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Como são as consultorias individuais de Análise tática no Futebol?

O que é consultoria?

Atualmente há um crescimento no setor de análise técnico-tática no futebol que busca olhar cada vez mais para o próprio jogador. Isso ocorre devido a inviabilidade da maioria dos clubes em disponibilizar um profissional para ser responsável por cada um de seus atletas. E esta é a carência que as consultorias táticas individuais buscam explorar, fornecendo análises mais precisas e específicas aos seus clientes.

Durante as consultorias, o jogador é exposto aos seus comportamentos técnico-táticos apresentados na última partida e também às informações pormenorizadas da forma de jogar do próximo adversário. Essa análise acerca do próximo adversário é realizada em 3 diferentes escalas:

  • Coletiva, para que o jogador conheça como a equipe adversária se comporta de forma geral;
  • Grupal, para reconhecer os comportamentos dentro de sua zona de atuação;
  • Individual, com informações sobre seus principais enfrentamentos durante a partida.
Fonte: criado pelo autor

Dito isto, as consultorias buscam gerar reflexões no jogador, através do entendimento de suas ações realizadas de forma positiva, ou onde há a possibilidade de melhora. Essa busca por reflexão fica mais evidente pela abordagem realizada, ao partir do pressuposto que não há verdade absoluta em um esporte tão complexo como o futebol.

Quais abordagens usar na consultoria?

É importante destacar que há diferentes abordagens em uma intervenção na consultoria técnico-tática. Tanto devido à faixa-etária do jogador, como também aos minutos em que esteve em campo. Os jogadores que atuam menos, por exemplo, para além das análises próprias, são expostos a análises de jogadores referência na sua função. Enquanto que os jogadores mais novos recebem material de acordo com sua faixa-etária, sem deixar de lado onde encontram-se em seu desenvolvimento cognitivo.

Cabe destacar que um dos principais objetivos da consultoria é gerar a reflexão nos jogadores acerca de seus comportamentos em campo. Uma vez que a reflexão é considerada uma aprendizagem ativa e responsável por uma das formas mais eficientes de aprender, onde o nível de aprendizagem chega a 70%. Ou seja, muito mais eficaz do que as abordagens que partem de uma imposição de ideais, “únicas e verdadeiras”, sem fomentar a participação do próprio jogador.

As consultorias individuais têm relação com o modelo de jogo da equipe?

É fundamental deixar claro que as consultorias trabalham em conjunto com a comissão técnica. Seu objetivo está na melhora do indivíduo dentro do contexto ao qual está inserido.

Na sequência do texto abordaremos 2 pontos fundamentais para a análise técnico-tática individual: 1) o processo de tomada de decisão; e 2) a busca por otimizar os movimentos.

Afinal, como já mencionado em outros momentos, o futebol é um jogo de gestão de espaço, e por consequência tempo. Então nada mais óbvio que buscar melhor reconhecer esse espaço e como se colocar nele de forma a economizar tempo para obter vantagens sobre o adversário.

Assim, tanto a melhora na tomada de decisão, quanto a otimização dos movimentos, colaboram para que a ação seja realizada em menor tempo.

Como inserir a tomada de decisão na análise técnico-tática?

Na literatura sobre futebol, frequentemente é afirmado que durante os 90 minutos de um jogo, os jogadores que atuam no topo do alto rendimento, tomam cerca de 2.400 decisões. Isto significa que são aproximadamente uma decisão a cada 2,25 segundos. Com base nisso, fica evidente a necessidade de melhorar a capacidade dos jogadores em tomar decisões, não é mesmo?

Então, a partir de um dos modelos do processo de tomada de decisão, o modelo pendular do Prof. Dr. Pablo Juan Greco (imagem abaixo), notamos dois fatores fundamentais para o processo e que são pilares da consultoria: a percepção e o conhecimento tático declarativo.





Fonte: Adaptado de estudos de Pablo Greco

Percepção

Em relação às formas de percepção, a visual assume grande importância, tendo em vista que são representativas na extração de informações do campo de jogo, e que sustentam a tomada de decisão. Portanto, a dimensão visual é fundamental para o rendimento dos jogadores para mapeamento do espaço, as chamadas “quebras de pescoço”, com intuito de retirar informações do ambiente de jogo que se encontram fora de seu campo visual.

Conhecimento declarativo

O conhecimento declarativo, por sua vez, segundo Júlio Garganta, se refere ao “saber o que fazer”, sendo quando, como o próprio nome diz, o jogador é capaz de declarar o conhecimento. Este tipo de conhecimento eleva a qualidade da tomada de decisão dos jogadores, aumentando assim a eficiência de suas decisões.

Logo, é por conta disso que a consultoria busca gerar reflexões no jogador. Este é o objetivo a ser atingido ao partir da não-existência de uma verdade absoluta, instigando o jogador a refletir sobre novas possibilidades de solução, a fim de desenvolver seu pensamento crítico e o conhecimento acerca do jogo. Isto é, desenvolver seu conhecimento tático declarativo.

Como a otimização dos movimentos contribui na análise individual?

Para além do processo de tomada de decisão, busca-se também otimizar os movimentos do jogador. Isto é, fazer com que o atleta realize menos movimentos para atingir seus objetivos, solucionando os vários problemas expostos pelo jogo mais rapidamente.

Dessa forma, vamos analisar 2 dos pontos que auxiliam a otimização dos movimentos: o centro de gravidade e a colocação dos apoios.

Centro de gravidade

A definição que a Prof. Dra. Adriana Marques Toigo traz para o centro de gravidade, em termos biomecânicos, é que ele representa um ponto matematicamente calculado ao redor do qual a massa do corpo está igualmente distribuída em todas as direções.

De forma mais simples e direta, quando um treinador diz para “abaixar o centro de gravidade”, se refere a flexionar os joelhos e inclinar o tronco levemente para frente. Aliás, você provavelmente já ouviu falar que algumas das qualidades do Lionel Messi são devidas ao seu baixo centro de gravidade, não é verdade? Então, em uma análise mais superficial, é possível dizer que sua agilidade para mudar de direção, e a capacidade de se manter em pé mesmo pressionado, são também potencializadas por seu baixo centro de gravidade, neste caso devido à baixa estatura (1,69m).

Portanto, a importância do centro de gravidade consiste em: quando mais baixo, tornar a ação ou reação do jogador mais rápida. Tendo em vista a maior agilidade conquistada ao aumentar o equilíbrio.

Apoios

Para os jogadores de futebol, os apoios são os seus pés, uma vez que os jogadores passam a maior parte do tempo em pé. Desse modo, em relação aos apoios, há vários pontos específicos aos objetivos da ação. Por exemplo, o distanciamento e a colocação dos apoios variam conforme o que se busca naquele momento. Assim, os apoios são específicos para cada situação, seja ofensiva ou defensiva, mas sem se esquecer do quão único é cada momento e da quantidade de formas diferentes para se solucionar cada situação-problema.

