Publicado em

Métodos de Ensino no Futebol

Neste texto, explicaremos sobre os principais métodos de ensino do Futebol para você compreender melhor a respeito deste assunto.

Modalidades coletivas como o Futebol, por exemplo, possuem como característica principal a organização do jogo entre ataque, defesa e transições. Entretanto, no Futebol também há a presença de princípios e intenções táticas pautadas dentro daquilo que o jogo oferece e exige. Portanto, o processo de ensino do Futebol requer a aplicação de princípios didáticos, pautados em metodologias e ações pedagógicas que contemplem um ensino eficiente.

De maneira geral, os métodos de ensino no futebol mais conhecidos na literatura e que exemplificaremos neste texto são os métodos: analíticos, globais e mistos. Porém, outros métodos e abordagens de ensino estão presentes na literatura com características que se encaixam ora nos métodos analíticos, ora nos globais. A exemplo, estão os métodos situacionais, os métodos dos jogos reduzidos, os métodos confrontacionais entre outros.

Mas quais as características predominantes nas ações dos principais métodos de ensino no Futebol?

Método Analítico

O método analítico é muito conhecido pela sequência de “exercícios técnicos¨ isolados. Caracteriza-se pela aprendizagem através das técnicas e fundamentos, sem o envolvimento de situações de jogo, ou seja, em alguns momentos, sem a presença de companheiros e do adversário.  Este método, dá ênfase à biomecânica do movimento, e a técnica é desenvolvida em um processo sequencial. Partindo do mais simples para o mais complexo, em uma perspectiva descontextualizada do jogo em si, pois a prioridade é o padrão do movimento.

Método Global

O método global fundamenta-se em desenvolver estruturas de jogos menos complexas que o jogo formal, como jogos pré-desportivos, recreativos, de iniciação, etc. Esta metodologia deverá promover atividades/jogos desafiadores, em que problemas táticos são constantemente exigidos durante os jogos. Assim, o jogador é estimulado a pensar e tomar decisões de forma contínua.  Ao invés de enfatizar a aprendizagem de fundamentos técnicos isolados, o método global estimula a capacidade de descoberta pela prática através do desenvolvimento do jogo.

Estes jogos, portanto, propiciam o contato direto do jogador com o adversário, em um ambiente instável com ou sem bola de forma dinâmica. Costuma-se afirmar, que este ensino se pauta em três fatores: comportamento tático; desenvolvimento técnico; e o domínio do espaço de jogo.

Método Misto

É a mescla entre os dois métodos de ensino explicitados acima. Parte da abordagem técnica no início da sessão de treino e finaliza com a prática de atividades em formato de jogos.  Este método possibilita mais vivências práticas contextualizadas se comparado ao analítico, pois quando o atleta não consegue executar tal função no jogo eficazmente, o treinador utiliza uma série de exercícios ou jogos com ênfase na melhora do processo, permitindo correções e evoluindo para o jogo formal.

Além destes, outros métodos também são estudados na literatura:

Método Situacional

Este método é caracterizado pela prática de situações de jogo semi-estruturadas (situações extraídas do jogo), que envolvem comportamentos individuais e coletivos. A ênfase deste método é desenvolver a capacidade cognitiva do atleta no seu espaço de jogo, como a percepção, antecipação, e tomadas de decisão; com e sem bola. Alguns autores denominam este ensino como jogos condicionados ou métodos de série de jogos. Na prática, o professor adapta espaço, número de atletas, regras, mas sem alterar os princípios do jogo.

De maneira geral, este método permite desenvolver competências para os atletas solucionarem os problemas específicos do esporte através do desenvolvimento das capacidades cognitivas, coordenativas e técnico-motoras.

Método dos Jogos reduzidos

Em princípio, alguns estudos contemplam também o método de jogos reduzidos, na qual são realizados jogos em espaços pequenos, onde os elementos da estrutura das modalidades coletivas devem estar presentes. São estes os elementos: bola; regras; espaço; adversários; colegas; meta. Os jogos vão sendo adaptados conforme o objetivo do treino e do treinador.

Métodos de confrontação ou jogo formal

Além disso, na literatura, encontra-se o método de confrontação, ou jogo formal. Este consiste em aprender o jogo com suas características formais, sem divisões de etapas, ou objetivos preliminares a serem trabalhados. Um exemplo clássico, é o “coletivo”, onde a aprendizagem se dá através da organização do jogo formal entre o confronto das duas equipes. A estruturação desta atividade está relacionada diretamente com a busca pela vitória, seja na divisão das equipes, na elaboração de estratégias, no confronto direto entre os jogadores, entre outros.

