pensar que existe um perfil correto para ser jogador de futebol e que temos que adequar os atletas a esse perfil psicológico. Se assim o fosse, muitos dos atletas que marcaram história no futebol, considerados “Bad Boys”, temperamentais, nervosos, calmos demais, etc., não teriam nos agraciado com os momentos mais épicos desse esporte.

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Quais as principais diferenças técnicas entre o Futsal e Futebol?

O Futsal assim como o Futebol são esportes coletivos de invasão com características de cooperação-oposição. Logo, companheiros da mesma equipe cooperam entre si frente à oposição gerada pelos jogadores adversários. Ambos jogam em um espaço delimitado, e com o mesmo objetivo principal do confronto que é o sucesso na marcação do “gol”. Porém, de antemão, há de ressaltar que todas as ações motoras dos jogadores, numa disputa, ocorrem por intermédio da bola, respeitando as regras do esporte em questão. Mas será se há diferenças entre futsal e futebol?

Resumidamente, o jogo de Futebol e Futsal apresentam, sob a ótica estrutural, os mesmos seis elementos:

  • Bola;
  • Terreno de jogo;
  • As metas;
  • Companheiros;
  • Adversários;
  • Regras específicas.

Vejamos que a partir da análise estrutural das duas modalidades, nota-se uma semelhança entre Futsal e Futebol. Em síntese, as interpretações acerca dos conceitos inerentes a ambos esportes, se fragmentam em quatro dimensões: física, psicológica, tática e técnica.

Dessa maneira, essas comparações, muitas vezes são prejudiciais para o desenvolvimento de jogadores que praticam uma ou as duas modalidades. E pode causar dificuldades para treinadores quem não compreenda as diferenças entre esses dois esportes. Uma vez que o Futsal é muito utilizado durante o processo de formação de jovens jogadores nas categorias de base de clubes e escolas de Futebol. Por isso, por envolver praticantes que fazem em certo momento a transição de uma modalidade para outra, e fugindo da perspectiva de análise fragmentada, vamos entender as características técnicas do Futsal e as principais semelhanças e diferenças com o Futebol.

Diferenças entre o Futsal e Futebol

Não vamos nos aprofundar nas diferenças de regras, sistemas-táticos e nem às diferenças na demanda física, já que são evidentes, e mereceria um texto específico para cada um desses temas.  Mas é interessante destacar que tanto no Futebol quanto no Futsal, o jogo é organizado num conjunto próprio de movimentos técnicos. Assim, através da relação dos segmentos corporais inferiores com a bola, o indivíduo expressa ideias, sentimentos e, de maneira geral a essência da sua forma de jogar e atuar. Nesta relação com a bola há a maior semelhança entre esses dois esportes.

Por outro lado, a quantidade das ações realizadas durante o jogo, revela uma grande diferença de um esporte para o outro. Por exemplo, no Futebol, utiliza-se o cabeceio com maior frequência em passes ou finalizações aéreas. Já no Futsal, o gesto também se faz presente, mas com menor periodicidade, dado que a bola permanece mais tempo em contato com o solo. Outro exemplo são lançamentos e cruzamentos, que são passes de longa distância muito executados no Futebol. Enquanto que no Futsal, domínios com a sola do pé e as “pisadas” não mais evidenciadas.

Portanto, tanto o jogo de Futsal quanto de Futebol ocorrem num contexto de elevada aleatoriedade, imprevisibilidade e variabilidade. Porém, devido ao menor espaço de jogo e à velocidade de execução, alguns fatores permitem certa peculiaridade ao futsal. Como exemplo, o tempo de ação/reação, por parte dos atletas, frente às resoluções das problemáticas que se apresentam na disputa, e a agilidade em tomada de decisões motoras.

Por que usar o Futsal na iniciação

Em síntese, o Futsal apresenta essas principais particularidades:

  • Características multifuncionais dos atletas, devido a obrigação de atacar e defender com o mesmo grau de exigência;
  • Os jogadores participam da partida durante períodos/ciclos, saindo e retornando diversas vezes, o que eleva a dinâmica e a intensidade do jogo;
  • A superação numérica mediante desenvolvimento da partida, com a utilização do Goleiro Linha;
  • E o papel determinante das Transições Defesa/Ataque ou Ataque/Defesa, o que exige inteligência e leitura antecipada das ações e dos movimentos realizados.

Portanto, para quem busca trabalhar com o Futsal, é necessário ter conhecimento dos conteúdos técnicos específicos da modalidade e as principais diferenças com o Futebol. Principalmente para profissionais que iniciam o trabalho com jogadores da base ou iniciação, e que pretendem utilizar o Futsal como um recurso importante na formação de base.