Enfim, as consultorias, como mencionado no início do texto, chegam para sanar uma carência. E, se tratando de um esporte em constante evolução, extremamente complexo e tão competitivo como o Futebol, com cada vez menos espaço-tempo para decidir e agir, devem em pouco tempo se estabelecer como uma norma no meio futebolístico.

Links e referências e páginas que fazem análise

Contato do Autor: @ralazzarottop

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Os dados e a análise de desempenho no futebol

O que é e como funciona a análise de desempenho no Futebol? O que faz o analista de desempenho? Como isto surgiu?

O que é análise de desempenho?

A análise de desempenho no futebol é um meio de conhecer melhor seu time e o seu adversário. Mas como fazer isso? Através do recolhimento de informações de treinos e jogos. E como recolho essas informações? Você pode usar softwares de última geração ou o bom e velho papel e caneta.

Falando em papel e caneta, você sabia que foi assim que iniciou a análise dos jogos? A princípio, ela surgiu na década de 50, quando um contador inglês chamado Charles Reep, apaixonado por futebol, decidiu colocar no papel as observações que já fazia sobre o jogo a mais de uma década. Ele verificou, por exemplo, que a maioria das jogadas de gol tinham no máximo 3 passes. Isso levou os clubes a adotarem o que chamamos hoje de jogo com bolas longas, ou seja, poucos passes e muita verticalidade.

Dessa forma, o que Charles Reep observava, atualmente é chamado de dados quantitativos. Existem também as análises qualitativas. Vamos entender o que são e quais suas diferenças?

Dados quantitativos

Quando falamos em dados quantitativos estamos tratando de números, ou seja, tudo aquilo que podemos quantificar, por exemplo: número de passes errados num jogo, quantas finalizações foram em gol e quantas foram para fora, quantas roubadas de bola o time “A” teve, entre outras.

Afinal, você com certeza já conhecia os dados quantitativos, porém pode ter ouvido falar deles como estatísticas ou scout. Pois bem, isso tudo significa a mesma coisa.

Dados qualitativos

Já os dados qualitativos não têm a ver com números, mas sim com observações. Por exemplo: sistema de jogo do adversário é o 1-4-4-2, a forma como eles atacam é através de bolas longas para os atacantes, eles defendem muito bem pelas laterais, entre outras.

Como você pôde perceber, a forma qualitativa não terá uma resposta concreta para todas as perguntas. Ela será subjetiva aos olhos de cada um. Portanto, é importante que o analista saiba o que o técnico quer saber e quais as informações lhes trarão maior vantagem durante uma partida.

Dessa forma tanto as informações quantitativas quanto qualitativas podem ser analisadas de forma direta ou indireta. Mas o que é isso? Direta significa que é feita durante a partida, de forma paralela com o jogo. Já a forma indireta quer dizer que é feita após o jogo, por meio de filmagens.

Funções do analista de desempenho

  • Planejamento de treinos: Sim, ele participa do planejamento, construção; e do treino (mediante filmagem e análise ou auxiliando o treinador no repasse de informações e feedbacks aos atletas);
  • Recolhimento de informações de treinos e jogos: Já imaginou ter que recolher todas as informações que existem dentro de um jogo? Pois é, seria impossível. Por isso você conversará com o técnico anteriormente e definirá o que será colhido de dados naquele momento;
  • Análise: Após recolher as informações é hora de analisá-las;
  • Repassar: Depois de ter analisado tudo é hora de filtrar o que realmente é importante e repassar isso à comissão técnica e jogadores.

Enfim, após transmitir as informações é hora de começar tudo de novo. Planejamento, recolha de dados, análise e repasse da informação. Ou seja, um ciclo que nunca terá fim. Afinal, o trabalho em um time de futebol nunca está completo. Sempre tem algo que o time pode melhorar. E o trabalho do analista é auxiliar nisto da melhor forma.

Análise de desempenho no futebol brasileiro

O analista de desempenho demorou para chegar ao Brasil. Entretanto, hoje ele é peça fundamental em qualquer time de futebol. Os grandes times já possuem uma equipe de análise, visto a quantidade e riqueza de informações que podem ser adquiridas.

Do mesmo modo, quem deseja iniciar nessa função precisa ter muito conhecimento sobre um tema principal: o FUTEBOL. Você deve saber de tática, técnica, momentos do jogo, sistemas utilizados, tomada de decisão, entre outras centenas de aspectos que o jogo possui.

No mundo atual a informação é poder. E no futebol não é diferente. Quem tem mais e melhores informações já sai na frente.

Contato do autor : @Christopher_Suhre

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Como fazer uma análise tática do adversário no Futsal

Devo lembrar a você leitor que recentemente publicamos um texto aqui no blog sobre futebol denominado: como criar um relatório de análise tática do adversário. Portanto, hoje vamos falar sobre como realizamos uma análise tática do adversário no Futsal?

Análise tática do adversário no futsal

Primeiramente, podemos dizer que sim, o exemplo de relatório do texto citado pode ser considerado para o Futsal. Contudo, devemos nos atentar às especificidades do Futsal perante o Futebol.

Dessa maneira, recomendamos vivamente a leitura do texto: quais as principais diferenças técnicas entre o Futsal e Futebol. Pois, acreditamos que a compreensão do conteúdo citado poderá auxiliar na adaptação na construção do relatório de análise tática do adversário.

Do mesmo modo, o livro de Rui Rodrigues denominado “Treinar Futsal” propõe algumas perguntas para cada fase do jogo (defesa e ataque) de modo a contemplar uma ficha de análise tática do adversário no futsal.

Ataque

Neste sentido, separamos alguns tópicos que devemos prestar atenção ao analisar o jogo no fase de ataque.

  • O adversário joga organizado, faz leitura de jogo?
  • O adversário prefere o ataque rápido ou pausado?
  • Qual a zona da quadra preferida para o adversário atacar / por onde ataca mais?
  • Jogam em contra-ataque? Quando? Qual tipo?
  • O que há de melhor no ataque adversário?
  • O que há de pior no ataque adversário?
  • Contra qual defesa o ataque é mais eficiente?
  • Qual o jogador municiador e organizador do ataque?
  • Quem toma a responsabilidade na finalização ou concretização da ação de ataque?
  • Que tipo de defesa pode ser eficaz contra este adversário?

Defesa

Portanto, aqui, separamos alguns tópicos que devemos prestar atenção ao analisar o jogo no fase de defesa.

  • Quais os sistemas defensivos que a equipe aplica?
  • Qual a melhor defesa e qual a defesa que joga mais tempo?
  • Qual a pressão na bola e onde começa a pressão?
  • Quais linhas de passe o adversário tenta fechar?
  • A equipe joga em pressão? Qual tipo de pressão?
  • Qual a qualidade da transição defensiva?
  • O que há de melhor na defesa do adversário?
  • O que é pior na defesa do adversário?
  • Há jogadores lentos na defesa?
  • Qual ataque será eficiente contra eles?