O que entendemos sobre Métodos de Ensino no Futebol?

Contudo, fica claro que o professor e/ou treinador precisa ter conhecimento sobre a existências destas metodologias, da pedagogia e dos processos de ensino aprendizagem, além de recorrer ao método de ensino conforme o momento e situação durante seus treinos e aulas. Pois, o professor/treinador é o agente mediador da compreensão do jogo com seus atletas. Desse modo, a utilização das metodologias vêm de encontro com a realidade social, com a adequação a faixa etária dos atletas, seja a abordagem em escolinhas, clubes, etc.

Durante as partidas é comum evidenciarmos que os atletas que mais se destacam em campo, são aqueles que melhor conseguem selecionar as informações, e antecipam melhor as situações específicas do jogo. E estas ações cognitivas e motoras devem ser treinadas. Por isso, é essencial que na sessão de treinamento o contexto de jogo e o comportamento inteligente do atleta/aluno sejam desenvolvidos. Mas qual o caminho para alcançar tal objetivo? As metodologias servem justamente para isso, para embasar o ensino do treinador.

Confira abaixo um episódio do Podcast sobre o assunto:

Referências para Leitura sobre métodos de ensino no futebol:

Cotta, Rafael Martins. Treino é jogo! E jogo é treino! A especificidade do treinamento no futebol atual- Rafael Martins Cotta.

Moreira, Renato Lopes. Tática no Futsal: anotações teóricas e práticas sobre o jogo.

Balzano, Otávio Nogueira. Futsal: Treinamento com jogos táticos por compreensão.

GRAÇA, A.; MESQUITA, I. A investigação sobre os modelos de ensino dos jogos desportivos. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, v.7.

Contato da Autora:
Instagram: @Torettifaveri

Para receber conteúdos como esse em seu e-mail, participe da nossa Newsletter.

Publicado em

Como fazer o Curso de Treinador de Futebol da CBF Academy?

No Brasil, não só temos inúmeras pessoas que jogam e assistem futebol, como também existem muitos aspirantes a treinadores que sonham em seguir uma carreira nesse esporte. E o que pouca gente talvez saiba, é sobre a existência de uma das formas mais renomadas e reconhecidas de se capacitar como treinador de futebol no Brasil. Essa formação é promovida através dos cursos de treinadores da CBF Academy, onde é possível obter uma Licença para ser técnico de futebol. 

Embora legalmente ainda não haja a obrigatoriedade dos cursos da CBF para ser treinador de Futebol, a CBF nos últimos anos vêm capacitando treinadores pelo Brasil com o intuito de permitir com que grande parte dos profissionais tenham uma qualificação e sejam licenciados para atuar e treinar jovens e adultos. Esse modelo é aplicado pela UEFA e também por outros países membros da Conmebol, e no Brasil, embora com algumas dificuldades de logística e de custos, a CBF vêm obtendo sucesso na implementação das licenças.

Mas como funcionam as Licenças da CBF?

Vamos te explicar como é o processo para se inscrever e participar das licenças. Esse entendimento pode ser um passo importante para você iniciar a sua formação para ser treinador ou treinadora de sucesso no cenário brasileiro e internacional.

Antes de tudo, vale destacar que a CBF Academy é uma escola de formação de treinadores organizada e gerenciada pela Confederação Brasileira de Futebol. A CBF Academy oferece cursos e licenças de formação para treinadores de futebol de todas as categorias, desde a base até o futebol profissional.

Para obter as licenças da CBF, o candidato deve concorrer a algumas das vagas nos programas de formação. Esses programas acontecem em diferentes capitais brasileiras conforme calendário liberado no início de cada ano. Além disso, para participar das licenças, o candidato deve ser formado no curso de Educação Física, ter comprovada a atuação como ex-atleta profissional ou ter trabalhado como treinador de futebol em ligas oficiais durante um período.

O que são as Licenças?

As licenças da CBF Academy para treinadores de futebol têm uma ordem específica na qual devem ser obtidas. A CBF Academy oferece cursos de treinador de futebol em diferentes níveis, adequados para aspirantes a treinadores com diversos níveis de experiência e formação. Existem diferentes níveis, denominadas Licenças C, B, A e PRO. Lembrando que elas são progressivas e equivalentes, ou seja, para adquirir a Licença B, é necessário realizar a licença anterior, que neste caso seria a Licença C.