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Como é a estruturação da análise de desempenho no Futebol?

A análise de desempenho no futebol é um tema muito comentado atualmente. Mas, você sabe o que mais pode ser encontrado em um Departamento de Inteligência de um clube? Com a análise de desempenho, outras sub-áreas cresceram e deram maior poder ao clube, como a análise de mercado e análise de dados. Então, entenderemos um pouco mais sobre como ocorre essa estrutura em um clube de futebol.

Como a análise de desempenho é estruturada?

A princípio, quando se iniciou o trabalho de análise de desempenho no futebol profissional não havia, necessariamente, um departamento para ela em cada clube. Ela era vista como algo a mais para as comissões técnicas. No entanto, com o passar dos anos, foi identificada a necessidade de estruturar um setor para essa nova área do futebol. Com isso, iniciou-se a formação de Departamentos de Inteligência ou Departamentos de Análise de Desempenho.

Para uma área tão nova (uma das últimas a entrar no meio do futebol), ter um departamento é um salto incrível. Contudo, essa área não ficou limitada somente à análise da sua equipe e do adversário. Assim, ela cresceu e, atualmente, conta com outros campos que interagem entre si e agregam conhecimento para maior assertividade das ações.

Em síntese, se pegarmos um grande clube europeu como exemplo, veremos que o departamento de análise é, normalmente, dividido em 4 setores, sendo os analistas de: 

  • Desempenho (Match Analysts),  
  • Mercado (Scouting),
  • Atletas Emprestados (Loan Analysts) e,
  • Dados (Data Analysts).

Vamos ver o que faz cada um desses subdepartamentos.

Analistas de desempenho (Match Analysts)

Os analistas de desempenho trabalham junto com a comissão técnica. Sua principal função é realizar a análise técnico-tática da própria equipe e do adversário, detectando padrões de movimentos em todas as fases do jogo. Além disso, também ajudam na construção dos treinos, fazem as filmagens dos jogos, análise direta e indireta, edição dos vídeos e transmitem as informações dos jogos e treinos para a comissão e jogadores. Normalmente há de 2 a 4 analistas trabalhando nesse setor.

Analistas de mercado (Scouting)

São os profissionais responsáveis por monitorar atletas para futuras contratações, composto de 3 a 5 profissionais nesta área. Assim como os analistas de desempenho, os analistas de mercado devem ter uma interação com a comissão técnica e time. Porém não tão próximo, visto que seu objetivo é encontrar lacunas existentes no time e, assim, poder verificar qual jogador do mercado se encaixará melhor naquela posição. Dessa forma, é importantíssimo uma boa comunicação com a diretoria do clube também. Pois é lá que se encontram os responsáveis por negociar e contratar atletas. Ela dará o aval se quer ou não aquele jogador. Portanto, quanto melhor a comunicação com comissão e diretoria, mais assertiva será a lista de monitoramento de atletas.

Analistas de atletas emprestados (Loan Analysts)

Como os clubes possuem muitos atletas emprestados, é interessante que se faça um mapeamento de como aquele atleta está atuando no novo time. Dessa forma, é possível verificar se, futuramente, ele poderá integrar o time detentor dos seus direitos ou se uma venda ou novo empréstimo é a melhor opção. Em média 3 profissionais atuam nesse setor.

Análise de dados (Data analysts)

Até 2 profissionais trabalham nesse subdepartamento. Eles serão responsáveis pela criação de relatórios (coletivos e individuais), do desempenho de atletas através da coleta de dados técnicos / métricas do jogo.  Além disso, podem ficar responsáveis por organizar a plataforma de dados (Big Data) do clube.

Assim, talvez o Liverpool seja a equipe referência, quando falamos em criação e uso da base de dados do clube. Como mostra a matéria do The New York Times, o Liverpool desenvolveu, com o Dr. em física teórica, Iam Graham, métricas de jogo que possibilitem uma melhor leitura e mapeamento de atletas. Um case contado pelo periódico é o de Naby Keitá, meio campista que vinha sendo acompanhado a algumas temporadas antes de ser contratado. Foi identificado nele, algumas métricas que aumentavam a expectativa de número de gols da equipe quando ele estava em campo.

Como trabalhar com análise de desempenho no Brasil

É importante ressaltar que usamos referências de grandes clubes do cenário Europeu na estruturação do departamento acima citado. No Brasil, por exemplo, a maioria das equipes não possui o setor de monitoramento de atletas emprestados ou análise de dados.

