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Como analisar o jogo de futebol em sua máxima complexidade?

Complexo, por quê?

Um jogo oficial de Futebol é disputado simultaneamente por 22 atletas. Com o aumento do número de substituições devido à pandemia, esse número pode ser 32. O jogo também possui em média um espaço limitado de 7140m² (105 de comprimento por 68 de largura). Além disso, também há limitação temporal, 90 minutos, sem contar os acréscimos. E a limitação de conduta, através de várias regras que regem o jogo, cujo objetivo principal é ter vantagem no placar. Tudo bem, nada que vocês não saibam, mas é a partir disto que podemos falar sobre o quão complexo é este esporte. Portanto, entenderemos mais sobre a complexidade do jogo ao analisar o jogo de futebol.

A complexidade do jogo

Todos os atletas em campo possuem vivências, dentro e fora de campo completamente diferentes, características diferentes e personalidades diferentes. Porém durante o jogo todos precisam estar sintonizados e trabalhando conjuntamente. Isso por si só já não é algo complexo? Conseguir que pessoas tão diferentes e únicas estejam conectadas, e “falem o mesmo idioma” em prol de um objetivo comum é algo desafiador.

Ainda temos as inúmeras interações apresentadas durante a partida, sejam elas individuais, setoriais, intersetoriais ou coletivas, com e sem bola, de oposição, entre adversários, e cooperação entre companheiros. Isso tudo acontece simultaneamente em diferentes setores do campo e em distintas dimensões (física, técnica, tática e psicológica).

Dessa forma, podemos citar que o jogo de futebol não segue uma relação linear, de simples causa e efeito, onde a partir de uma ação é possível conhecer a ação posterior. Claro, por vezes podemos deduzir, mas nunca com convicção, pois existem inúmeras variáveis envolvidas na ação (climáticas, condições do gramado, etc.). Sendo assim, uma ação qualquer pode desencadear uma infinidade de diferentes ações.

O detalhe pode fazer toda a diferença

Você já deve ter escutado em algum lugar que o jogo é decidido em detalhes, não é mesmo? Pois bem, o jogo é coberto por diversas variáveis que interferem diretamente no desempenho das equipes. Sendo assim, um simples erro gestual, um posicionamento equivocado, uma desatenção, uma tomada de decisão errada, pode influenciar no resultado final. Isto é, um micro-fato pode causar uma macro-consequência, em outras palavras, algo à primeira vista sem tanta significância pode influenciar no resultado final da partida.

Então, como analisar o jogo de futebol?

A importância do olhar sistêmico

Para analisar o jogo de futebol, você deve se atentar primeiramente para um olhar sistêmico, pois, devido a complexidade do jogo, não é possível realizar uma análise com base em seus fragmentos. Afinal, os jogadores interagem uns com os outros há todo momento de diferentes formas e em diferentes zonas de jogo, com comportamentos modelados pelas convicções da sua equipe.

Em síntese, compreenda o que pode ter influência direta na ação, veja o todo com base nas partes e as partes com base no todo.

Identifique padrões de comportamento

Primeiramente podemos falar sobre análises quantitativas e qualitativas. Com a quantitativa apresentando a frequência das ações, e a qualitativa qualidade destas ações. A primeira mais objetiva e a outra com grande tom subjetivo. Mas, no fim das contas, buscamos por algo que identifique os padrões de comportamentos.

Planejamento e olho treinado

É importante frisar que analisar o jogo de Futebol não é fácil, requer, além do óbvio conhecimento do mesmo, planejamento e um “olho treinado”. O planejamento é necessário para saber o que se busca com a análise, estabelecendo parâmetros referenciais e criando um protocolo. Já o olho treinado, obtido através do estudo dos jogos, serve para reduzir o tempo gasto na identificação de padrões.

Analisar o jogo em toda sua complexidade

Estude o jogo, veja muitos jogos visando identificar padrões, faça cursos, leia publicações, assista palestras e participe de eventos sobre o esporte. Portanto, sempre busque conhecimento.

Na sequência, com a segurança de já possuir o conhecimento para começar, crie protocolos para você saber quais padrões identificar durante cada momento do jogo. O que de fato você quer saber?

  • Em Organização Ofensiva: Busca chegar rapidamente as zonas de finalização ou circula mais a bola?
  • Em Transição Defensiva: Como se comporta quando perde a bola? Perde e pressiona ou retarda para entrar rapidamente em Organização Defensiva?
  • Em Organização Defensiva: Qual altura do seu bloco de marcação?
  • Em Transição Ofensiva: Como se comporta quando recupera a bola? Busca primeiro sair da pressão ou já aciona companheiros com bola longa?
  • Como se comporta nos lances de Bola Parada Ofensiva? Quais padrões apresenta?
  • Como se comporta nos lances de Bola Parada Defensiva? Quais padrões apresenta?

Pergunte ao jogo

De antemão tenha em mente o que você procura, faça as perguntas certas ao jogo e procure os porquês das respostas obtidas.

Seguindo essa mesma lógica, nunca se limite a uma análise superficial, com dados frios e informações descontextualizadas. Afinal, o Futebol é complexo e necessita ser tratado como tal. Erros e acertos podem ser subjetivos, pois além de sofrerem a influência de infinitas variáveis, são suscetíveis às propostas de jogo. Portanto contextualize cada ação, se aprofunde na análise.

  • O que aconteceu?
    • Quem participou?
      • Quando aconteceu?
        • Onde aconteceu?
          • Como aconteceu?
            • Por que aconteceu?

Do mesmo modo, utilize tudo que tenha à disposição. Há várias plataformas e softwares que fornecem excelentes informações e servem como ferramenta. Portanto, tudo que venha a enriquecer sua análise é válido, mas também não se perca em um calhamaço de páginas, seja direto. Enfim, transmita a melhor informação possível, da forma mais direta e didática possível.