Textos complementares para análise tática no futsal

Além disso, é importante destacarmos outras produções sobre análises de desempenho e tática presentes aqui no blog:

Assim, os textos mencionados nos dão uma excelente base para introduzir conceitualmente o papel do analista de desempenho de uma equipe. Portanto, considerando as devidas especificidades entre os esportes, o conteúdo exposto é de suma importância para quem se interessa pela área de análise de desempenho no Futsal.

Por fim, destacamos que em diversas competições, tanto profissionais como amadoras, o nível dos atletas se assemelham. Desse modo, qualquer informação extra dos adversários é de grande valia para uma equipe bem organizada. Além disso, destacamos a importância do analista de desempenho neste contexto, dado que um modelo de relatório de análise tática bem organizado pode influenciar positivamente nas pretensões da equipe para a temporada.

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Contatos do autor:
E-mail: tassiosardinha@gmail.com
Instagram: @tsardinha1

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Como ser scout de futebol?

O Scouting é uma área em franca ascensão no futebol. E por isso, cada vez há mais interessados em ingressar nesta vertente de observação de jogadores, quer seja para clubes, agências de representação de jogadores ou para empresas prestadoras de outros serviços de observação. Neste texto não passaremos uma “receita” de como ser scout de futebol, visto que ela não existe. No entanto, falaremos o que os empregadores na área do Scouting procuram e valorizam.

O que os clubes e agências procuram num scout de futebol?

Muitas das características que os clubes e agências procuram num scout de futebol são idênticas, quer sejam elas técnicas (ao nível do conhecimento), sociais ou psicológicas.

Algumas das características valorizadas num scout são:

  • Bom conhecimento do jogo e do treino;
  • Boa capacidade de análise individual e coletiva;
  • Formação e capacitação, estando em constante aprendizagem;
  • Proatividade;
  • Ambição e Autocrítica;
  • Pessoas motivadas e resiliente;
  • Capacidade de adaptação;
  • Disponibilidade de tempo;
  • Isento e imparcial;
  • Organizado;
  • Discreto.

Em caso de candidatura espontânea, quem abordar?

Muitas das candidaturas que os clubes e agências recebem são espontâneas, ou seja, não provém de uma oferta de emprego, mas sim de um contato direto com algum responsável da entidade. Então, exploraremos um pouco sobre quem abordar quando você for realizar uma candidatura espontânea.

Em caso de clube:

No caso de um clube, há diversas pessoas que podemos abordar. No sentido de integrar o departamento de Scouting, no entanto, destacaremos duas pessoas mais indicadas para receberem a candidatura.

Chief de scout / Coordenador de scouting

A pessoa mais indicada para abordar sobre a possibilidade de integrar o departamento de Scouting de um clube é o Coordenador de Scouting ou Chefe de Scout, porque ele é o responsável do departamento de observação individual de um clube.

Diretor Esportivo

O diretor esportivo é uma das figuras mais importantes do clube, tanto ao nível da tomada de decisão como de influência ao nível esportivo. Além disso, ele está em contato direto com o coordenador de Scouting do clube, sendo uma das pessoas mais indicadas para abordar o assunto de sua candidatura. Em alguns casos, sobretudo em clubes de divisões mais inferiores, não existe um departamento de Scouting, sendo o diretor esportivo a pessoa que está responsável sobre a matéria do Scouting e análise individual.

Para além destas 2 pessoas acima descritas, o candidato pode contatar outras figuras do clube, por exemplo: presidente, diretor/coordenador técnico ou treinador. Mas, isso dependerá de como o clube está organizado e qual a realidade de cada um.

Em caso de agência de representação:

No caso de uma agência de representação, o candidato deverá buscar outras pessoas para apresentar sua candidatura. À semelhança dos clubes, destacaremos as duas principais figuras que deverão ser abordadas para manifestar seu interesse de trabalho.

CEO/Fundador

Primeiramente falaremos do CEO e/ou fundador, sendo o responsável máximo da agência. Todas ou quase todas as decisões mais importantes passam por ele, incluindo a entrada de um novo membro, seja ele scout de futebol ou agente.

Chefe de scout / Coordenador de Scouting

Assim como nos clubes, nas agências o Chefe de Scout também é o responsável pelo departamento de Scouting de uma agência. Apesar de, normalmente, a entrada de um scout não depender só dele, mas também da decisão do CEO, o Chefe de Scout é, geralmente, uma figura mais acessível de contatar em comparação com o CEO.

Para integrar o departamento de Scouting de uma agência, o candidato também pode contatar outras figuras daquele local, por exemplo, um agente ou scout que seja seu conhecido e já esteja nos quadros da empresa.

Como abordar os empregadores?

Após escrever sobre quem abordar, falaremos sobre outro ponto importante: como abordar os empregadores?

Há diversas formas de contactar os empregadores, sendo que as mais aconselháveis são:

  • E-mail;
  • Contato telefônico (WhatsApp ou ligação);
  • Redes sociais (destacando o LinkedIn).

O que aprendemos sobre o Scout de futebol?

Assim como referido no início do texto, uma grande parte das candidaturas recebidas são de forma espontânea. Sob o mesmo ponto de vista, boa parte das candidaturas espontâneas são aceites ou, caso não sejam aceites de imediato, normalmente os recrutadores (clubes e agências) deixam a candidatura na base de dados, para caso haja alguma necessidade num futuro próximo. Portanto, a candidatura espontânea é uma boa opção para os profissionais que querem entrar no mundo do futebol, mais especificamente do scouting.

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Como criar um relatório de análise tática do adversário

O que é um relatório de análise tática do adversário no futebol?

De antemão, para aqueles que não sabem, o relatório de análise tática do adversário é normalmente criado pelo analista de desempenho. Assim, ele coloca algumas características do adversário que acha pertinente. Posteriormente, esse relatório será entregue para o técnico, o qual começará a pensar nas estratégias que deve adotar para vencer o próximo confronto.

Esse relatório, normalmente, possui um padrão. Nele é colocado, por exemplo, a escalação do adversário, como ele se organiza ofensivamente e defensivamente, como faz as transições ofensivas e defensivas, além das bolas paradas, facilitando o trabalho da comissão técnica, a qual conhecerá melhor o próximo adversário.

Pontos essenciais em um relatório de análise tática do adversário

Escalação do adversário

Primeiramente, é interessante começar o relatório com a escalação do adversário. Faça a apresentação em forma de campo e com a foto de cada jogador. Dessa forma, a visualização fica facilitada e os atletas já começam a observar quais adversários cairão na sua zona do campo.

Além do campo com a foto dos jogadores, você pode colocar outras informações, por exemplo: quais jogadores mais são substituídos, quais tem mais probabilidade de entrar, número do jogador, altura, pé dominante, etc… Isso ajudará os atletas a gravar algumas características dos seus oponentes diretos no campo.

Exemplo de escalação apresentada em um relatório. Fonte: criado pelo autor.