Também é importante ressaltar que em muitos clubes os setores de análise de desempenho e análise de mercado são de responsabilidade das mesmas pessoas. Visto as dificuldades financeiras dos clubes em pagar outros profissionais para executarem essas funções. Dessa forma, podemos identificar alguns percalços no trabalho do analista no Brasil, que, por muitas vezes, acumula tarefas de áreas paralelas à sua. Porém, é notório a evolução da análise de desempenho no Brasil. Ela está se tornando cada vez mais essencial e com ótimos profissionais envolvidos.

Terceirização de setores da análise de desempenho

Uma prática comum em alguns clubes de futebol é terceirizar setores. Por exemplo, contratar empresas que farão um mapeamento do mercado de atletas ou então de plataformas com bases de dados. Mas, como tudo, há o lado positivo e negativo.

Por vezes, terceirizar o setor acaba sendo algo mais barato, afinal você não terá uma quantidade elevada de funcionários. O que zera os encargos trabalhistas e afins, além de não necessitar criar softwares para armazenar esses dados. Dessa forma a terceirização vem como uma forma prática para os clubes adquirirem basicamente os mesmos benefícios do que criar um departamento.

Porém, também há o lado negativo. Não havendo esse setor no clube, acaba ocorrendo um distanciamento entre comissão técnica e diretoria para com a empresa contratada, visto que se estivesse no clube isso seria um facilitador. Por isso os clubes devem pesquisar muito bem antes de tomar as devidas decisões. Porque às duas formas possuem lados positivos e negativos, cabendo a instituição futebolística entender qual é a melhor para a sua realidade.

Instagram do autor:@Christopher_suhre

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Identificação de talentos nas peneiras

Você se lembra que formar atletas é uma das funções do treinador de futebol? Devido a isso, é necessário primeiramente selecionar e captar os indivíduos que agregarão a sua equipe. Este procedimento também pode ser exercido por um analista de desempenho ou olheiro. Assim, quanto mais profissionais qualificados neste processo, mais a avaliação será fidedigna. Porém, em muitos casos não são aplicados indicadores para a identificação de talentos no futebol. Daí entra o problema das avaliações com base em visões subjetivas.

Posto isto, vale destacar qual dos significados considerarei para “talento” ao decorrer do texto. Em razão de que, na literatura existem inúmeras definições para a talento, porém, não há verdades. Assim, o professor Próspero Paoli afirma que, o jogador talentoso é aquele que possui capacidades acima da média. Além de considerar também as condições que o meio oferece.

Dado que o desempenho depende de vários aspectos, sejam emocionais, cognitivos, técnicos, táticos, contextuais etc, é sabido que a vertente física também é determinante para um bom desempenho no futebol. Apesar disso, analisar somente o biotipo físico ou a quantidade de gols que o indivíduo realiza, demonstra uma interpretação equivocada.

Então antes de mais nada, cabe aos avaliadores diminuírem a margem de erro nos processos seletivos ao não avaliar o atleta de forma reducionista.

As desvantagens na seleção de talentos

Para muitos jovens brasileiros, a porta de entrada para as categorias de base são as peneiras. Regularmente, esta seletiva é avaliada pelos treinadores de futebol da instituição, a fim de selecionar os atletas que se sobressaem. Dessa forma, não é a minha responsabilidade mostrá-los como se deve fazer um processo seletivo. Já que, a operacionalização e os indicadores de avaliação diferem de clube para clube. Contudo, o meu dever é apresentar métodos através da ciência para que os erros sejam minimizados. Afinal, podemos estar subestimando algum talento.

Nas peneiras, verifica-se comumente a separação dos atletas em idade cronológica. Porém, a ciência do esporte traz que, tal segregação potencializa os cenários de desvantagens físicas e cognitivas. Diante disso, favorece o conceito presente na literatura intitulado como o efeito da idade relativa. Ou seja, os pesquisadores afirmam que no processo de seleção, os clubes acreditam ser mais vantajoso selecionar atletas nascidos nos primeiros meses do ano em relação aos nascidos nos últimos meses. Justamente pelo fato do indivíduo amadurecer mais precocemente.

Sendo assim, convém ressaltar que a variabilidade biológica se mostra exposta dentro de um grupo com a mesma idade cronológica. Portanto, é mais vantajoso você captar jogadores maturados ou aqueles que evidenciam alta capacidade de adaptação? Quem evoluirá mais ao decorrer das categorias de base?

Aspectos psicológicos na identificação de talentos no futebol

De forma simples, os avaliadores, em peneiras ou processos de seleção, raramente analisam os fatores psicológicos do atleta, por exemplo: liderança, união, ansiedade, entre outros. Assim, se justifica que a necessidade de uma equipe interdisciplinar é primordial nessas situações. Além disso, as seletivas de futebol costumam durar cerca de 1-2 dias, originando-se mais pressão no jovem.