Vamos entender cada uma delas:

Licença C

A Licença C é a primeira delas e visa principalmente a formação de treinadores que trabalham em escolas de futebol. Durante o curso, são abordadas diversas temáticas, como primeiros socorros e o funcionamento do treinamento para crianças e adolescentes. Essa licença é ideal para aspirantes a treinador que estão no início de suas carreiras. Em 2023, o investimento necessário para obter a Licença C da CBF é de R$5.300,00.

Licença B

A licença B já é uma etapa mais detalhada e focada na formação de treinadores, permitindo que eles trabalhem em equipes de futebol amador e profissional. 

Durante este nível, os treinadores adquirem conhecimentos sobre a alimentação de jovens talentos brasileiros, aprendem sobre a parte fisiológica e também se aprofundam na cultura do futebol brasileiro. Atualmente, em 2023, o investimento necessário para obter a Licença B da CBF é de R$8.200,00.

Licença A

Já a licença A é uma qualificação mais avançada para treinadores de futebol, permitindo que eles trabalhem em equipes de alto nível. Nesse estágio, os participantes exploram aspectos mais complexos do jogo, como análise tática, periodização do treinamento, psicologia esportiva e estratégias de jogo. O valor atual para a obtenção da Licença A da CBF Academy é de R$ 10.500,00 em 2023. Essa qualificação é fundamental para treinadores que pretendem assumir cargos de liderança em clubes de elite no Brasil.

Licença PRO

Para participar da Licença PRO, um treinador deverá receber um convite da entidade. Essa licença se destina a profissionais da elite do futebol nacional.  Atualmente, em 2023, o valor da maior licença da CBF é de R$ 20.900,00.

Portanto, as licenças da CBF proporcionam aos treinadores uma formação de extrema qualidade para que eles possam evoluir cada vez mais no mercado do futebol. Porém, é importante ressaltar que a questão da logística pode ser uma dificuldade, já que as aulas presenciais são apenas em capitais do Brasil e em momentos específicos.

Lembrando que as informações encontradas nesse texto podem estar desatualizadas dependendo da época que você o lê, então é importante ficar sempre atento às atualizações no próprio site da CBF.

Essas e outras informações sobre as licenças da CBF você pode encontrar no site

Como se inscrever em cursos de treinadores da CBF?

Após escolher o nível do curso que melhor se adequa ao seu perfil, o próximo passo é realizar a inscrição. O processo de inscrição pode variar conforme a disponibilidade de vagas e a demanda por cada nível, mas geralmente envolve os seguintes passos:

  • Inscrição no site da CBF
  • Envio de documentos
  • Aprovação na próxima turma
  • Pagamento de taxas
  • Matrícula

Uma vez matriculado no Curso de Treinador de Futebol da CBF Academy, é crucial manter um alto nível de comprometimento e participação ativa. Além da presença, é importante manter um acompanhamento do conteúdo, estudos no formato remoto, dedicação e participação nas aulas práticas.

Ao final, é importante se preparar para avaliações e exames periódicos. A obtenção de notas satisfatórias é fundamental para a conclusão bem-sucedida do curso. E após concluir com sucesso todas as etapas do curso, você estará pronto para receber sua Licença como Treinador de Futebol da CBF Academy. 

A conclusão pode variar conforme o nível do curso, mas geralmente inclui a aprovação nas avaliações e em treinamentos práticos. Ao concluir o curso, os alunos recebem a licença da CBF. Essa tão sonhada licença, é um documento que autoriza o treinador a trabalhar em equipes de futebol segundo a categoria da licença.

Neste link você pode acessar o regulamento geral das Licenças 

Preciso fazer Estágios para ter Licenças da CBF? 

Dependendo do nível do curso, você pode ser obrigado a realizar estágios ou adquirir experiência prática em treinamento de equipes.

Para ser treinador da elite do futebol brasileiro, é obrigatório possuir as Licenças A ou PRO. Nas licenças inferiores, o único pré-requisito no âmbito da formação é ser graduado em Educação Física. No entanto, as vagas são limitadas e os treinadores são selecionados após uma análise curricular realizada pela CBF.

Além dos cursos de formação, a CBF Academy também oferece cursos de atualização e especialização para treinadores de futebol.

Vale a pena fazer o curso da CBF?

De maneira simples, sim. O curso de treinador de futebol da CBF Academy é uma excelente oportunidade para quem deseja se tornar um treinador de futebol profissional. O curso oferece uma formação completa, que prepara os candidatos para trabalhar em equipes de futebol em todas as categorias.

Além das informações apresentadas neste texto, é importante ressaltar que a CBF Academy está constantemente atualizando seus cursos para atender às necessidades do mercado. Por isso, é importante consultar o site da CBF Academy para obter as informações mais atualizadas sobre os cursos e as exigências para inscrição.