Organização Ofensiva

Agora, serão citados os momentos e fases do jogo de futebol e o que podemos identificar em cada um deles. Pois bem, caso ainda não tenha conhecimento sobre cada um deles, aconselhamos a leitura deste texto.

Nesse momento o relatório começa a se encaminhar para como a equipe pratica o futebol. Desse modo, nesse tópico é interessante colocarmos as maneiras que o adversário constrói seus ataques. Para facilitar a compreensão, podemos dividir essa parte em 3 itens:

  • Saída de bola ou 1º terço;
  • Fase de construção ou 2º terço;
  • Fase de criação e finalização ou 3º terço.

É de suma importância, em cada subdivisão do relatório a partir de agora, destacarmos qual o jogador principal naquele momento ou fase. Dessa forma, prendemos a atenção tanto da comissão técnica quanto dos jogadores para aquilo e/ou aquele que realmente é um diferencial.

Além disso, seu relatório de análise tática do adversário no futebol deve ser de fácil entendimento, em outras palavras, não polua demais os slides/PDF’s, coloque imagens claras e textos diretos e simples. Isso fará com que todos compreendam o que você quer passar.

Transição Defensiva

Aqui exploraremos como a equipe se porta após perder a bola. Iremos identificar se o adversário opta por pressionar a bola após perdê-la, com quantos jogadores faz isso, em quais regiões mais consegue roubá-la, ou se prefere recuar os jogadores a fim de se organizar defensivamente, etc. Identifique se há gatilhos de pressão e quais os atletas são importantes neste momento.

Organização Defensiva

Neste tópico iremos analisar como a equipe adversário se organiza defensivamente.

Antes de mais nada, podemos colocar informações como: qual o esquema de jogo mais utilizado e suas variações, onde mais recuperam bola, para qual região do campo o adversário gosta de lhe atrair, entre outras. De modo a facilitar o entendimento, podemos dividir este tópico em outros 3 itens:

  • Pressão na saída de bola;
  • Linha média;
  • Bloco baixo.

Em síntese, podemos dar mais detalhes da organização defensiva em cada um desses 3 “submomentos”.

Transição Ofensiva

Este é o último tópico de análise do adversário com bola rolando. Podemos verificar quais os mecanismos que o adversário usa para transitar em campo após recuperar a bola, por exemplo: ele retira a bola da pressão ou busca progredir em campo no local que recuperou a bola? Há variação de corredor? Qual é o jogador chave para este momento? Há muitas outras perguntas quem podem ser respondidas, de modo a achar soluções para o jogo. Enfim, use sua criatividade para achar detalhes que façam a diferença para sua equipe.

Bola parada Ofensiva

Podemos listar algumas bolas paradas ofensivas do adversário, como:

  • Escanteio;
  • Tiro de meta;
  • Pênalti;
  • Laterais
  • Faltas laterais;
  • Faltas frontais.

Assim, verifique os padrões de cobranças e quais são mais eficazes por parte do adversário. Identifique também quem são os cobradores e quem é o maior perigo na bola aérea.

Bola parada defensiva

Posteriormente, após vermos como o adversário ataca nas bolas paradas, iremos colocar no relatório como ele se defende delas. Podemos utilizar a mesma listagem acima. Então, é interessante vermos o estilo de marcação que usam nelas, sendo elas:

  • Por zona;
  • Individual;
  • Misto.

Em suma, podemos ver quais os pontos frágeis da defesa e tentar nos aproveitar deles.

Estatística no relatório

Juntamente às informações do adversário que foram colocadas no relatório, é interessante adicionar algumas estatísticas, para validar aquilo que você quis mostrar. No entanto, a estatística por si só, colocada de maneira solta, pode confundir os atletas e comissão técnica e, muitas vezes, ela não dirá nada de importante. Isto é, é fundamental que você dê sentido a ela, faça-a ter valor. Afinal, como diz Albert Einstein: “nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.”

Portanto, depois de tudo que vimos no texto até agora, sabemos que o relatório do adversário no futebol é essencial para a comissão técnica e jogadores se prepararem de forma rápida para o próximo confronto. Além da velocidade na entrega da informação, o relatório traz pontos chaves do adversário, isto é, mostra pontos fortes e fracos de quem enfrentaremos.

Lembrando que este é só um exemplo de relatório de análise tática do adversário no futebol. Bem como, existem outras formas de fazê-lo. Poratnto, você pode usar este modelo e adequar a sua realidade, vendo o que é mais eficaz para o seu time.

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Saída de 3 no futebol

No texto de hoje abordaremos a saída de 3 no futebol. Até algum tempo atrás o mais comum era observarmos o time sair jogando com os dois zagueiros e dois laterais numa região mais recuada do campo (1ª fase de construção). No entanto, atualmente, muitas são as equipes que iniciam as suas jogadas ofensivas com a saída de 3.

O que é a saída de 3?

A saída de 3 no futebol é quando uma equipe irá iniciar a organização ofensiva na 1ª fase de construção com somente 3 jogadores. Vejamos a figura abaixo para compreender melhor.

Criada pelo autor usando o tactical-board.

As saídas de 3 mais comuns são executadas das seguintes formas (iniciamos pelo jogador mais à direita, depois o centralizado e, por último, o jogador situado à esquerda):

  • Zagueiro, volante e zagueiro;
  • Zagueiro, zagueiro e lateral esquerdo;
  • Lateral direito, zagueiro e zagueiro;
  • Volante, zagueiro e zagueiro;
  • Zagueiro, zagueiro e volante;
  • 3 zagueiros.

Antes de mais nada, vale ressaltar que não existem maneiras certas e erradas de realizar a saída de 3. Os jogadores envolvidos nesse momento precisam ter determinadas características, o que irá mudar de elenco para elenco.

Além disso, a saída de 3 possui características próprias. Vamos entender o porquê muitos times estão optando por usá-la.

Por que usar a saída de 3?

A saída de 3, em comparação a tradicional saída de 4 jogadores (2 zagueiros + 2 laterais),  visa utilizar menos jogadores na 1ª fase de construção, o que permite termos mais atletas no restante do campo. Além disso, como muitos times marcam com 2 atacantes, é uma forma de obtermos vantagem numérica na saída de jogo.

Mas, para que a saída de 3 seja eficaz, precisamos nos ater a alguns pontos importantes. Vamos a eles.

Zagueiro canhoto

Um detalhe importante para realizar a saída de 3 no futebol é ter um zagueiro (ou outro jogador) canhoto atuando pelo lado esquerdo. O simples fato de ter um jogador canhoto ou destro nessa posição pode mudar completamente a qualidade da construção. Isso porque, o jogador canhoto, quando recebe a bola do jogador centralizado, terá a opção de fazer o passe para o lateral esquerdo que está mais avançado, ou achar um passe entre linhas. Caso fosse um jogador destro atuando pelo lado esquerdo, essa ação ficaria dificultada, visto que ele precisaria ajustar todo seu corpo antes do passe, fazendo-o perder tempo.