Fontes e Referências

Modelação tática do jogo de futebol – Júlio Garganta

Futebol e ciência. Ciência e futebol – Júlio Garganta

Abordagem sistêmica do jogo de futebol: moda ou necessidade? – Júlio Garganta e  Jean Francis Gréhaigne

Contato do autor – Instagram: @ralazzarottop

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Treinamento físico no futebol: uma visão contemporânea e integrada

Hoje vamos falar sobre a complexidade do “treinamento físico”, termo muito usado no meio do futebol. Popularmente, ele faz referência às sessões de treino onde o enfoque se dá única e exclusivamente ao desenvolvimento das capacidades físicas do jogador. Desse modo, corridas intervaladas e contínuas, circuitos, tiros e sprints repetidos, são exemplos de exercícios que se encaixam nesse padrão de treino. A ausência ou a pouca presença da bola durante a sessão, é uma característica do denominado treinamento físico. 

O popular treino físico

A parte física do atleta integra mecanismos neuromusculares (força, potência, velocidade, agilidade, coordenação) e metabólicos (resistência aeróbia e anaeróbia). Contudo, é comum alguns atletas atribuírem ao treinamento físico somente aos trabalhos de campo, isto é, os exercícios isolados com foco no desenvolvimento da resistência. Na linguagem popular do futebol, o treino físico se refere àquela sessão onde o atleta vai suar a camisa e se desgastar ao máximo em corridas, tiros ou circuitos. Além disso, muitas vezes ele também é chamado apenas de “físico” e costuma não agradar muito a maioria dos atletas. No treinamento de força e suas manifestações (que também fazem parte do componente físico do atleta), os boleiros adotam a nomenclatura “treino na academia” ou “musculação”.

Especificidade do treinamento físico

A abordagem descrita até então, que separa as capacidades físicas dos componentes técnico e tático, denomina-se “analítica”. Portanto, podemos considerar que o treinamento físico descrito acima é uma sessão de treino analítico que visa desenvolver de forma separada somente o componente físico do atleta. Quando se trata do objetivo citado, o procedimento em discussão gera excelentes resultados. Treinar corridas intervaladas ou circuitos específicos com as variáveis bem manipuladas são excelentes métodos para desenvolver a aptidão cardiorrespiratória por exemplo. Porém, devemos observar o treinamento a partir de uma outra perspectiva: a especificidade.

A especificidade é uma teoria do treinamento desportivo. Ela nos diz que o treinamento deve respeitar ao máximo a demanda da competição/jogo para que as adaptações sejam favoráveis e específicas. Assim sendo, integrar a parte física das demais exigências do jogo (parte técnica, tática e psicológica) é de suma importância para desenvolver o atleta como um todo. Num único exercício, podemos abordar as capacidades físicas em foco com situações técnicas e táticas determinadas pelo modelo de jogo do treinador. Recomendo a leitura de artigos e livros do mestre Antônio Carlos Gomes para maior aprofundamento no tema.

Físico+ técnico+ tático

O objetivo em relação a parte física é tornar o jogador um atleta robusto. Com todas as capacidades físicas necessárias desenvolvidas em um estado ótimo, para que o jogador suporte as necessidades do jogo e não se lesione. Para isso, quanto mais específico, melhor.

Uma grande mudança de pensamento dos últimos anos em relação ao treinamento físico é a ideia de que treinamento técnico-tático também exige uma demanda física. O atleta se movimenta, trota, realiza sprints, acelera, desacelera, salta… Portanto, existem muitos componentes físicos dentro de um exercício desse caráter.

Nessa perspectiva, conseguimos aproximar a preparação física da preparação técnico-tática desejada pelo treinador. Assim , manipular e monitorar as ações físicas que ocorrem dentro de um treinamento técnico-tático, considerando o objetivo do exercício e o momento da temporada, também fazem dele um treinamento físico!

Treinamento físico na pré-temporada

A pré-temporada é o período onde o enfoque físico é maior. Nela, por mais que curta, deve-se preparar o atleta fisicamente para suportar as necessidades das sequencias de jogos da temporada. Atualmente, devido ao calendário, os clubes grandes possuem em média 3 semanas de pré-temporada e cerca de 45 semanas de período competitivo. Isto é, a desproporcionalidade é enorme, o tempo de preparação e de descanso entre jogos é mínimo. Não há tempo para trabalhar e muitos profissionais envolvidos ao futebol culpam esse fato pela decadência técnica do nosso futebol

Jogos reduzidos como treinamento

Os jogos reduzidos aparecem como uma estratégia interessante para essa abordagem integrada do treino. Neles, o treinador pode implantar as regras que quiser para potencializar alguma ação tática ou técnica da equipe. Ao mesmo tempo, o preparador físico pode alterar a dimensão do campo, o tempo de duração e o número de atletas participantes para atingir a demanda e as ações físicas específicas da sessão. Pesquisadores portugueses em um estudo de 2014 descrevem bem como as diferentes variáveis estruturais podem interferir nas respostas físicas dos jogos reduzidos.

Então descontextualizar o treinamento físico é errado?

A resposta para essa pergunta é não! O método escolhido para guiar as sessões de treino depende de muitos fatores. Momento da temporada/periodização, características do elenco, estrutura do clube e percepções da comissão técnica são alguns exemplos. Desde que as metas sejam bem claras e o planejamento seja coerente, nada impede uma comissão de trabalhar com o treinamento físico isolado.

Complemento pós-treino

Atualmente o complemento pós-treino é o que mais se assemelha ao popular “físico” temido pelos atletas. Jogadores que durante um treinamento integrado não se movimentaram de acordo com o esperado e não atingiram os níveis de carga física programada para a sessão, são submetidos a complementos que envolvem quase sempre exercícios analíticos, como corridas intervaladas. Portanto, é importante lembrar que a carga física da sessão depende do momento da periodização e dos objetivos pré-estabelecidos.