As licenças da CBF são atualmente a principal porta de entrada para o mercado de futebol no Brasil e representam um investimento muito valioso para quem deseja trabalhar nessa área. Nada impede também de você buscar qualificação e capacitações em outros locais. Aqui no Ciência da Bola, por exemplo, sempre ofertamos conteúdos e formações para se atualizar, mesmo para aqueles com ou sem as licenças.

Como fazer outros Cursos de Futebol Livres?

Os cursos de livres são programas de formação de diferentes instituições, plataformas e empresas de ensino. Esses cursos abrangem uma variedade de tópicos sendo voltados para estudantes, profissionais, treinadores e entusiastas do esporte. Aqui no Ciência da Bola, por exemplo, fornecemos formações em diferentes áreas do Futebol. O Ciência da Bola se destaca como uma das empresas referências no setor aqui no Brasil, assim como outras instituições como a Universidade do Futebol, Footure, Unigra, Futebol Interativo dentre outros.

A vantagem dos cursos livres é a praticidade e fácil acesso, uma vez que esses cursos podem ser realizados tanto no formato presencial quanto online, permitindo que os participantes aprendam no seu próprio ritmo e a partir de qualquer local. Além disso, os cursos livres geralmente possuem valores de investimento mais acessíveis em comparação com licenças e especializações mais extensas, oferecendo um bom custo-benefício. Outra vantagem é a possibilidade de aprender com professores de referência e se atualizar com as últimas tendências do futebol.

No entanto, uma desvantagem dos cursos livres é que eles podem não oferecer o mesmo reconhecimento oficial como as licenças, e nem diplomas como as especializações fornecem.

Clique aqui e confira as formações disponíveis atualmente aqui no site do Ciência da Bola.

Confira abaixo um episódio do Podcast sobre como é ser treinador de futebol:

Publicado em

Cursos de Futebol oferecidos no Brasil

No futebol, a busca pelo conhecimento e aprimoramento contínuo são essenciais para estudantes, treinadores e profissionais envolvidos no esporte. Tanto as Licenças da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) quanto os cursos de futebol, oferecem oportunidades valiosas de aprendizado e capacitação. Porém, muitas pessoas ainda tem dificuldades em entender como funcionam os cursos e licenças e qual a melhor opção.

Quais os tipos de cursos de Futebol existem no Brasil?

Atualmente no Brasil, para ser licenciado como treinador ou treinadora de Futebol, é indispensável a realização das licenças. As licenças são oferecidas pela CBF com a organização do programa CBF Academy. A partir dela é possível se qualificar em níveis para atuar em diferentes locais e categorias.

Já os cursos de Futebol, também chamado de “cursos livres” podem ser organizados por qualquer empresa, professor ou instituição. Segundo a legislação brasileira, os cursos livres presenciais e on-line possuem autorização para ofertar conhecimentos e conteúdos sobre determinada área sem restrição, exceto a emissão de diplomas e licenças.

Ainda há uma terceira possibilidade de realizar cursos de futebol, as pós-graduações lato sensu, também conhecidas como “especialização”. Ao final dela o aluno recebe o título de especialista, mas não obtém as licenças para treinador.

Confira abaixo quais as especificações de cada uma delas:

Licenças da CBF

As Licenças da CBF são certificações oficiais concedidas pela Confederação Brasileira de Futebol. Essas licenças são voltadas principalmente para treinadores que buscam se tornarem aptos a trabalhar no futebol, além de aprender e aperfeiçoar seus conhecimentos como treinador ou treinadora. No entanto, há também cursos organizados pela CBF na área de preparação física, formação de base, gestão e demais assuntos.

São quatro níveis: Licença C, Licença B, Licença A e Licença PRO. Cada nível representa um estágio progressivo e exige que os treinadores atendam a requisitos específicos em relação à experiência, formação acadêmica e conhecimento prático do futebol.

Licença C

É o primeiro nível das Licenças da CBF. Os participantes aprendem conceitos básicos de treinamento, desenvolvimento de jogadores e planejamento de sessões de treinamento. Esta licença permite atuar em escolas esportivas e iniciação. Os pré-requisitos para ingressar na Licença C da CBF variam, mas geralmente exigem que o candidato tenha o Ensino Médio completo, possua experiência prática no futebol, seja aprovado em um curso de formação específico e cumpra os requisitos estabelecidos pela CBF.