Qualidade na diagonal longa

Outro ponto a ser destacado é a qualidade dos 3 jogadores na diagonal longa. Mas, o que é a diagonal longa? Em suma, a diagonal longa seria o lançamento de um dos defensores para um jogador do outro lado do campo. Vamos ao exemplo da figura abaixo.

Criada pelo autor usando o tactical-board.

Essa diagonal longa permite que, quando o time adversário estiver marcando compactadamente por um lado do campo, a bola chegue rapidamente ao lado oposto. Em outras palavras, o jogador que receber a bola terá menos adversários nessa região, podendo levar mais perigo ao gol adversário.

Qualidade na condução

Na saída de 3, muitas vezes, os defensores estarão em superioridade numérica. Dessa forma, é importante que, quando o jogador com bola estiver livre, ele consiga conduzir e criar espaços. Isto é, não necessariamente o atleta da saída de 3 precisa receber e tocar a bola para alguém mais à frente. Ele pode conduzir a bola e se somar aos homens à frente, sendo mais uma preocupação para a defesa adversária.

Característica do nº 5

Além dos 3 jogadores responsáveis pela saída de bola, é necessário que o jogador mais a frente (usarei como referência o nº 5), saiba jogar de costas para a pressão. Isto é, muitas vezes a bola sairá de um dos 3 defensores e chegará a esse 1º médio, que precisará receber de forma orientada, girar sobre seu marcador e dar continuidade a jogada. Caso ele não tenha essas características, a construção de jogo pode não fluir.

Desvantagens da saída de 3

Até agora falamos somente sobre os pontos positivos da saída de 3 e quais as características importantes que os jogadores que atuam nela devem conter. Mas, como tudo no futebol, há o lado positivo e o negativo. Então, a partir de agora, abordaremos as desvantagens dessa formação.

Transição defensiva vulnerável

Um dos principais pontos negativos é a transição defensiva quando perdemos a bola próximo aos 3 defensores. Afinal, como estamos construindo com menos jogadores atrás, quando perdemos a bola, temos menos jogadores atrás para defender. Assim, se os jogadores mais à frente não se comprometerem em recuperar a bola rapidamente, pode haver problemas defensivos.

Espaço pelos lados

Todos sabemos que o futebol é um esporte de tempo e espaço. Ou seja, quanto mais tempo e espaço tivermos, maiores as chances de chegar ao gol. Dessa forma, vemos que os espaços deixados no momento de atacar podem ser explorados pelo adversário. O principal espaço dessa formação está ligada aos corredores laterais. Isso ocorre porque, no momento de atacar, os laterais estarão projetados mais à frente. Vejamos o exemplo da figura abaixo para entender melhor.

Criada pelo autor usando o tactical-board.

A saída de 3 já é um marco do futebol atual. Portanto, nesse texto abordamos alguns pontos de como ela é estruturada, seus benefícios, características necessárias aos jogadores que atuam nela e quais as desvantagens que ela possui. Ainda nesse sentido, lembramos não haver certo e errado no futebol. Tudo dependerá de como o treinador imagina o jogo e quais os jogadores que ele tem à disposição.

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Por que os gols de falta no futebol estão diminuindo?

No passado, era comum os torcedores temerem alguns excelentes cobradores de bolas paradas. Afinal, Zico, Neto, Marcelinho Carioca e Rogério Ceni eram especialistas que tornavam as faltas em chances claras de gol. No entanto, atualmente, comemorar os gols de falta tornaram-se eventos cada vez mais raros no país do futebol.

O gráfico abaixo, evidencia a queda de 2011 a 2020 no campeonato brasileiro. Com exceção da edição de 2021, são 62% de gols a menos nos últimos 8 anos.

Diante disso, quem são os culpados por essa redução?

Diminuição na quantidade de infrações

Segundo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o jogo está cada vez menos faltoso, dado que, de 2015 a 2019, houve uma diferença de 130 faltas marcadas no Brasileirão. Uma das justificativas para isso, trata-se da evolução tática do jogo.

Conforme o livro de Israel Teoldo da Universidade Federal de Viçosa, a tática no futebol significa gestão do espaço. Dessa forma, os jogadores atuais administram o espaço onde se localizam de forma mais eficaz, proporcionando, portanto, melhores distâncias entre eu-companheiro (cobertura defensiva) e eu-opositor (contenção), para disputar a bola sem atraso e, consequentemente, evitar faltas involuntárias.

Evolução da barreira

Pesquisadores do Imperial College London, revelam o aumento de 4 cm na altura média de jovens brasileiros nos últimos 35 anos, devido, principalmente, a maior disponibilidade de alimentos e a menor exposição a doenças no ano de nascimento.

O crescimento mencionado acima também foi notado nas seleções brasileiras de 1970 a 2018. De 1970 a 1994, a altura média correspondia a 1,77cm. Já de 1998 a 2018, a mesma medida aumentou para 1,81cm.

Seguindo a mesma lógica evolutiva, uma análise realizada por quem vos escreve, observou um comportamento padrão positivo na barreira atual, que antigamente era pouco desempenhado.

No total, estudamos 60 cobranças de faltas, divididas em dois grupos com 30 gols em cada: finalizações antigas e finalizações atuais. Em 20 dos 30 gols realizados no passado, a barreira preferiu se manter estática. Entretanto, nas 30 cobranças atuais analisadas, a barreira optou 27 vezes pelo salto. Veja alguns exemplos no vídeo abaixo:

Mas, por que esse deslocamento não acontecia com tanta frequência?

Conversando com alguns preparadores de goleiros inseridos em clubes brasileiros, podemos concluir que antigamente era instruído para a barreira permanecer imóvel, pois quanto mais movimentos os jogadores realizavam, mais o guarda redes era prejudicado. A julgar pelas situações em que os atletas abrem a barreira e permitem o gol adversário.

No entanto, com o passar dos anos, verificamos que, quando devidamente coordenada para o salto, a barreira tende a ajudar o goleiro através de cabeceios. Desse modo, esses novos constrangimentos do futebol moderno dificultam a acurácia nas batidas, e consequentemente, resultam em menos gols de falta.

Prevenção de lesões

Muito se fala da interferência dos fisiologistas e preparadores físicos, perante as cobranças de bolas paradas após a sessão de treino. Afinal, essa intervenção se torna compreensível, após considerarmos a exigência física do jogo atual, somada com as viagens desgastantes em um calendário repleto de competições.

Enquanto na década de 70, o jogador profissional percorria de 4 a 7 km/jogo, o atleta atual se desloca entre 9 e 11 km/jogo, afirma o fisiologista do São Paulo F.C.

Portanto, o cuidado da comissão técnica precisa ser imposto para haver equilíbrio entre sobrecarga e volume no momento ideal da semana.

À vista disso, uma alternativa seria dividir a quantidade total de cobranças de faltas nos dias da semana, havendo uma baixa intensidade, mas com treinos constantes.