Treinamento de força

Em relação ao treinamento de força, a ideia é a mesma. Para a prescrição do treino, inicialmente é necessário considerar os movimentos que o atleta realiza durante o jogo. Com isso conseguimos enfatizar exercícios que se assemelhem com a mecânica dessas ações competitivas. Considerar as demandas também é indispensável. Sabemos que as ações em alta velocidade, sprint máximo ou saltos, são as ações decisivas. Ou seja, as ações que decidem uma jogada envolvem  potência, velocidade e agilidade, essa seria a força especifica ou especial do futebol.

Planejamento

Não existe melhor ou pior método. Existe o método que melhor se encaixa na sua realidade. As pesquisas recentes nos mostram um leque amplo de opções que auxiliam na evolução completa do atleta. Cabe a cada comissão analisar as possibilidades e necessidades da sua realidade e planejar. Por fim, independente da abordagem, estruturar coerentemente o programa de treino seguindo as teorias do treinamento desportivo é a chave.

Contato do autor: @prof.amstalden – ra.junior@hotmail.com

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A competência emocional no futebol

A competência emocional no futebol é assunto frequente por parte dos profissionais do esporte. Aliás, sempre vemos discussões sobre comportamento dos jogadores em campo. Seja por jogadas que decidiram uma partida ou por desempenhos abaixo do esperado. Mas o que é essa competência emocional?

Além disso, talvez você mesmo já chamou ou ouviu alguém chamar um jogador de pipoqueiro! Você provavelmente já viu um jogador ser expulso num lance violento aparentemente sem motivo. Da mesma forma, você provavelmente já xingou um jogador por ele estar “dormindo” em campo. Todas essas situações tem explicações que nem sempre ficam claras num primeiro momento.

As competências básicas do jogador de futebol

Em primeiro lugar, vamos definir as competências básicas do jogador de futebol. O atleta de futebol no desempenho de suas funções apresenta 4 competências básicas: técnica, tática, física e emocional.

Competência Técnica

A competência técnica diz respeito à capacidade de utilização do corpo para a solução de um problema imposto ao jogador durante jogo. São ações com e sem a bola, ofensivas e defensivas. Por exemplo: conduções de bola, passes, finalizações, desmarcações, fintas.

Competência Tática

A competência tática diz respeito aos posicionamentos, movimentações e ocupação dos espaços do campo. Essa competência tem a ver com a execução dos princípios táticos propostos no modelo de jogo de cada equipe.

Competência Física

A competência física diz respeito à capacidade fisiológica dos atletas para desempenhar suas funções em campo. Esta é fruto do treinamento físico, que integra conhecimentos da fisiologia, fisioterapia, nutrição e demais áreas do conhecimento biológico.

Competência Emocional

A competência emocional diz respeito à capacidade de regular os próprios estados emocionais. Ela inclui habilidades como: capacidade de controlar os impulsos, motivar-se, gratificação e lidar com as incertezas.

Portanto, é comum observarmos as questões técnicas, físicas e táticas sendo bem mais priorizadas em clubes de futebol. Assim, um exemplo disso é a quantidade de profissionais e o investimento para cada área. Porém, poucos clubes contam com psicólogos em suas comissões técnicas. Dessa forma podemos inferir o porquê dos fatores psicológicos serem os principais responsáveis pelas oscilações no desempenho cotidiano.

A competência emocional no futebol influencia o jogo?

Inúmeras situações de jogo podem revelar pequenos problemas como falta de concentração, irritabilidade, ansiedade, euforia, etc. Isso, contudo, pode ser algo pontual ou frequente. Alguns jogadores apresentam características de personalidade ou padrões de comportamento que podem afetar diretamente o rendimento.

No entanto, quando alguns comportamentos são “fora do aceitável” dentro do esporte, ou acontecem com frequência há um sinal de algo errado. Essas situações, portanto, evidenciam a necessidade de uma implementação do treinamento de habilidades psicológicas (THP). Além disso, é sempre importante ressaltar que esse treinamento deve acontecer o tempo todo, não somente quando algum problema é detectado.

Como é o treinamento de habilidades psicológicas?

Existem vários métodos e técnicas no treinamento de habilidades psicológicas. Eles ajudam a regular a ativação, controle da ansiedade, melhora da concentração, entre outros efeitos. Dessa forma os atletas conseguem estar menos ansiosos, mais tranquilo e focado no jogo. Dessa maneira ele não fará faltas violentas sem motivo.

Mas é claro que cada caso tem suas peculiaridades e o treinamento não é uma fórmula mágica que vai fazer o jogador render mais. Alguns jogadores reagem mais rápido ou melhor, outros não. No entanto importante é realizar os treinamentos baseando-os na necessidade e capacidade de cada um.

Afinal, Johan Cruyff certa vez disse “Você joga futebol com a sua cabeça. Suas pernas estão lá apenas para ajudá-lo”. Assim, compreendendo o futebol como um jogo estratégico, onde a ocupação do território dá vantagem e constantemente se toma decisões, essa frase faz muito sentido. Afinal, é preciso técnica, tática, preparação física e psicológica (emocional) para um bom rendimento no futebol.

Fontes e Referências:

Glossário do Futebol Brasileiro: Termos e Conceitos Relacionados às Dimensões Técnica e Tática.

Livro “Competência Emocional: O caminho da vitória para equipes de futebol” da Psicóloga Suzy Fleury

Autor- Instagram: @28padilha

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Marketing em escolas de futebol

É mais comum ações de marketing envolvendo o time principal. Quase não se vê o marketing nas categorias de base. O fato do time principal dar um retorno financeiro maior para a instituição é um dos motivos para que isso aconteça. Porém, os clubes podem ver a base como um atrativo ou uma forma de engajar mais torcedores e atrair novos jogadores. Principalmente com o marketing em escolas de futebol.