Oportunidade e caminhos para seleção de atletas

Na intervenção das peneiras, haveria a possibilidade de separar os indivíduos em ordem biológica. Para isso, um jogador de 15 anos que não atingiu o seu estado maturacional, poderia jogar com jovens de 13 e 14 anos. Consequentemente, um jovem de 13 anos mais maturado, conseguiria competir com jogadores do perfil físico semelhante.

Caso não haja tempo para a divisão supramencionada, vale salientar um estudo realizado com alguns olheiros do clube PSV Eindhoven. Para o fácil acesso à idade dos jogadores, os pesquisadores separaram a idade cronológica utilizando os números dos coletes em ordem crescente. Logo, foi minimizado o efeito da idade relativa, pois a informação da idade foi transmitida adequadamente.

Já em relação aos fatores psicológicos, uma alternativa seria trazer os jovens das peneiras junto à equipe durante 2 semanas. Evidentemente não seriam todos de forma simultânea, mas sim havendo uma alternância entre os inscritos. Deste modo, os treinadores de futebol ofereceriam mais estabilidade emocional para os atletas. Como efeito, reduziria a pressão imposta pelo curto prazo do processo seletivo.

Tais medidas são importantes para promover uma captação de talentos mais justa e precisa. Por isso, é imprescindível que o treinador de futebol apresente uma visão mais pormenorizada. Bem como, sempre dialogar com as ciências do esporte, conseguindo contribuir para a melhor qualidade destes julgamentos. Afinal, o nosso capitão do penta participou de 9 peneiras.

Essas seletivas apresentaram muitos erros ou Cafu não tinha talento?

Links Relacionados

O processo avaliativo para captação de atletas de futebol nas categorias de base dos clubes profissionais do Rio Grande do Sul

U.S. Soccer Launches Bio-Banding Initiative Aimed At Developing Late-Blooming Prodigies

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Por que patrocinar um time de futebol?

De início, é preciso entender que patrocinar um time de futebol vai muito além de marcas no uniforme e placas no campo. Muitos clubes e empresas começaram a entender isso, e por esse motivo os investimentos em patrocínio vem crescendo nos últimos anos.

Enxergar além do que apenas uma exposição de marca é o motivo de patrocinar um time de futebol tem que ser. Ativar esse patrocínio com ações ligadas ao clube, de forma que gere uma boa experiência ao torcedor. Essas ações certamente valorizam a marca e fazem com que sejam lembradas facilmente pela torcida do clube.

Contudo, será muito relevante durante um bom período, a geração de valor no elo entre patrocinador, clube e torcida. Alguns exemplos muito conhecidos são o do Palmeiras com a Parmalat, Corinthians com a Kalunga e o São Paulo com a LG. Apesar de fazer muito tempo as marcas ainda são associadas aos clubes, é mais um dos motivos para patrocinar um time de futebol.

Oportunidades de patrocinar um time de futebol

Atualmente, os clubes e as marcas estão buscando estreitar essa relação com o torcedor, buscando realizar ações através das mídias digitais. Além da visibilidade nos jogos, hoje é muito importante o engajamento nas redes sociais. Explorar isso traz grandes retornos ao clube e patrocinador.

Dessa forma, patrocinar um time de futebol aumenta o valor da marca no mercado e atinge novos clientes, conseguindo aumentar seus lucros. O meio digital é uma grande oportunidade para o patrocinador interagir com os torcedores, e isso certamente gera uma lembrança de marca. Assim, faz com que os torcedores vejam aquele patrocinador com bons olhos, já que ele demonstra interesse em estar perto da torcida.

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Dicas para o ensino em escolinhas de Futsal

O Futsal é uma das modalidades que mais vem se difundindo no mundo e em nosso país, tanto no âmbito escolar, quanto fora dele. E consequentemente a procura por escolinhas de futsal também aumenta. Dessa maneira, acredita-se que este aumento pode ter como uma das suas origens, a aceleração do crescimento urbano nas grandes cidades.

Há tempos atrás era comum observar as crianças brincando livremente pelas ruas, jogando bola em terrenos vazios de seus bairros, havia espaço livre. No entanto, surgiram as fábricas, os prédios, as casas foram tomando conta dos campos de várzea. Depois disso foram desaparecendo os bobinhos, as peladas, as rebatidas.

Posteriormente, a alternativa foi se readaptar e buscar essa alegria em jogar bola, nas escolinhas, associações, projetos esportivos, entre outros que contam com o auxílio de profissionais capacitados para ensinar.

O futsal e a iniciação esportiva

A busca pelo treinamento se inicia principalmente na infância como descrito acima. Mas qual o caminho pedagógico a seguir na iniciação que possa englobar uma proposta específica da modalidade e uma proposta educativa em escolinhas de futsal?