Contudo, em virtude do vasto conteúdo para ser abordado em tão pouco tempo, o técnico pode optar pelo treino de bolas paradas apenas um dia antes do jogo. Assim, a estratégia será convocar pelo menos 3 jogadores para praticar esse fundamento, visto que, a repetição alta poderá prejudicar o único cobrador daquele dia. Temos como exemplo o comentário do ex-jogador Neto, relembrando o treinamento de 70 cobranças diárias, mas sofrendo com lesões constantemente.

Avanço da tecnologia

Com o passar dos anos, métodos, equipamentos e softwares foram desenvolvidos de modo a corrigir os mínimos detalhes e garantir melhores performances. Cito a entrevista com o goleiro Weverton, conquistador do ouro olímpico de 2016, em que o pênalti defendido se deveu a um estudo dos analistas de desempenho para prever a batida do adversário.

Nesse sentido, a tecnologia facilita a antecipação de movimentos provocados pelos cobradores de bolas paradas, analisando, principalmente: pé dominante, biomecânica da finalização, velocidade do chute e canto preferido.

Portanto, assim como tudo na vida, o futebol também evolui. Dentro e fora de campo, as ciências do esporte contribuíram para um jogo mais desenvolvido nas últimas décadas. Basta assistir à uma partida de 40 anos atrás e, posteriormente, observar um jogo atual. Não há período melhor ou pior, cada contexto é único. Logo, seria injusto inserir parâmetros modernos no futebol mais longevo, e vice-versa.

Por que os gols de falta diminuíram?

Os tempos são outros e, com a influência contextual, as tendências vêm e vão. Hoje, vimos apenas alguns argumentos sobre a atual dificuldade de gols de falta, dentre eles: menor quantidade de infrações marcadas, evolução estrutural e técnica da barreira, cuidado com as lesões e avanço da tecnologia.

Os especialistas nessas cobranças estão sumindo, mas será que a especialidade passou a ser outra e você ainda não a enxergou?

Confira abaixo um episódio do Podcast sobre o assunto:

Fontes e Referências

http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Times/Selecao_Brasileira/0,,MUL1383500-15071,00.html

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Scouting de treinadores

O scouting já é uma ferramenta bem conhecida e cada vez mais valorizada quando falamos da observação de jogadores para reforçar uma equipe. No entanto, há uma vertente do scouting que ainda é desconhecida para muitos, mas que está em ascensão. Estamos falando do scouting de treinadores, ou seja, a observação de treinadores.

O que podemos observar em um treinador?

Podemos analisar no treinador diversos aspectos com o objetivo de identificar um perfil ideal para a equipe. Alguns dos aspectos considerados são:

Modelo/ideias de jogo

Acredito que este seja o principal ponto que devemos considerar. É importante analisar o modelo de jogo e as ideias do treinador ao longo dos diversos anos da sua carreira. Assim, podemos perceber se o modelo de jogo que o treinador quer aplicar na equipe vai ao encontro da filosofia do clube. Outra possibilidade muito utilizada, sobretudo em clubes britânicos, é a entrevista com o treinador. Em outras palavras, é um momento entre o candidato a treinador e os tomadores de decisão do clube. Nesse momento o treinador apresenta as suas ideias, além de ser submetido a questões por parte do clube interessado.

Personalidade

É importante caracterizar a personalidade do treinador, tanto dentro do campo como fora dele. Por exemplo, entender como é o treinador no futebol e na vida, se tem uma personalidade forte, mais agressiva, mais tranquila, etc. Essa caracterização é fundamental para entendermos se o treinador se adéqua com o que o clube necessita e pretende para comandar a sua equipe. Podemos observar este aspecto através do seu comportamento e atitude durante o jogo, entrevistas e, até mesmo, questionando ex-jogadores e ex-colegas do profissional em questão.

Plantel do clube

Ligado aos dois últimos aspectos aparece o plantel do clube. É fundamental percebermos se as ideias do treinador são compatíveis com o plantel que o clube tem à sua disposição. Além disso, devemos nos atentar se a personalidade que o treinador tem é compatível com o que os jogadores necessitam, de modo a melhorar o rendimento da equipe e evitar algum mal-estar no vestiário.

A importância do Scouting de treinadores

O scouting de treinadores está em crescimento, pois tem demonstrado grande importância para o sucesso da equipe. Isto porque, através da análise demonstrada nos pontos anteriores, permite-nos identificar um ou mais treinadores que se encaixam no perfil pretendido pelo clube. Quando um perfil de treinador se enquadra com perfeição na filosofia do clube e com o plantel que tem à sua disposição, a possibilidade de ter sucesso é muito grande!

Por sua vez, temos exemplos de treinadores reconhecidos mundialmente, mas que fazem trabalhos medíocres em certos clubes, pois, muitas vezes, eles têm filosofias opostas. Dessa forma, uma das razões para o insucesso poderá ser a má ou a falta de realização de scouting de treinadores no clube.

Contato do Autor
E-mail: diogorunafutebol@gmail.com
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Confira abaixo um episódio do Podcast sobre o assunto:

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Tipos de marcação no futebol

Após o texto publicado aqui no Ciência da Bola sobre as formas de atacar do futebol, achamos interessante apresentar o contraponto do ataque, a marcação. Dessa forma, iremos apresentar os tipos de marcação no futebol, principalmente os mais utilizados. O texto será dividido em duas partes. Em primeiro lugar, falaremos dos tipos de marcação no futebol. Em segundo lugar, abordaremos a altura dos blocos no momento defensivo.

Quais os tipos de marcação no futebol?

Antes de mais nada, neste texto vamos abordar 4 tipos de marcação no futebol: individual, zonal, por encaixes e mista. Cada uma delas possui peculiaridades e formas diferentes de se entender o jogo.

Primeiramente, gostaria de deixar claro que essas 4 formas de marcar não são as únicas existentes. Há outras maneiras de se defender, como a híbrida, zona pressionante, entre outras. Mas escolhemos falar das 4 citadas acima pela sua maior usualidade no futebol.

Marcação Individual

Este estilo de marcação talvez seja o mais conhecido. Nele, o defensor terá como objetivo perseguir o jogador adversário, independente de onde ele se posicionar. Ou seja, é o famoso “cada um pega um”.  Veja na imagem abaixo uma representação desse conceito.

Imagem 1. Fonte: criado pelo autor usando o tactical-board.

Neste estilo de marcação é importante que os marcadores levem vantagem sobre seus adversários, pois, caso sejam driblados ou deixem o opositor receber com oportunidade de progredir, causará uma desorganização no restante da equipe, visto que deverá haver uma compensação para que algum defensor faça a contenção no homem com bola.

Marcação por zona

Nesta marcação, diferentemente da anterior, o referencial não será o jogador, mas, sim, o espaço. Em outras palavras, cada defensor terá uma zona do campo para cuidar, independentemente de haver adversários lá ou não. Essa forma de marcar terá sempre linhas bem formadas pelos jogadores, exemplificando bem o desenho tático no momento defensivo. Na imagem 2 é mostrado a marcação por zona do 4-4-2.