Licença B

É o segundo nível das Licenças da CBF e orienta-se para treinadores com algum grau de experiência no futebol. Nesse estágio, os participantes aprofundam seus conhecimentos sobre metodologia de treinamento, tática, preparação física e gestão de equipes. Esta licença permite o treinador atuar na formação de atletas, em equipes de Categoria de Base de Clubes e demais organizações do Futebol. Os pré-requisitos para ingressar na Licença B da CBF incluem a conclusão da Licença C, experiência prática relevante no futebol, aprovação em um curso de formação específico e cumprimento dos critérios definidos pela CBF.

Licença A

É o terceiro nível das Licenças da CBF e destina-se a treinadores com experiência substancial e conhecimento aprofundado do futebol. Nesse estágio, os participantes exploram aspectos mais complexos do jogo, como análise tática, periodização do treinamento, psicologia esportiva e estratégias de jogo. Com a Licença A, os treinadores podem trabalhar em equipes de Futebol profissional de Clubes e demais organizações do Futebol. Os pré-requisitos para ingressar na Licença A da CBF incluem a conclusão da Licença B, experiência prática relevante no futebol, aprovação em um curso de formação específico e atendimento aos critérios estabelecidos pela CBF.

Licença PRO

É o nível mais alto das Licenças da CBF e destina-se a treinadores de elite, com experiência em alto nível do futebol profissional. Com a Licença PRO, os treinadores estão aptos a atuar como treinadores em equipes profissionais de alto nível, como clubes de elite e seleções nacionais. Além disso, podem assumir cargos de gestão esportiva e trabalhar em funções estratégicas no futebol. Os pré-requisitos para ingressar na Licença PRO da CBF incluem a conclusão da Licença A, experiência prática relevante no futebol de alto nível, aprovação em um curso de formação específico e cumprimento dos critérios estabelecidos pela CBF.

Portanto, as Licenças da CBF oferecem vantagens significativas, como reconhecimento oficial, qualificação especializada, acesso a conteúdo atualizado de forma presencial e online, e oportunidades de networking.

No entanto, as desvantagens incluem principalmente as limitações de logística, já que elas são ofertadas apenas em algumas capitais do Brasil em momentos específicos; além de custos financeiros que podem ser elevados.

Cursos de Futebol Livres

Os cursos de livres são programas de formação de diferentes instituições, plataformas e empresas de ensino. Esses cursos abrangem uma variedade de tópicos sendo voltados para estudantes, profissionais, treinadores e entusiastas do esporte. Aqui no Ciência da Bola, por exemplo, fornecemos formações em diferentes áreas do Futebol. O Ciência da Bola se destaca como uma das empresas referências no setor aqui no Brasil, assim como outras instituições como a Universidade do Futebol, Footure, Unigra, Futebol Interativo dentre outros.

A vantagem dos cursos livres é a praticidade e fácil acesso, uma vez que esses cursos podem ser realizados tanto no formato presencial quanto online, permitindo que os participantes aprendam no seu próprio ritmo e a partir de qualquer local. Além disso, os cursos livres geralmente possuem valores de investimento mais acessíveis em comparação com licenças e especializações mais extensas, oferecendo um bom custo-benefício. Outra vantagem é a possibilidade de aprender com professores de referência e se atualizar com as últimas tendências do futebol.

No entanto, uma desvantagem dos cursos livres é que eles podem não oferecer o mesmo reconhecimento oficial como as licenças, e nem diplomas como as especializações fornecem.

Clique aqui e confira as formações disponíveis atualmente aqui no site do Ciência da Bola.

Pós-Graduações em Futebol

As pós-graduações em futebol são programas de ensino superior voltados para profissionais que desejam aprofundar seus conhecimentos e se especializar na área do futebol. Esses programas oferecem uma educação avançada e abrangente, abordando aspectos técnicos, táticos, teóricos, científicos e de gestão relacionados ao esporte.

A duração das pós-graduações em futebol pode variar conforme o nível de especialização e a carga horária estabelecida pelo programa. Normalmente, esses programas têm uma duração média de 1 a 2 anos, dependendo do formato (presencial ou online) e da carga horária semanal. Para ingressar em uma pós-graduação em futebol, geralmente é necessário possuir um diploma de graduação.

Neste sentido, algumas universidades e faculdades brasileiras oferecem programas de pós-graduação relacionados ao futebol. Instituições como a Universidade Estácio de Sá, Universidade Gama Filho e Universidade Federal de Viçosa têm programas de especialização em Futebol e áreas afins. Ao final o aluno recebe um diploma de pós-graduação, mas ainda não está apto a ter as Licenças.