Em primeiro lugar essa resposta é construída a partir do planejamento do professor, da metodologia e dos conteúdos aplicados no treinamento. Em suma estes princípios pedagógicos utilizados pelo profissional é que resultarão em determinados comportamentos dos alunos.

Além disso, é importante esclarecer que as modalidades coletivas são caracterizadas por uma estrutura lógica interna composta por seis elementos:

  • A bola,
  • o espaço,
  • as metas (gols),
  • as regras,
  • os colegas,
  • e os adversários.

Essa relação entre os elementos ocorre a partir do desenvolvimento da partida, chamada de lógica funcional, ou seja, o que vai acontecer no jogo durante as relações entre as duas equipes.

Assim, a estrutura da lógica funcional tem como base os princípios operacionais, que sustentam a dinâmica do ataque e defesa. Da mesma forma, estes princípios norteiam todo o processo de jogo e a realização das ações coletivas e individuais dos atletas.

Consequentemente estes princípios ficam muito próximos daquilo que quero ensinar no treino. Pois são estruturas do jogo de futsal e o professor tem uma base para definir a sua metodologia, o que ensinar e quais os conteúdos terão mais ênfase dentro do planejamento.

A importância da ludicidade nas escolinhas de futsal

A princípio devemos entender que na primeira infância, aos 06, 07 anos, o ambiente deve ser favorável à brincadeiras, com um repertório rico de gesto motor e possibilidades de conhecer vários materiais. Inclusive com uso de raquetes, diferentes tipos de bola, sem uma sistematização rígida.

Mas qual a importância das brincadeiras e do ambiente lúdico na iniciação?

Em síntese, a criança aprende quando está interessada na atividade, e logo ela precisa de situações desafiadoras. A aprendizagem é ativa, se dá pela assimilação e acomodação, momento em que a criança começa a criar novos recursos para determinadas situações problemas. As atividades lúdicas devem despertar o interesse da criança, pois a estimula a se adaptar a novos ajustes dentro da brincadeira, que resulta em conhecimento.

Em contrapartida, a atividade lúdica deve ser contextualizada e deve abranger os elementos da estrutura lógica da modalidade. Assim, o rondo ou o bobinho em movimento com poucos alunos, possibilita o desenvolvimento de fundamentos do Futsal dentro de situações próximas ao jogo. É uma atividade que exige mais do aluno, há uma relação constante entre adversário, colega, espaço e bola. Torna-se diferente de colocar dois alunos, um de frente para o outro, para treinar passe. Isso é monótono na maioria das vezes, criança gosta de brincar e isso a motiva.

Possibilidades de ensino na iniciação ao futsal

Contudo, o mais importante ao planejar a aula em uma escolinha de futsal, é que o ambiente de treino seja rico de possibilidades motoras, de experiências e vivências positivas para o aluno. Da mesma forma, o professor deve possibilitar esta diversidade sem descartar a importância da especificidade. Dentro do contexto tático é importante que as crianças vivenciem diversas situações dentro das fases de jogo e nas distintas posições na quadra: jogar próximo de quem tem bola; ocupar espaço para atacar e defender o seu gol, entre outros.

Os Jogos de 1×1, 2×1, 3×2 com objetivo de marcar gols, possibilitam desenvolver além dos fundamentos do futsal, situações reais do jogo, tais como: passar a bola para o colega, sair da marcação do oponente, proteger a sua trave, compreender o que são linhas de passes, entender a dinâmica de estar com e sem bola (ataque e defesa),  e demais situações.

É possível aplicar o 5×5 na iniciação? É possível, por outro lado deve ser adaptado dentro do nível de jogo da criança. Ao selecionar os conteúdos, os mesmos devem estar de acordo com a realidade social, a faixa etária e as possibilidades sócio cognitivas dos alunos. Ou seja, se faz necessário ajustar o treino dentro das possibilidades da criança, para que não se perca a lógica tática do futsal descrita anteriormente.  

Por fim, a prática do futsal em escolinhas de futsal deve ser abordada num ambiente em que os valores de cooperação, emoção positiva, respeito, encorajamento das crianças estejam presentes. Sobretudo, que o treino que se encaixe na “bagagem” de experiências dos alunos, pautando-se numa diversidade pedagógica e educativa.

Links de referência

Instagram da autora: @torettidefaveri

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Análise de redes: nova forma de identificar padrões em um jogo de futebol

A complexidade do Futebol faz com que o analisemos através da identificação de padrões. Desta forma apresentaremos a análise de redes, ou análise de redes sociais, que é uma das maneiras mais recentes aplicadas no Futebol para identificar padrões.