Nesse sentido, mesmo os clubes de maior expressão possuírem maior poder aquisitivo, eles não realizam ações voltadas para o marketing em suas escolas de futebol. O marketing poderia ser utilizado como um recurso de captação de patrocínios também para a categoria de base. Além disso, poderia promover ações para aproximar os torcedores dos futuros craques, e com isso trazer um retorno a mais para o clube. Assim, as categorias de base se consolidariam importantes também para a formação dos atletas, onde surgem os grandes craques.

Como é o marketing em escolas de futebol?

A princípio, alguns clubes utilizam da internacionalização de marca para fazer com que as categorias de base sejam mais conhecidas dentro e fora do país. É possível através de ações ou jogos fora do país fazer com que cada vez mais pessoas sejam atraídas pelo clube. Assim como campeonatos mais atrativos e ações bem planejadas e executadas. Com isso os clubes podem ganhar mais recursos financeiros e consequentemente conseguir mais parceiros interessados em patrocinar a base.

Por fim, apesar de pouco explorado, o marketing em escolas de futebol necessita de mais interesse do clube. Porque se o clube demonstrar forte interesse, certamente os torcedores irão abraçar as categorias menores também. Algumas formas de impulsionar as categorias de base são o engajamento nas redes sociais do clube e ações antes dos jogos do profissional.

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Contato da autora – Instagram: @borges_aline08

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Análise de desempenho ou análise tática?

O que é desempenho?

Faça uma reflexão. Para você, o que é desempenho no futebol?

Muitos anos atrás acreditava-se que o desempenho era medido pela técnica. Quanto maior sua técnica, melhor seu desempenho. O que faz sentido, correto? Afinal, se um jogador acerta mais passes, finaliza melhor ou dribla bem ele rendeu melhor que os outros, ou não?

Porém os anos se passaram e o aspecto físico ganhou muita importância. Ou seja, era necessário correr mais que os adversários e ser mais forte. Dessa forma sua performance seria melhor.

Atualmente se tem uma adoração pela parte tática. Ainda mais após o Brasil perder a copa de 2014. A partir desse momento falou-se que taticamente nós brasileiros estávamos atrasados e precisávamos nos desenvolver nesse quesito, afim de melhorarmos nosso desempenho.

Afinal de contas, algum desses pensamentos define o que é desempenho? Sim, esses conceitos estão dentro do desempenho. Porém não de forma avulsa, mas sim, de forma unificada. Além disso, a performance abrange mais que o físico, técnico e tático.

Definição de desempenho

A princípio, vamos definir o desempenho da seguinte forma. Ele engloba o físico, o técnico, o tático e o psicológico, e esses 4 itens estão dentro do contexto social que o indivíduo viveu. Ou seja, a performance é multifatorial e transdisciplinar.

Como assim psicológico? E o que é contexto social? Calma, vamos explicar cada um deles.

Primeiramente vamos falar do aspecto psicológico. Quem comanda o seu corpo é sua mente. Ou seja, ela que determina o que fazer e como fazer.

Vou te fazer uma pergunta. Você já esteve naqueles dias em que não conseguia parar de pensar em algum problema? Foi para o trabalho e seu cérebro não mantinha o foco no que era necessário?! Parecia estar em outro mundo. Isso já aconteceu com todos nós. Portanto, o seu psicológico afetou o seu desempenho.

Dessa forma, afim de solucionar estas questões, os times de futebol contratam psicólogos para auxiliarem seus jogadores a enfrentarem os problemas de pressão da torcida, questões pessoais, etc… Tudo isso visando um melhor desempenho.

“Mente sã, corpo são” Juvenal, poeta romano

O contexto social e a análise de desempenho

Contexto social não é nada mais e nada menos do que os locais e as pessoas que fazem ou fizeram parte da vida do indivíduo. Esses lugares e pessoas criarão crenças no indivíduo.

Imagine o seguinte, o jogador de futebol veio de um meio onde as pessoas diziam que ele não conseguiria realizar seu sonho, não o apoiavam, não acreditaram nele… Caso ele consiga se tornar um jogador, haverá no inconsciente dele a descrença que ele consegue. Isso é algo muito mais profundo do que parece. Podemos chamar isso de crenças limitantes, ou seja, são pensamentos que limitam o seu desempenho.

E isso não cabe somente a jogadores. Todas as pessoas têm crenças limitantes. Portanto, é importante treinar essas crenças, a fim de que elas lhe ajudem a melhorar sua performance, independentemente do que você faz.

Análise de desempenho é análise tática?

Portanto, depois de ver todas as vertentes do desempenho, te pergunto: é correto chamarmos o responsável pelo recolhimento e análise de informações de analista de desempenho? Afinal, ele consegue observar e dar feedbacks em todas essas áreas? Acredito que ainda não.

Por isso gosto de denominar essa vertente de análise tática, afinal, o que normalmente se analisa, são aspectos táticos e técnicos dos jogadores ou dos rivais.

Seria muita prepotência acharmos que somente um profissional da análise tática saberia mensurar e desenvolver por completo o desempenho do seu jogador. Por isso a comissão técnica é dividida em setores diferentes e, cada parte, tem uma grande parcela a acrescentar no desempenho do atleta.

Em síntese, como dizem em Portugal e em algumas regiões da Europa, todos da comissão técnica são treinadores auxiliares. Todos têm o dever e capacidade de, na sua área de especialização, contribuir para a melhora do atleta. Seja ela no âmbito físico, mental, tático, técnico, psicológico ou nutricional.

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Instagram do autor: @Christopher_Suhre

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A mentalização no treinamento de futebol

A mentalização no treinamento de futebol pode ajudar no desenvolvimento dos atletas de várias maneiras. À primeira vista pode parecer que não tem tanta aplicação prática no jogo. No entanto sua utilização pode se aliar a treinamentos táticos, técnicos e até físicos. Mas por que usar esse tipo de treinamento?