Imagem 2. Fonte: criado pelo autor usando o tactical-board.

Além do já mencionado, essa forma de defender precisa que todos os jogadores estejam em sincronia. Isso porque, conforme o adversário troca passes de um lado para o outro, a defesa deve “flutuar junto”, ou seja, fazer o balanço defensivo para onde a bola está indo. Veja na imagem 3 um exemplo disso:

Imagem 3. Fonte: criado pelo autor usando o tactical-board.

Marcação por encaixes

Nesta marcação cada jogador irá marcar quem estiver no seu setor do campo. Uma das características desse estilo de marcação são as perseguições curtas. Em outras palavras, irei marcar meu adversário e acompanharei ele enquanto ele estiver na minha região do campo. No exemplo abaixo, o campo foi demarcado em setores. Assim, exemplificamos como seria o posicionamento da equipe em bloco médio.

Imagem 4. Fonte: criado pelo autor usando o tactical-board.

Agora darei o exemplo com os mesmos setores e adicionarei os adversários. Veja como cada jogador permanece em seu setor e visa marcar o adversário que se encontra nele.

Imagem 5. Fonte: criado pelo autor usando o tactical-board.

Ainda nessa linha, há algumas metodologias que dizem o seguinte: se em determinado setor o adversário possua superioridade numérica, o jogador de defesa mais próximo, que não está com nenhum marcador em sua região, deve se deslocar de setor, visando igualar o número de atacantes e defensores. Veja no exemplo da imagem 6.

Imagem 6. Fonte: criado pelo autor usando o tactical-board.

No exemplo acima, o jogador 2 teve que se deslocar de setor, pois o jogador 11 estava em inferioridade numérica.

Esta forma de marcar permite que os jogadores não realizem longas perseguições. Como resultado, quando recuperarem a bola, cada jogador estará na sua posição, podendo realizar um ataque com maior eficiência.

Marcação mista

A marcação mista é quando o time utiliza a marcação zonal e individual em simultâneo. Mas, como isso é possível? Bem, vamos dizer que a equipe marque de forma zonal sempre que a bola estiver com o adversário em corredor central. No entanto, caso a bola entre em um dos corredores laterais, o método de marcação naquela região será individual. Isso ficará mais claro no exemplo abaixo.

Imagem 7. Fonte: criado pelo autor usando o tactical-board.

No exemplo acima o time de vermelho realiza a marcação por zona no esquema 4-4-2. Agora, veja na imagem abaixo como o time se comportaria posteriormente, caso a bola entrasse no corredor lateral e a intenção fosse marcar individualmente por aquele local.

Imagem 8. Fonte: criado pelo autor usando o tactical-board.

Perceba que, quando a bola está em corredor lateral, o jogadores de defesa números 11 e 2 saem para realizar a marcação individual, enquanto o restante da equipe permanece fazendo a marcação por zona.

Lembrando que este é somente uma das formas de realizar a marcação mista. Ela pode ser modificada conforme o técnico achar mais interessante para sua equipe.

Altura dos blocos

Primeiramente, o futebol é um meio dinâmico e complexo, onde ações ofensivas e defensivas se interligam. Dessa forma, a altura dos blocos também é utilizada por várias pessoas para definir se aquela equipe é mais ofensiva ou defensiva. Isso pode ou não ser verdade. Existem três alturas de blocos diferentes: alta, média e baixa. Todas elas têm como referência estática o campo de jogo. Vamos falar sobre elas agora.

Bloco alto

A marcação no bloco alto é, como o próprio nome já diz, quando a equipe que defende sobe suas linhas, marcando os adversários numa região alta do campo. Normalmente esta forma de defender está associada a equipes mais ofensivas que, ou procuram recuperar a bola ainda na saída de jogo do adversário, ou induzem eles ao erro para ter a posse da bola.

Esta marcação precisa ser muito bem realizada pois, caso o adversário consiga sair dessa primeira linha de pressão, terá muito campo para correr, o que pode causar problemas a equipe.

Bloco Médio

A marcação em bloco médio é quando equipe está posicionada na altura do meio de campo. Esta marcação é um pouco mais comedida que a anterior, porém também é mais ofensiva que a marcação em bloco baixo (veremos ela em seguida).

Bloco baixo

Esta altura de marcação normalmente está associada a equipes mais defensivas, visto que sua área de marcação é muito baixa, longe da baliza adversária. Esta altura de marcação permite uma compactação maior da defesa, porque o campo se torna menor para defender. Por outro lado, também permite ao adversário estar mais perto do gol. A imagem a seguir representa a marcação em bloco baixo.

Neste texto você aprendeu um pouco mais sobre os 4 tipos de marcação citados: individual, zonal, por encaixes e misto. Além disso, também aprendeu sobre a altura dos blocos de marcação e um pouco sobre seus aspectos positivos e negativos. Em síntese, não existe forma correta ou errada de defender. Cada uma delas possui suas peculiaridades, cabendo ao técnico reconhecer qual se adéqua melhor ao seu modelo de jogo. Lembramos que os tipos de marcação estão muito associados as formas de atacar. Afinal, o jogo é um meio dinâmico, em que um aspecto tem influência direta em outro.

Contato do autor:
Instagram: Christopher_Suhre

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Princípios táticos no futebol

Primeiramente é preciso que você compreenda que tática no futebol, segundo o livro “Para um Futebol Jogado com Ideias”, diz respeito à forma como os atletas gerem o espaço de jogo, através de seus posicionamentos e movimentações. Dito isto, definiremos o que são os princípios táticos no futebol e, para isso, apresentaremos trecho do mesmo livro, onde é apresentado que “[…] os princípios táticos no futebol são conhecidos como um conjunto de normas sobre o jogo, proporcionando aos jogadores a possibilidade de atingir rapidamente soluções táticas para os problemas advindos da situação que defrontam”.

Então, vamos mencionar cada um dos princípios táticos no futebol seguindo sua hierarquia, partindo dos gerais, passando pelos operacionais, fundamentais e encerrando com os específicos.

Princípios táticos gerais

Antes de tudo, você compreende o porquê da utilização do termo “gerais”? Bom, caso a resposta seja não, explicaremos isso da seguinte forma. É geral, pois é um princípio comum às duas fases do jogo, enquanto se defende e enquanto se ataca, e aos demais princípios.

  • Não permitir a inferioridade numérica;
  • Evitar a igualdade numérica;
  • Procurar criar a superioridade numérica.

Mas por que é tão importante essa busca pela superioridade numérica? Veja as duas imagens abaixo, considerando que você não conhece os jogadores e responda: em qual delas, em tese, existe uma maior possibilidade do ataque levar vantagem? Em qual delas, também em tese, há maior possibilidade da defesa se sobressair ao ataque?