O que é a análise de redes sociais?

Em um breve resumo, a análise de redes sociais se utiliza da teoria dos grafos para analisar as relações presentes em estruturas sociais. Dito isto, temos que através desta, é possível com auxílio de grafos, observar as relações dentro de um grupo de amigos, clubes, etc.

Assim, de forma mais clara, há um exemplo conhecido dessas relações e da utilização de grafos para apresentá-las: uma imagem da antiga página do facebook. Esta imagem tem o intuito de mostrar que, através do site, é possível manter relações e interagir com conhecidos, independente da distância que está deles.

Entendeu agora o termo “redes sociais”? Sim, literalmente uma rede, onde cada indivíduo representa um vértice (ou nó) e se conecta com os outros através de arestas (ou linhas).

Por onde começar a análise de redes no futebol?

Para começar é necessário conhecer matriz de adjacência e softwares que, a partir dela, construam um grafo.

Matriz de adjacência

Primeiramente, a matriz de adjacência é a maneira mais utilizada para representar um grafo, mas não é a única. Assim sendo, também é possível através de uma lista de adjacência ou matriz de incidência.

Bom, mas afinal, o que seria uma matriz de adjacência?

A matriz de adjacência nada mais é que uma matriz que apresenta as conexões (ou frequência destas) entre os vértices (ou nós).

Ok, mas como a usaríamos no Futebol?

Então, com ela podemos apresentar as conexões entre os jogadores, sendo por meio do passe a mais empregada. Para contextualizar isso usaremos a imagem abaixo, onde a diagonal principal é composta por 0, pois nenhum jogador troca passes com ele mesmo, e as demais, apenas como exemplo, por 1, sinalizando 1 passe trocado entre os atletas.

Cabe ressaltar que para obter esta matriz será necessário desembolsar dinheiro em alguma plataforma (por exemplo o instat ou wyscout) ou registrar os passes manualmente.

A construção do grafo: os softwares

Após ter em mãos está matriz de adjacência, com auxílio de alguns softwares será possível obter os grafos que apresentem a relação entre os jogadores. Abaixo alguns dos softwares que tornam isso possível:

Caso tenha conhecimento de linguagens de programação, também conseguirá criar grafos com bibliotecas do python, por exemplo.

Partindo para a aplicação da análise de redes no futebol

Antes de começar, é necessário entender o grafo gerado

Então, com a matriz de adjacência em mãos e o auxílio do software escolhido, você conseguirá criar um grafo similar ao da imagem abaixo. Desta forma, será possível encontrar alguns padrões, mas citaremos isso mais adiante, primeiro é fundamental saber que:

  • Os vértices são os jogadores e as arestas a conexão através do passe;
  • Quanto mais grossa a aresta, maior a interação entre os vértices;
  • Quanto maior o diâmetro do círculo verde (que representa o vértice), mais conexões este estabelece com os demais.

Mas e agora, quais padrões podemos identificar?

Analisaremos um jogo!

Vamos usar a imagem acima como exemplo e, com base nela, identificar alguns padrões. Assim sendo, os padrões que, à primeira vista, saltam aos olhos são:

  • Jogador camisa 4 o mais acionado (maior diâmetro);
  • Jogador camisa 5 é quem mais estabelece fortes conexões com os demais;
  • Muita troca de passe entre defensores;
  • Goleiro com forte conexão com os zagueiros, o que pode sugerir uma saída de jogo apoiada com maior frequência;
  • Corredor esquerdo com maior conexão lateral-extremo/ponta, o que pode sugerir a prioridade do lateral direito em se conectar por dentro (mais construtor);
  • Laterais com boas conexões, o que pode sugerir grande auxílio deles na construção;

Beleza, esses são alguns dos vários pontos que conseguimos extrair da imagem, mas nunca se esqueça: a análise de apenas um jogo pode fornecer ideias erradas, pois vários dos padrões podem sofrer influências estratégicas. Ou seja, por exemplo, um jogador mais acionado, como aconteceu com o camisa 4, pode ter sido estratégia do adversário ou do próprio time. Então, não conclua nada após analisar apenas um jogo.

Além dos já citados, haveria outra enormidade de padrões identificáveis. Desta forma, citando apenas um, através da distância mais frequente dos passes seria possível identificar a preferência por um jogo mais apoiado ou direto.

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O que é tática no futebol?

A análise tática no futebol vem sendo cada vez mais importante para os times e jogadores. Mas, para fazermos uma análise de qualidade, precisamos entender o jogo e os momentos nele presente. Logo, quanto mais conhecermos de futebol, melhor será nossa análise.

O que é tática no Futebol?