Dessa forma, como vantagens em realizar uma pós em Futebol, é a oportunidade de aprofundar conhecimentos e habilidades específicas no esporte, ampliar o networking com profissionais da área, ter acesso a conteúdo atualizado e ter um diferencial competitivo no mercado de trabalho.

Por outro lado, algumas desvantagens incluem o investimento financeiro necessário, o tempo e esforço dedicados ao programa e a possibilidade de limitação da aplicabilidade do conhecimento adquirido a um contexto específico do futebol.

Foto de Joshua Hoehne na Unsplash

Pode atuar sem ter cursos de futebol?

Sim, é possível atuar no futebol sem ter cursos ou formação específica. No Brasil, especialmente em níveis amadores e em comunidades locais, é comum encontrar treinadores e profissionais do futebol que adquiriram conhecimentos e experiências práticas por meio da vivência no esporte. Muitas vezes, essas pessoas desenvolvem suas habilidades e conhecimentos ao longo do tempo, através de experiências como jogadores, treinadores assistentes ou por meio do autodidatismo.

No entanto, é importante ressaltar que, embora não haja requisitos formais para atuar como treinador de futebol sem cursos, uma formação educacional e especializada pode trazer benefícios significativos. As exigências das licenças, por exemplo, pode variar em diferentes contextos e competições específicas. Cada clube e cada processo seletivo podem ter critérios próprios para a contratação de treinadores. No entanto, a posse de licenças reconhecidas pela CBF é geralmente um fator relevante e uma vantagem competitiva na busca por oportunidades de trabalho e crescimento na carreira de treinador de futebol.

Por que fazer cursos de futebol?

Primeiramente, realizar um curso de futebol proporciona uma formação sólida e abrangente, que aborda tanto os aspectos técnicos quanto os táticos, teóricos e científicos do esporte. Isso permite que os treinadores adquiram conhecimentos especializados, compreendam melhor o jogo e desenvolvam métodos de treinamento eficazes.

Veja os principais benefícios em fazer cursos de Futebol:

Conhecimento teórico

A princípio, além das habilidades práticas, entender os conceitos e teorias do futebol é fundamental para um profissional do esporte. Um bom curso de futebol aborda aspectos como táticas de jogo, sistemas táticos, estratégias de treinamento, psicologia esportiva e preparação física. Ao adquirir conhecimentos teóricos, os participantes se tornam mais completos em sua compreensão do jogo e podem tomar decisões mais acertadas em campo.

Orientação de profissionais experientes

Além disso, um dos principais benefícios de fazer um curso de futebol é a oportunidade de aprender com profissionais experientes. Esses instrutores têm conhecimentos profundos sobre o esporte e geralmente possuem uma vasta experiência como jogadores, técnicos ou preparadores físicos. Suas orientações e conselhos valiosos podem ajudar os participantes a evoluir rapidamente e evitar erros comuns.

Networking

Os cursos de futebol também proporcionam uma ótima oportunidade de fazer networking com outros profissionais do esporte. Conhecer pessoas que compartilham a mesma paixão e aspirações pode levar a parcerias futuras, oportunidades de treinamento ou até mesmo abrir portas na carreira.

Credibilidade e reconhecimento

Ao obter certificações ou licenças de cursos de futebol reconhecidos, você demonstra um comprometimento sério com a profissão e agrega credibilidade à sua experiência. Isso pode abrir portas para oportunidades de trabalho, colaborações e avanço na carreira no campo do futebol.

Aprendizado contínuo

O futebol está em constante evolução e os cursos de futebol oferecem uma maneira de continuar aprendendo e se desenvolvendo como treinador ou jogador. Eles fornecem uma plataforma para expandir seu conhecimento e estar atualizado com as mudanças no esporte.

Portanto, realizar cursos de Futebol é de extrema importância para sua qualificação e atuação profissional.

Clique aqui e confira nossas formações.

Veja abaixo um episódio do nosso Podcast sobre o assunto:

Para receber conteúdos como esse em seu e-mail, participe da nossa Newsletter.

Publicado em

A importância do contexto no Futebol

A importância do contexto no futebol para a não-generalização de metodologias e processos nesse esporte.

Nos últimos anos a palavra contexto vem sendo muito empregada no meio do Futebol, principalmente por aqueles interessados em compreender o jogo e as demais áreas inerentes. Aliás, se você acompanha nossos textos, certamente já deve ter se deparado inúmeras vezes com o termo contexto no futebol.

O que é contexto?

Pois bem, antes de começar, vamos nos atentar ao significado da palavra contexto segundo o dicionário michaelis:

Conjunto de circunstâncias que envolvem um fato e são imprescindíveis para o entendimento deste.