A redução do espaço efetivo de jogo ao longo do tempo é uma característica percebida pela evolução tática do futebol. A proximidade entre os jogadores diminuiu o tempo de tomada de decisão. Dessa forma, o jogo ficou mais veloz e dinâmico do que se apresentava em décadas passadas. Essa evolução tática requereu um desenvolvimento técnico cada vez maior. Isso porque além de tomar decisões mais rápido, o atleta precisa executar o gesto técnico com maior qualidade. Como o treinamento de mentalização e de habilidades psicológicas (THP) pode ajudar nesse contexto?

O que é mentalização?

Atualmente existem vários métodos e técnicas que podem auxiliar um jogador de futebol nesse contexto dinâmico. Além disso, a mentalização é conhecida como: visualização, ensaio mental, ensaio simbólico, treino encoberto, e treino mental. Essa técnica se refere à criação ou recriação de uma experiência na mente. Assim sendo, percebemos que ela pode ter várias funções. Ela pode ser útil em períodos de treinamento, bem como de competição e reabilitação. Portanto, algumas dessas funções são: melhorar a concentração; aumentar a motivação; desenvolver a confiança; controlar respostas emocionais; adquirir, praticar e corrigir habilidades técnicas; preparar-se para a competição; enfrentar dores e lesões; e solucionar problemas.

Mentalização no treinamento de futebol e o gesto técnico

A aplicação da mentalização permite assimilar ou aprimorar o gesto técnico. Ela pode abreviar e melhorar o tempo de aprendizagem. Um exemplo disso é o uso da mentalização das diferentes fases de execução de um cabeceio. Ao mesmo tempo, outra função relacionada ao gesto técnico é aumentar a precisão de um movimento. Por exemplo, o ajuste mental das sensações e postura corporal para um chute ideal. Além destas, revisar mentalmente uma habilidade para perceber algum possível erro ou falha, pode ajudar no treinamento. Assim, quando ocorrem problemas recorrentes na execução de algum gesto técnico, a mentalização pode auxiliar a detectar o erro.

Estresse e a mentalização no treinamento de futebol

No treinamento das habilidades psicológicas, a mentalização pode ajudar no controle da ativação e do estresse. A ativação é uma combinação de atividades fisiológicas e psicológicas em uma pessoa e refere-se a dimensões de intensidade da motivação em determinado momento. Em outras palavras, a ativação é um continuum que vai de nem um pouco excitado (comatoso) a extremamente excitado (frenético). O estresse é “um desequilíbrio substancial entre demanda (física e/ou psicológica) e capacidade de resposta, sob condições em que deixar de satisfazer tal demanda tem importantes consequências”. Em síntese, isso quer dizer que há uma situação-problema. Uma vez que a capacidade de resolução é menor e a importância da situação é alta.

Teorias sobre a mentalização

A mentalização no treinamento de futebol é explicada por algumas teorias que tem efetividade comprovada em estudos. Seguem as principais:

  • A teoria psiconeuromuscular, que basicamente afirma que mentalizar facilita a aprendizagem de habilidades motoras devido à natureza dos padrões de atividade neuromuscular ativados durante a mentalização. Ou seja, os eventos mentalizados estimulam os músculos a exemplo da parte física do movimento.
  • A teoria da aprendizagem simbólica, que indica que a mentalização ajuda os indivíduos a entender e adquirir padrões de movimento.
  • A teoria bioinformativa, que traz a definição das proposições de estímulo e resposta. Sob o ponto de vista dessa teoria, as proposições de estímulo são enunciados que descrevem aspectos do cenário a ser mentalizado. Bem como, as de resposta descrevem a resposta da pessoa que mentaliza e visa produzir atividade fisiológica.

O modelo de código triplo, que define três efeitos fundamentais da mentalização: a imagem, a resposta somática e o significado. A relação entre essas três variáveis cria os diferentes efeitos de uma mesma visualização em diferentes pessoas.

Portanto, as explicações psicológicas da mentalização baseiam-se no conjunto atenção-ativação. Essas teorias afirmam que a mentalização funciona como um conjunto preparatório que ajuda a alcançar um nível de ativação ideal. Do mesmo modo, esse nível permite que o atleta se concentre em sinais relevantes à tarefa e desconsidere sinais irrelevantes. Outra explicação psicológica é a de que a mentalização ajuda a aumentar a confiança e a concentração e a diminuir a ansiedade.

Em síntese, todas as teorias possuem alguma validação através de estudos e explicam o funcionamento do mentalização.

Como realizar um programa de mentalização?

A aplicação da mentalização no treinamento do futebol requer um profissional qualificado. Apesar de parecer simples, a técnica possui peculiaridades que devem ser observadas.

A princípio, a implementação de um programa de treinamentos que incluem a mentalização necessita de um planejamento. Existem três fases: a fase educativa, a fase de aquisição e a fase prática. As habilidades devem ser aprendidas e praticadas. Dessa forma pode-se esperar resultados positivos com esse treinamento. Em suma, trabalhar as habilidades psicológicas no esporte requer constância. As atividades devem ocorrer tanto na pré-temporada, quanto durante a competição e após seu término e as avaliações dos resultados podem ser melhor observadas.

Agora veja este vídeo com um exemplo básico de visualização no treinamento de futebol.

Fontes e Referências

“Entrenamiento mental en el fútbol moderno: Herramientas prácticas” de Marcelo Roffé e Santiago Rivera.

Contato do autor – Instagram: @28padilha

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Mercado de trabalho do analista de desempenho

A profissão analista de desempenho

O analista de desempenho é uma profissão relativamente nova nos esportes, principalmente no futebol. Ainda mais por ser algo tão recente, muitos mercados vêm se abrindo para essa nova área de atuação.

Atualmente as principais áreas de atuação dos analistas de desempenho são: trabalhos em clubes, mercado de atletas, formação de jogadores, geradores de conteúdos para TVs, rádios e mídias e profissionais que trabalham em big datas ou com softwares.

O que faz um analista de desempenho?