Vamos começar entendendo o que é essa palavra tão ouvida nos dias de hoje. Tática não é só a forma como o time se dispõem em campo, mas também a maneira que ele ataca e defende, tanto de maneira coletiva, grupal ou individual. Ou seja, se o time avança através do jogo apoiado ou ataque rápido. Se ele defende com duas linhas de 4 ou no 1-4-2-3-1. Se a marcação é individual, por zona ou mista, entre outras tantas formas de atacar e defender. Tudo isso é tática.

Estratégia x tática

Muitos confundem tática e estratégia, porém são coisas diferentes. A primeira está voltada ao todo, como vimos antes, já a estratégia são aspectos menores e usados em partidas específicas.

A estratégia é a maneira como o time irá maximizar seus pontos fortes e diminuir os fracos, além de conter os pontos fortes e explorar os pontos fracos do adversário. Dessa forma, a estratégia é montada com base na tática e visando questões importantes do adversário.

No entanto, vamos imaginar que o time A tem como ponto fraco o lado direito de defesa. Já seu próximo adversário possui o lado esquerdo muito forte no momento ofensivo, com jogadores rápidos e de bom drible. Visto isso, o treinador do time A terá que montar uma estratégia para jogo, visando bloquear o lado forte do adversário.

Quando falamos em tática devemos imaginar algo maior que somente o próximo jogo. Ou seja, ela estará presente em todas as partidas, será o modelo de jogo padrão da equipe nos momentos de atacar e defender.

Momentos e fases do jogo

Eu falei nos parágrafos acima sobre momentos e fases do jogo. Mas, o que são eles? Então, antes de explicar quais os momentos e fases presentes em campo, vamos defini-los.

Momentos: são períodos curtos de tempo, instantes. Eles ocorrerão entre as fases do jogo. Aqui se enquadram as transições ofensivas e defensivas.

Fase: são períodos de tempo mais duradouros que os momentos. Aqui entrará as organizações ofensivas e defensivas.

No futebol temos 5 momentos e fases: Organização ofensiva, transição ofensiva, organização defensiva, transição defensiva e bolas paradas. Vamos explicar cada uma delas.

Organização ofensiva

É a fase em que a equipe tem a posse da bola e irá atacar de forma organizada, ou seja, os jogadores ocupam sua posição/função no campo e buscam maneiras de chegar ao gol adversário.

Transição ofensiva

Momento da partida no qual a equipe recupera a posse da bola e busca atacar de forma muito rápida, procurando os espaços deixados pelo adversário. A partir do ponto que a equipe roubou a bola e iniciou o ataque, passará de transição para organização ofensiva, mesmo que essa não esteja devidamente “organizada”. Ou seja, a transição será somente um instante que precede a fase ofensiva.

Organização defensiva

Assim sendo, a organização defensiva se refere à fase em que o time está postado na defesa, visando roubar a bola e dificultar as ações ofensivas do adversário.

No exemplo abaixo vemos a equipe amarela se defendendo no 1 4-4-2 em linha. As formas de organização defensiva são diversas e ilimitadas. Cada equipe se ajusta conforme a tática planejada pelo treinador

tática no futebol
Fonte: criadopelo autor em www.tactical-board.com

Aqui usamos o exemplo da equipe defendendo em bloco baixo. Porém a organização defensiva pode ocorrer em qualquer faixa do campo, como em uma pressão na saída de bola, por exemplo, visto que a sua referência é a estruturação da equipe e não o local do campo em que está acontecendo.

Transição defensiva

Como vocês já devem ter percebido, esse momento se refere ao instante logo após perder a bola. Ou seja, assim que o adversário recupera a bola, você transita para a defesa, visando não permitir que o adversário chegue ao seu gol. 

Bolas paradas

Nestas situações entram todas as bolas paradas do jogo (escanteios, faltas, pênaltis e laterais), tanto ofensivas como defensivas. Visto que cada vez mais a bola parada é um meio de vencer partidas, a análise tática se preocupa muito em verificar padrões de movimentações dos adversários e estilos de cobranças, com objetivo de estar preparado para futuras jogadas. Assim como criar jogadas para sua equipe, afim de marcar gols.            

O mais interessante nos momentos do jogo é que eles acontecem muitas e muitas vezes na partida e em todos os locais do campo. Dessa forma a análise fica complexa, pois cada um desses momentos englobará diferentes atletas e quantidade de jogadores. Podemos então, através dessa visão, verificar a complexidade do jogo e dos momentos que ele nos proporciona.

Júlio Garganta disse que: “Durante uma partida surgem inúmeras situações cuja frequência, ordem cronológica e complexidade não podem ser previstas, exigindo uma elevada capacidade de adaptação e de resposta imediata por parte dos jogadores e das equipes a partir das noções de oposição presentes em cada fase de jogo.”

