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O Talento no futebol é treinável?

O que é talento no futebol? Primeiramente, palavra “talento” serve para classificar um indivíduo que demonstra um conjunto de aptidões para o desenvolvimento de uma atividade específica. No futebol usamos a expressão “jogador talentoso”, os quais são alvos dos scouts desde a base. Por vezes, o fator tempo não é devidamente respeitado, o que influencia diretamente na evolução do atleta.

Talento no futebol: Inato ou adquirido?

Até ao final do seculo XX, o talento era exclusivamente considerado inato. No entanto, a partir dessa época, registrou-se uma mudança de paradigma. Dessa forma, devido à intensificação dos estudos, começamos a perceber a lógica do desenvolvimento, do treino e do contexto ambiental. Sendo isso a base da evolução do talento, surgiu assim o fator “contexto”.

O contexto é onde ocorre a exposição da prática, sendo ele essencial para o desenvolvimento do desempenho do jogador. Assim, para explicar as diferenças intra-individuais no desempenho dos jogadores, o papel do contexto e a prática da atividade assume destaque, em detrimento das influências genéticas.

Segundo Coyle em seu livro publicado em 2012, a motivação é um consenso para o desenvolvimento do talento no futebol e em outras áreas. Ele cita que o talento começa em pequenos e poderosos encontros. Ou seja, estimulando a motivação e vinculando a nossa identidade a uma pessoa ou grupo de alto desempenho. Isto é chamado ignição, em outras palavras, um pequeno pensamento de mudança que ilumina o nosso inconsciente, dizendo: “eu poderia ser eles”.

Esta linha de pensamento foi decisiva na forma como se passou a perceber e conceber o talento, sendo as variáveis de mais destaque nesta temática:

  • Contexto (treino e prática);
  • Social (influência dos pais, situação econômica, treinadores, colegas…);
  • Psicológica (motivações).

Ao acreditar-se no talento inato põe-se em desconfiança o papel da aprendizagem, do treino e da capacidade transformadora, sendo elas capacitadoras dos jogadores.

Identificação de talento

O futebol é um meio muito competitivo. Portanto, a identificação de talento, principalmente numa fase precoce, torna-se uma vantagem competitiva para os clubes, tanto ao nível desportivo como financeiro. Dessa forma, permite que estes tenham, nos seus elencos, bons jogadores sem despender recursos financeiros na sua aquisição.

No entanto, o processo de identificação de talento é bastante subjetivo, pois os jogadores têm fases de maturação diferentes. Neste sentido, o autor Júlio Garganta em 2009 disse que, no processo de recrutamento e seleção, o foco dos scouts recai essencialmente nos jogadores com um rendimento acima da média ou, ainda, sobre aqueles que demonstram condições de evolução num processo de treino estruturado. Num estudo publicado em 2009 realizado com oito treinadores de formação da seleção nacional dinamarquesa, eles mencionaram que utilizam a sua intuição e experiência para identificar padrões nos jogadores. Sendo os dois fatores mencionados por Garganta como base para suas decisões.

No processo de treino, mesmo que um atleta tenha uma orientação adequada, oportunidades precoces e muito incentivo, o sucesso nem sempre estará garantido. Apesar de atrativa e apelativa, a ideia na qual a prática leva à perfeição não parece ser realista. Porém, as explicações em termos práticos são insuficientes, valorizando também as características hereditárias.

Outro fato importante é a predisposição genética do indivíduo que pode interferir no desempenho desportivo. Nem todas as crianças conseguem responder positivamente às oportunidades e incentivos.

O que aprendemos sobre talento no futebol

Portanto, desempenhos elevados não estão em uma fórmula mágica. Há muitas formas de chegar lá, sendo extremamente difícil associar os fatores em questão.

A excelência no esporte é o resultado da conjugação entre genética e o ambiente envolvente. Mesmo pressupondo que existem influências genéticas no alto desempenho, elas devem ser entendidas de forma probabilística para obtenção do sucesso, sendo necessárias condições ambientais apropriadas para que o indivíduo se destaque. Deste modo, concluímos que o talento é algo inato e adquirido, ou seja, todos os indivíduos têm essa capacidade. Porém, depende do aperfeiçoamento, do interesse do praticante, de uma boa capacidade de relacionamento interpessoal, adaptações a diferentes contextos e disciplina.

Confira abaixo um episódio do Podcast sobre o assunto:

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