Então, contextualizar significa compreender o fato considerando o seu contexto, ou seja, todo o seu entorno, tudo aquilo que pode interferir neste.

Para compreendermos a importância do contexto, de uma forma bem simples e direta, exemplificaremos com o seguinte cenário:

  • Augusto, aluno do 7° ano, tirou 3,0 pontos na prova de Matemática.

E agora, será que somente com essa informação é possível sabermos se Augusto foi bem ou mal na prova em questão? Sem saber, por exemplo, o valor da prova, fica difícil afirmar o quão bom (ou ruim) foi o desempenho de Augusto. Captou a ideia? Entendeu o quão importante é compreender o contexto?

Visto isso, na sequência do texto apresentaremos alguns dos porquês dessa importância, usando como exemplo o treinamento, a análise do adversário e a captação de jogadores. Que fique claro: não vamos nos aprofundar muito em cada um dos tópicos, pois há vários textos já publicados aqui, os quais citaremos no discorrer, que os apresentam de forma mais profunda e completa.

O contexto do treinamento de futebol

Antes de começarmos este tópico, gostaríamos que você mesmo, após a introdução, buscasse entender o que seria essa contextualização dentro do treinamento, refletindo sobre o assunto. Será que é possível copiar um treinamento e aplicar no seu clube, sem qualquer adaptação?

Primeiramente, em qual clube você se encontra? Quais são os objetivos destes para a categoria no qual trabalha? A preocupação é, caso atue nas categorias de base, em formar jogadores para posterior venda ou para a utilização na equipe principal? Enfim, essas são apenas algumas das várias perguntas que se devem responder para melhor atender as exigências presentes.

Então, após reconhecer as exigências e necessidades do clube, adentramos nos contextos voltados para o treinamento em si. Neste cenário, várias publicações levantam a importância de se treinar, de fato, o jogo. Compreender o jogar desejado pelo treinador, a partir de seu modelo de jogo, e treiná-lo para conseguir executar durante as partidas, é uma das principais contextualizações necessárias. Aliás, falando em modelo de jogo, o mesmo requer adaptações ao contexto, mas, para isso, sugiro que você leia o nosso texto referente ao mesmo.

[…] o treino é que faz o jogo que justifica ou valida o treino

Prof. Dr. Júlio Garganta, citado no livro “Para um Futebol jogado com Idéias”.

Elenco / indivíduos

Outra contextualização é o olhar para o indivíduo. Isso requer um grande conhecimento acerca do elenco, para entendermos as facilidades e dificuldades apresentadas pelos jogadores. Além disso, caso o treino seja para uma categoria dos anos iniciais, cabe se atentar à fase do desenvolvimento cognitivo da faixa-etária, não tornando os treinamentos mais ou menos complexos do que seus jogadores necessitam. 

Para além do mencionado, existe a necessidade de avaliações constantes e de armazenamento destas informações, pois verificar o nível de evolução dos jogadores é fundamental para o ajuste dos treinamentos, buscando sempre potencializar o desenvolvimento destes. Em outras palavras, o contexto exige adequação ao desenvolvimento dos seus jogadores, e, para tanto, existe a necessidade destas avaliações e o armazenamento destas informações para o compreender.

Respondendo à pergunta inicial, cada contexto exige uma abordagem diferente, percebe? Exige inúmeras adaptações. Logo, não existe um treinamento replicável de forma eficiente em diferentes cenários e contextos no futebol, sem a necessidade de adaptações.

A contextualização da análise

“A necessidade de interpretar os dados recolhidos em função das características específicas das partidas, leva os analistas a focalizarem cada vez mais a sua atenção na relevância contextual dos comportamentos dos jogadores, o que conduz ao estudo da organização do jogo de ambas as equipas em confronto”.

Citado na Tese do Prof. Dr. Júlio Garganta.

Análise do adversário

Para não deixarmos o texto muito extenso, apenas considerarei alguns pontos voltados para análise do adversário. Mas fica claro, como já mencionado acima e o que será dito na sequência, que o mesmo se aplica para as outras diferentes vertentes da análise. Dessa forma, a primeira grande contextualização é a respeito da própria análise, onde a busca por entender de fato as ações devem ir além do superficial.

O que isso quer dizer?

Quer dizer que as ações analisadas devem ser compreendidas no contexto ao qual ocorreram, ou seja, é fundamental buscar os porquês que os levaram a elas. Aliás, caso queira compreender um pouco mais este assunto, sugiro os inúmeros textos publicados por aqui, por exemplo: a respeito do relatório de análise e sobre a necessidade de reconhecer a complexidade do jogo.