Criação de um modelo de jogo

Agora vocês já sabem o que é tática, estratégia e os momentos do jogo. Então irei citar um aspecto muito importante na criação do modelo de jogo. Os JOGADORES.

Todo jogador possui características próprias e diferentes dos demais. Ou seja, não podemos querer que atletas diferentes exerçam exatamente a mesma função, afinal, eles não são iguais. Portanto é de suma importância saber a “matéria prima” que se tem nas mãos.

Você não usa limões para fazer suco de uva, correto? Então analise o elenco que está a sua disposição, com objetivo de conhecer melhor cada atleta e colocá-lo em posições que renda mais, maximizando seus pontos positivos e minimizando os pontos fracos.

Instagram do autor:  @Christopher_Suhre

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A psicologia no futebol de base

A Psicologia no futebol de base é parte indispensável na formação de jogadores. Aliás, para além da formação no esporte, a psicologia possui um viés educativo nas categorias de base. Tanto que o certificado de clube formador da CBF, impõe como pré-requisito a existência de um profissional da Psicologia prestando serviço aos clubes.

Dessa maneira, o processo de formação dos jogadores necessita de vários componentes que nem sempre os clubes tem capacidade de oferecer. Isso porque os cuidados de maneira integral aos jovens jogadores custam muito para times de pequeno porte. Assim, a esmagadora maioria dos clubes brasileiros não possuem certificado de clube formador. Então o que é possível fazermos com o que temos?

O adolescente no futebol

As mudanças radicais que acontecem na adolescência geralmente são motivo de vários conflitos para os atletas. Nesse período eles estão formando uma identidade ao passo que estão desenvolvendo habilidades de jogo. Com isso, o período conturbado pode ser trabalhado de maneira que os prejuízos não sejam tão grandes. E um acompanhamento com os garotos e com a família é de grande importância nesse momento.

Papel dos pais e treinadores

Sob o mesmo ponto de vista, a responsabilidade dos pais e treinadores nesse momento de transição é enorme. Muitas vezes a pressão exercida pelos pais/treinadores acaba prejudicando. Isso porque muitas vezes os pais/treinadores confundem pressão com motivação. Não se trata de colocar termos positivos para os atletas ou diminuir a cobrança, mas sim de mostrar as possibilidades reais sem desmotivar ou desmerecer.

Um dos pontos a serem observados é a relação entre expectativa e objetivos. Muitas vezes as expectativas são irreais e/ou os objetivos inalcançáveis. O desempenho de um jovem jogador tende a oscilar bastante e por isso não é interessante criar rótulos. Já vimos muitos jogadores tidos como promessas que não vingaram. Do mesmo modo jogadores dispensados que fizeram história em outros clubes.

Assim, em relação ao processo de amadurecimento, os jogadores diferem bastante. Tanto o amadurecimento psicológico quanto físico. Portanto, isso tem que ser levado em consideração para um melhor processo de ensino-aprendizagem. Aliás, a formação dos atletas deve respeitar as necessidades de cada um. Ao contrário do que se pensava antigamente, o processo de formação não é um processo de seleção dos mais prontos. A formação se dá pelo desenvolvimento das potencialidades e a correção dos erros.

E o que a psicologia no futebol de base tem a oferecer?

Em categorias de base o papel da Psicologia é diferente do alto rendimento. Apesar da urgência por resultados nas categorias de base, o desenvolvimento dos jogadores é o principal objetivo. Há uma necessidade de trabalhar um equilíbrio entre o desenvolvimento pessoal e profissional do atleta, com a busca por uma boa performance. Simultaneamente, há nas categorias de base uma função desportiva e uma função social.

Além das situações já mencionadas, nas categorias de base pode ser começado o treinamento de habilidades psicológicas. Pois as alterações de humor, agressividade e oscilações de desempenho são mais frequentes nessa faixa etária. E com isso o desenvolvimento da competência emocional se dá depois das competências técnicas, táticas e físicas.

Qual a função do psicólogo nas categorias de base no futebol?

Em síntese, o Psicólogo acompanha o desenvolvimento dos jovens, gerenciando conflitos e observando possíveis pontos positivos e negativos no processo de formação. Ao mesmo tempo, ele também inicia o processo de ensino de habilidades usadas no futebol profissional.

Fontes e Referências

Estrategias psicológicas para potenciar el cambio y el aprendizaje en futbolistas jóvenes

A psicologia aplicada às categorias de base do futebol

Autor- Instagram: @28padilha
matheuspadilhaar@gmail.com

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