Ser analista de desempenho e trabalhar em clubes é o sonho de muitas pessoas. Em síntese, podemos citar como funções do analista:  planejamento de treinos (com o restante da comissão); registro dos eventos que acontecem em jogos e treinos do seu time e do adversário; e análise desses dados para repassá-los à comissão técnica e jogadores.

Dessa forma, visto os benefícios trazidos pelo analista de desempenho, os clubes investem cada vez mais nesse profissional. No entanto, o futebol acordou tarde para isso se compararmos a alguns outros esportes, como o basquete, futebol americano e beisebol (este último obteve mais visibilidade do público por causa do filme Moneyball: o homem que mudou o jogo).

Antes tarde do que nunca! Portanto, apesar da demora para essa nova forma de ver o futebol, hoje a análise de desempenho é de suma importância para qualquer equipe de alto rendimento que queira ter as melhores informações de seus jogadores, dos adversários e do mercado em geral.

Onde o analista de desempenho pode atuar?

1 – Mercado de atletas

A princípio, muitos analistas migram para outros campos de atuação e, um deles, é o mercado de atletas. Você também pode trabalhar por conta própria ou para empresas que recrutam jogadores. Portanto, em ambos casos é importante você ter um banco de dados com informações dos mais diversos atletas.

Imagine o seguinte: O time X quer contratar um zagueiro, porém não sabe quem. Eles te procuram e pedem jogadores daquela função que se encaixariam no time. Como proceder? Primeiramente você pode averiguar com o clube quais características que eles querem nesse atleta, exemplo: zagueiro canhoto, de no mínimo 1,88m, com bom jogo aérea defensivo e ofensivo e bom desarme. Após averiguar essas informações, você consulta seu banco de dados e verifica quais jogadores se enquadram nessas características. Vejam mais informações sobre isso no texto “importância dos dados para a análise de mercado”.

Nesse nicho de atuação também é imprescindível uma boa leitura de jogo e conceitos futebolísticos ao analista, visto que, quanto mais ele conhece de futebol, mais assertiva serão suas indicações de atletas.

2 – Na formação de atletas

Com certeza você já viu aquele atleta de 17, 18 ou 19 anos que é tido como uma promessa. Mas você sabe exatamente até onde ele pode chegar? Ele será tudo que imaginamos? Ele irá “vingar”? Talvez a análise de desempenho possa ajudar nessas perguntas.

Caso você tenha um atleta jovem, é interessante comparar seus dados com os de outros atletas. Desse modo você pode comparar os dados de um atleta que hoje tem 20 anos com os de diversos jogadores na mesma idade.

Poderá verificar os passes que o jogador dá, para qual direção os efetua, quais regiões do campo onde ele mais se movimenta, de qual local gosta de finalizar. Além das variáveis físicas como velocidade máxima, impulsão, força, entre outras tantas. Dessa forma haverá uma base de dados que pode prever até que ponto o jogador chegará no profissional.

Lembrando que não são só essas variáveis que definirão o atleta. O desempenho é formado por muito mais que o técnico, tático e físico. No entanto esses dados lhe darão um ótimo parâmetro se aquele atleta pode realmente suprir suas necessidades ou se é melhor investir em outro.

3 – Big datas e softwares

Primeiramente vamos diferenciar as duas coisas, pois muitas pessoas colocam tudo no mesmo cesto. Sites de BIG DATAS são grandes bancos de dados que armazenam informações de times e jogadores. Nele você encontra, por exemplo, quantos passes o time realiza por jogo, quais as redes de jogadores que mais se conectam, quantos sprints e qual a velocidade que atingiram os atletas, como são cobradas as bolas paradas dos times e quais os locais que a equipe mais finaliza. Podemos citar empresas como a InStat, Wyscout e  footstats.

Em contrapartida os softwares de análises são programas usados por analistas para esmiuçar os treinos e jogos. Neles você consegue editar o vídeo, fazer marcações de frequência e identificar padrões táticos das equipes. A maioria desses softwares são pagos, porém encontramos alguns gratuitos, como o longomatch, scoutub e GRAVOl.

Com o crescimento da análise de jogos essas empresas tendem a crescer e precisarem de mais mão de obra. E, obviamente, outras empresas virão, ou seja, deixará o mercado mais competitivo e com mais oportunidade de empreender.

4 – Geradores de conteúdo para a mídia

Uma nova geração de amantes do futebol está nascendo. Antigamente as pessoas gostavam de programas esportivos em que haviam debates aflorados, fofocas do meio futebolístico e afins. Mas parece que, cada vez mais, as pessoas buscam entender o jogo, conhecer os porquês das escalações, como os times jogam e as táticas por trás de cada equipe. E nesse contexto a análise de desempenho pode ser útil.

A cada dia que passa vemos mais a mídia querendo nos trazer scouts do jogo e, até em alguns momentos, fazendo aquelas análises táticas em painéis touch. Isso tudo para agradar ao seu espectador. Imagine que, para ter os dados ou fazer as análises, seja necessário alguém que entenda de software e de jogo. Portanto o analista pode se enquadrar nisto. Veja o exemplo do vídeo que Henry explica em uma emissora norte americana como o Barcelona de Guardiola jogava.

5 Analista pessoal

Muitos atletas de alto rendimento têm preparadores físicos particulares, fisioterapeutas e nutricionistas. Todos esses profissionais estão presentes no dia a dia do jogador para melhorar sua atuação em campo.

Do mesmo modo o analista de desempenho também terá lugar nesse meio. Visto que, toda informação que for agregada ao atleta, visando a sua melhora em campo, será útil. Apesar do analista do clube passar informações para o jogador sobre sua performance, é impossível transmitir esses feedbacks para todos os atletas de forma completa.

Certamente o analista pessoal do atleta e o do clube deverão ter uma boa comunicação. Assim ideias irão convergir ao mesmo objetivo. Afinal de contas os dois tem o mesmo objetivo: o melhor desempenho do atleta.