Princípios táticos operacionais

Bem como mostra o livro, os princípios táticos operacionais apresentam as ações necessárias para se alcançar o principal objetivo do jogo: obter vantagem no placar. Mas como conseguir essa vantagem? Vamos para eles:

Fonte: criado pelo autor

Princípios táticos fundamentais

São fundamentais porque são as regras de base, orientando as ações dos jogadores para facilitar a sua gestão do espaço de jogo. Mas, antes de falar sobre eles, vamos para as suas referências espaciais.

Fonte: criado pelo autor

Referências espaciais

Estáticas

São as referências presentes a partir da divisão do campo de jogo. Para esclarecer, usaremos como exemplo a imagem abaixo. O campo está dividido em 12 zonas. Duas linhas o cortam longitudinalmente, gerando três corredores (esquerdo, central e direito), e três linhas o cortam transversalmente, criando 4 setores (defesa, meio-campo defensivo, meio-campo ofensivo e ataque).

Dinâmicas

São dinâmicos porque dependem da bola, ou seja, de algo móvel. Estas referências são o epicentro do jogo, o centro de jogo e a linha da bola.

Portanto, o termo epicentro de jogo, segundo o livro, é “[…] o local onde se encontra a bola em determinado instante “t” de jogo”. Já o  centro de jogo é um círculo com raio de 9,15m cujo centro é a bola. E, por fim, a linha da bola é, como o próprio nome indica, uma linha que passa pela bola e é paralela às linhas de fundo.

Fonte: criado pelo autor

Sobre os princípios

Assim, são divididos em 12 princípios, sendo 6 ofensivos e 6 defensivos. Assim, temos que os ofensivos são: penetração, espaço, cobertura ofensiva, mobilidade e unidade ofensiva. Já os defensivos são: contenção, cobertura defensiva, equilíbrio, concentração e unidade defensiva. Então, apresentaremos cada um destes, começando pelos princípios ofensivos.

Ofensivos

Penetração

Realiza-se a penetração o jogador que detém a posse da bola, que progride no campo de jogo em direção a linha de fundo adversária. Dessa forma, note na imagem abaixo a marcação em laranja, representando o espaço que o jogador com a posse ocupará ao realizar o princípio da penetração, diminuindo a distância entre o ponto de partida (onde a recebeu) e a linha de fundo.

Fonte: criado pelo autor

Espaço

Para explicarmos melhor este princípio, iremos dividi-lo em 2 subprincípios: espaço com bola e espaço sem bola.

Espaço com bola

O espaço com bola é realizado pelo jogador que detém a posse da bola. Mas, ao contrário da penetração, é feito em direção a própria linha de fundo. Note na imagem abaixo a marcação em laranja, representando o espaço que o jogador com a bola irá ocupar ao realizar o princípio do espaço com bola, ou seja, se comparado com o seu ponto de partida (onde a recebeu), o jogador não irá progredir, mas sim recuar.

Fonte: criado pelo autor

Espaço sem bola

O espaço sem bola ocorre no espaço fora do centro de jogo e a frente da linha da bola, quando os atletas, ao contrário da mobilidade, não atacam a última linha do adversário.

Fonte: criado pelo autor

Mobilidade

A mobilidade é realizada pelo jogador que, fora do centro de jogo, ataca a última linha defensiva do adversário. Em outras palavras, é um movimento que busca a profundidade de campo.

Fonte: criado pelo autor

Cobertura ofensiva

A cobertura ofensiva ocorre com os atletas dentro, e no espaço subsequente ao lado da metade menos ofensiva, do centro de jogo, ou seja, são aqueles atletas próximos (como na imagem abaixo) que dão suporte ao portador da bola.

Fonte: criado pelo autor

Unidade ofensiva

A unidade ofensiva acontece fora do centro de jogo, atrás da linha da bola, exceto no espaço subsequente ao lado da metade menos ofensiva do centro de jogo (que, como vimos acima, é ocupado por jogadores que realizam o princípio da cobertura ofensiva). Em suma, esse princípio possibilita que a equipe atue com um bloco compactado.

Fonte: criado pelo autor

Em síntese, veja o fluxograma abaixo que, de forma algorítmica, apresenta estes princípios táticos fundamentais ofensivos com base nas referências espaciais.

Fonte: criado pelo autor

Defensiva

Após aprendermos sobre os princípios táticos fundamentais ofensivos, citaremos agora os princípios do momento defensivo.

Contenção

O jogador que realiza a contenção é aquele que aborda diretamente o portador da bola. Assim, ele será o “obstáculo” mais próximo ao portador da bola.

Fonte: criado pelo autor

Cobertura defensiva

Realiza-se a cobertura defensiva dentro, e na metade mais ofensiva, do centro de jogo (a frente da linha da bola). Em outras palavras, é o jogador que dará suporte ao companheiro que faz a contenção.

Fonte: criado pelo autor

Equilíbrio

Vamos dividir o princípio do equilíbrio em dois subprincípios, de modo a conseguir explicá-lo de forma clara.

Equilíbrio de recuperação

O equilíbrio de recuperação é realizado dentro, e na metade menos ofensiva, do centro de jogo (atrás da linha da bola). De modo que facilite a compreensão, seria aquele jogador que esta voltando de uma posição mais a frente para auxiliar na marcação.

Fonte: criado pelo autor

Equilíbrio defensivo

Os jogadores posicionados nos espaços laterais da metade mais ofensiva do centro de jogo fazem o equilíbrio defensivo.

Fonte: criado pelo autor

Concentração

A concentração ocorre no espaço logo à frente do centro de jogo, entre este e a baliza.

Fonte: criado pelo autor

Unidade defensiva

A unidade defensiva ocorre distante do centro de jogo, sendo a frente e atrás deste, possibilitando que a equipe atue em bloco, ou seja, compactada.

Fonte: criado pelo autor

Veja o fluxograma abaixo que, de forma algorítmica, apresenta estes princípios táticos fundamentais defensivos com base nas referências espaciais.

Fonte: criado pelo autor

Princípios táticos específicos

Bem como o próprio nome diz, são específicos por serem específicos a uma forma de jogar. Estes princípios, segundo o livro já mencionado, são as características singulares de um modelo de jogo e determinam o jogar da equipe. Ainda nesse sentido, eles podem se dividir em diferentes graus de complexidade: macro (princípio), meso (subprincípio) e micro (subsubprincípio).

Por exemplo: em transição defensiva busca a rápida recuperação da posse (princípio) através de uma mudança de comportamento instantânea (subprincípio), ao pressionar imediatamente o portador da bola e eliminar suas opções de passe (subsubprincípios). Com este exemplo também podemos explorar as combinações dos princípios gerais, operacionais e fundamentais para gerar estes comportamentos, resultando em um princípio específico. Portanto, buscar a superioridade numérica (princípio geral) facilitaria a recuperação da posse (princípio operacional) mediante a pressão direta no portador da bola (contenção ou equilíbrio de recuperação, princípio fundamental) e a eliminação de linhas de passe próximos (cobertura defensiva, equilíbrios e concentração, princípios fundamentais).

Contato do autor:
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