Todos esses mercados mencionados aqui já são de suma importância para o clube e atleta atingirem um bom desempenho. E cada vez mais serão essenciais, visto que surgirão novas tecnologias e novas técnicas de análise. Mas uma coisa sempre será essencial, o entendimento do jogo. Nada substitui esse conhecimento. P

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Treinador de futebol, quem vê além do resultado é rei

Você pede frequentemente a demissão do treinador de futebol, pois ele não traz resultados para o seu time?

Atualmente, o Brasil é um dos países com maior número de substituições de treinadores no mundo. No ano passado, 2019, só na Série A do Campeonato Brasileiro, foram 22 técnicos demitidos. Lembrando que, disputaram apenas 20 clubes na competição.

Nesse contexto, torna-se evidente que países como o Brasil, apresentam uma cultura futebolística superficial. Dado que, os treinadores que ganham são bons, e os que perdem não servem. Portanto, ocupar esse cargo com a pressão da diretoria e dos torcedores não é uma tarefa fácil.

De antemão, deixe-me pormenorizar mais sobre essa área.

De modo a operacionalizar os treinamentos e gerir pessoas, o treinador de futebol precisa de inúmeros elementos que sejam promissores. Saber liderar e controlar suas emoções, dispondo de uma eficiente relação intrapessoal (reflexões de si) e interpessoal (comunicação). Além de apresentar conteúdos e planejamentos para um bom trabalho em equipe, ao passo que a comissão técnica é interdisciplinar.

Além disso, durante o treinamento, o espírito competitivo do coletivo tem que estar presente. Se durante o treino há ausência de intensidade, no jogo será o mesmo. Logo, é dever do treinador estimular a equipe para conquistar o que foi planejado utilizando o modelo de jogo proposto. Este último engloba os princípios de jogo, os atletas disponíveis, a ideia do treinador e a filosofia do clube.

Dessa maneira, o modelo de jogo varia de acordo com cada contexto. Isto é, no futebol não há ideias certas ou erradas para alcançar o sucesso. Afinal, há diversos estilos que podem ser adotados, portanto, é válido discutir propostas sobre o que se acredita ser mais viável naquele cenário.

Demissões do treinador de futebol

É através desse entendimento que é aconselhável refletir antes de pedir a mudança dos treinadores. Pense comigo, um novo técnico foi contratado recentemente para o seu time do coração. No entanto, após a segunda derrota consecutiva, você insiste na demissão dele. Porém, ele teve tempo o suficiente para expor as suas ideias? Quem será o escolhido para novo cargo? Esse é o único problema do seu time?

Chris Anderson e David Sally (2013), nos contam através de estudos no livro Os Números do Jogo, que demissões não melhoram o desempenho do clube. Ele simplesmente regressa a média dos números analisados. Isto significa que, alterar os técnicos, às vezes, não é o melhor caminho para se obter um melhor resultado.

O futebol também é educação

Apesar disso, a vitória ou a derrota não são tudo. Cabe também ao treinador de futebol formar indivíduos, pois antes do atleta, há uma pessoa. Por isso, o papel de professor/educador é necessário desde a iniciação no esporte. Na verdade, mais importante do que os resultados, é a alegria dos atletas se divertindo enquanto praticam tal esporte.

O professor João Batista Freire, argumenta no livro Pedagogia do Futebol, ser fundamental apresentar competência pedagógica nas escolas de futebol. Desse modo, o autor estabelece quatro princípios: “ensinar futebol a todos; ensinar o futebol bem a todos; ensinar mais que futebol a todos; e também ensinar a gostar de esporte.” Em outras palavras, o campo não é apenas um local para se chutar bolas. Mas também um local de ensino-aprendizagem, visto que não há espaço para procedimentos impositivos, e sim para trocas de sabedorias.

Em conclusão, percebe-se que, a ocupação de treinador dispõe de variadas tarefas e depende de diversos fatores para alcançar o que foi proposto. Dado que, essas dificuldades levam TEMPO para se tornarem hábitos e colocá-los em prática. Johan Cruyff, um ex-jogador/treinador que revolucionou o futebol, portanto, nos traz que “O futebol é muito simples, mas jogar um futebol simples é a parte mais difícil do jogo”.

Instagram do autor: g_tadashi

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O que é marketing esportivo?

Em primeiro lugar o marketing é uma área da comunicação social que dentre outras está relacionado à publicidade e a propaganda. Entretanto o marketing esportivo é mais estratégico, ligando cliente e empresa com o objetivo de gerar valor para ambas as partes.

Do mesmo modo, nos esportes, como o futebol, o marketing é uma ferramenta de comunicação que aproxima clube e torcida, indo muito além das quatro linhas. Ele é explorado através de ações em dias de jogos, lançamentos de uniformes e interações nas mídias sociais.

Onde surgiu o marketing esportivo?

A princípio, existem duas histórias sobre o surgimento do marketing esportivo. Em 1850 John Wisden que era dono de uma marca de roupas em Londres decidiu patrocinar um almanaque de Críquete. No almanaque ele inseriu seus produtos em algumas páginas para terem uma exposição juntamente com o esporte.

Logo depois, a Spalding patrocinou um almanaque das Olimpíadas de Saint Louis em 1904 onde utilizava algumas páginas para expor seus produtos.

Origem do marketing esportivo no Brasil

O primeiro case de marketing esportivo no Brasil envolveu o jogador Leônidas da Silva e a empresa brasileira Lacta. Leônidas foi um grande jogador e teve grandes conquistas na carreira, por isso a imprensa começou a chamá-lo de Diamante Negro. Nesse sentido, a Lacta decidiu homenageá-lo criando um chocolate para ter o apelido de um dos maiores jogadores brasileiros da história. E nem preciso dizer que o chocolate fez muito sucesso não é mesmo?  Afinal de contas todo mundo já ouviu falar do Diamante Negro.

Brasileiro versus o europeu

No Brasil o futebol não é visto como um produto, portanto os clubes fazem poucas ações fora das quatro linhas. Já na Europa, os principais clubes utilizam ações de marketing como umas das suas fontes de receita. As ações de marketing em plataformas digitais ou em dias de jogos são uma forma de atrair e captar novos torcedores.

Dessa forma, os torcedores brasileiros são pouco incentivados a se envolverem com seu clube fora do estádio. Poucos clubes brasileiros possuem envolvimento com sua torcida pelas redes sociais, lançamento de produtos ou programa de sócio-torcedor. Logo, o torcedor europeu é mais envolvido com o clube por ter mais vantagens e ser mais incentivado a assistir uma partida no estádio. Por fim, os clubes brasileiros podem acabar “perdendo” torcedores para clubes europeus por não ter tanto envolvimento com a torcida.

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O treinamento psicológico no futebol

O treinamento psicológico no futebol, também conhecido como treinamento mental ou treinamento de habilidades psicológicas, é a prática de habilidades mentais de forma sistemática, visando melhorar o desempenho, prazer ou satisfação na prática esportiva. A princípio, essas práticas se desenvolveram através dos estudos em Psicologia do Esporte.

Da mesma forma, essa especialidade da Psicologia se dedica a estudar pessoas e seus comportamentos em atividades esportivas e físicas. Nos esportes, o treinamento se baseia em dimensões: táticas, técnicas e físicas. Além disso, a dimensão psicológica abrange todas elas, visto que não há como trabalhar com seres humanos sem levar em conta as questões psicológicas.

Deste modo, cada esporte possui características únicas e, por isso, esse tipo de treinamento pode variar bastante. No caso do futebol algumas habilidades são mais importantes, como atenção, concentração e controle emocional, por exemplo.

Aplicação do treinamento psicológico

No esporte a preparação psicológica é uma prática sistemática, em que exige o regime de treinamento de forma constante. Nesse sentido, existem métodos e técnicas que auxiliam no desenvolvimento das chamadas habilidades psicológicas.

A princípio, essas técnicas permitem que atletas desenvolvam uma série de habilidades essenciais para a prática esportiva. Alguns exemplos dessas habilidades são: concentração, atenção, controle do estresse e da ativação. Quando esse treinamento ocorre de maneira organizada dentro do plano da equipe, os atletas conseguem realizar um processo chamado de autorregulação. Em outras palavras, é quando o atleta consegue trabalhar por objetivos de curto e longo prazo, monitorando e controlando efetivamente os pensamentos, sentimentos e comportamentos.

Como consequência, a preparação psicológica ou treinamento psicológico para um jogo de futebol é como a preparação física. Não adianta realizar alguns exercícios antes do jogo se você não está em uma rotina de treinamento. Portanto, frases motivacionais, tentativas de relaxamento e outras ações comuns podem não surtir efeito ou ainda causar um efeito negativo no aspecto psicológico dos atletas.

Para quem o treinamento é indicado?

Você já deve ter visto jogadores mais “esquentados”, outros mais “sonolentos” ou dispersos em campo. Em síntese, esses comportamentos podem ser sinais de que os jogadores estejam com dificuldades de manter a concentração no jogo, ou em controlar os níveis de ativação, por exemplo. Essa é uma explicação do porquê os fatores psicológicos são os principais responsáveis pelas oscilações de desempenho.

Por outro lado, não deve-se pensar que o treinamento de habilidades psicológicas é apenas para atletas problemáticos ou que apresentem baixo rendimento. Esse tipo de treinamento é de grande valia para todos os atletas pois desenvolver essas habilidades potencializa o rendimento.

Em suma, cada atleta sente e interpreta as situações de jogo à sua própria maneira. Por isso as técnicas e métodos devem ser individualizados. É necessário identificar as necessidades, planejar as intervenções necessárias e realizar ações de maneira adaptada. Dessa forma a preparação psicológica surtirá efeito positivo no rendimento durante um jogo de futebol.

Psicologia do esporte no futebol

Além do treinamento psicológico no futebol para jogos e competições, a Psicologia do Esporte tem muito mais contribuições para o futebol. Uma delas é o psicodiagnóstico, que é a avaliação psicológica do atleta. Essa avaliação ajuda a estabelecer perfis de personalidade que por sua vez ajudam a direcionar treinamentos ou formas de tratar/agir com cada atleta. Como dito anteriormente, cada atleta responde melhor a uma maneira particular.

Existe ainda a possibilidade de integração entre comissão técnica e psicologia para o desenvolvimento de treinamentos analíticos. São treinos que desenvolvam em integração aspectos psicológicos e físicos/técnicos/táticos. Um exemplo são os treinos voltados para o desenvolvimento da tomada de decisão.

Seja no esporte de alto rendimento, que é o futebol profissional, ou nas categorias de base a Psicologia se faz necessária. Tanto nos aspectos esportivos quanto para a promoção de um desenvolvimento mais saudável para crianças e adolescentes.

E engana-se quem acredita que o Psicólogo no contexto do futebol só trabalha com atletas. Além de atletas e comissão técnica, são realizadas ações com as famílias dos atletas (como no acompanhamento dos atletas na pandemia ou na adaptação de um atleta recém-chegado). Ações integradas com fisioterapeutas, no caso de lesionados, percebendo os impactos psicológicos da situação. Ações com nutricionistas, com fisiologistas, e demais funcionários do clube que possam trazer demandas.

O trabalho de preparação psicológica é, portanto, apenas um ramo dentro da atividade que pode ser desenvolvida pelo psicólogo em um clube de futebol. E esse trabalho é necessariamente interdisciplinar, visando as necessidades tanto dos clubes quanto dos atletas.

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Fontes e Referências:

Sobre o treinamento mental específico do futebol, um excelente livro é “Entrenamiento mental en el fútbol moderno: Herramientas prácticas de Marcelo Roffé y Santiago Rivera.

Autor:
Instagram: @28padilha

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