Pré-análise do adversário: quais jogos analisar?

Seguindo o texto, outra importante contextualização é acerca da pré-análise. Refletimos: será que é apenas pegar N jogos do adversário para analisar, não importando mais nada? As equipes se comportam sempre iguais, independentemente do adversário, da competição, de fatores climáticos, do mando de campo e de possíveis desfalques, por exemplo? Claramente que não. Então, antes de analisar o jogo, você deve buscar fatores coerentes e aproximados ao que se observará no jogo que sua equipe realizará diante deste adversário. Aliás, cabe incutir na análise fatores inerentes ao jogo, como as mudanças comportamentais induzidas por vantagens ou desvantagens no placar, por conta das possíveis substituições e também possíveis superioridades ou inferioridades numéricas provocadas por expulsões ou lesões após a última possível substituição.

Para encerrar, destaque o possível cenário encontrado no dia da partida. Por exemplo: onde ocorrerá o jogo e como estará o clima neste dia? A equipe mudou de comando ou está pressionada por algum motivo? Enfim, torne sua análise cada vez mais robusta, com informações relevantes que possam agregar informação de qualidade em sua análise.

O contexto no futebol: captação de jogadores

É bem provável que você já tenha participado de uma “peneira”, aquelas avaliações realizadas pelos clubes contendo centenas de crianças, adolescentes ou jovens, todos na expectativa de adentrar as categorias de base do clube. Além disso, caso já tenha participado, também já deve ter refletido acerca da metodologia de avaliação empregada nesta peneira que participou. Não é?

É sobre isso que se trataremos neste tópico. No entanto, não falaremos somente acerca das peneiras, mas sim, considerando todos os processos de captação de jovens jogadores. Neste cenário a contextualização se daria, de maneira inicial e já mencionada acima, em quais são os objetivos da equipe e as necessidades da categoria. Em contrapartida, além dessas questões, algo que se faz necessário quando tratamos de jogadores que nem sempre atingiram sua maturação plena: precisamos considerar o seu potencial de desenvolvimento, o próprio nível de maturação e as diferenças existentes devido à idade relativa. Logo, cada faixa-etária exige uma diferente metodologia de observação, conforme o seu desenvolvimento físico, cognitivo e potencial para desenvolvimento técnico-tático.

Ainda, para concluir, se tratando de jovens jogadores, os fatores referentes à adaptação no local, a influência do possível distanciamento dos familiares e as de cunho escolar, são fundamentais e devem ser incluídas nesse processo.

Concluindo, a generalização é possível?

Então, seria possível seguir a risca, sem a necessidade de adaptações, modelos de sucesso em outros clubes? Existe um molde genérico que vale para qualquer contexto e cenário? Essas questões ficam para a sua reflexão.

Confira abaixo um episódio do Podcast sobre o assunto:

Para receber conteúdos como esse em seu e-mail, participe da nossa Newsletter.

Publicado em

Saída de 3 no futebol

No texto de hoje abordaremos a saída de 3 no futebol. Até algum tempo atrás o mais comum era observarmos o time sair jogando com os dois zagueiros e dois laterais numa região mais recuada do campo (1ª fase de construção). No entanto, atualmente, muitas são as equipes que iniciam as suas jogadas ofensivas com a saída de 3.

O que é a saída de 3?

A saída de 3 no futebol é quando uma equipe irá iniciar a organização ofensiva na 1ª fase de construção com somente 3 jogadores. Vejamos a figura abaixo para compreender melhor.

Criada pelo autor usando o tactical-board.

As saídas de 3 mais comuns são executadas das seguintes formas (iniciamos pelo jogador mais à direita, depois o centralizado e, por último, o jogador situado à esquerda):

  • Zagueiro, volante e zagueiro;
  • Zagueiro, zagueiro e lateral esquerdo;
  • Lateral direito, zagueiro e zagueiro;
  • Volante, zagueiro e zagueiro;
  • Zagueiro, zagueiro e volante;
  • 3 zagueiros.

Antes de mais nada, vale ressaltar que não existem maneiras certas e erradas de realizar a saída de 3. Os jogadores envolvidos nesse momento precisam ter determinadas características, o que irá mudar de elenco para elenco.

Além disso, a saída de 3 possui características próprias. Vamos entender o porquê muitos times estão optando por usá-la.

Por que usar a saída de 3?

A saída de 3, em comparação a tradicional saída de 4 jogadores (2 zagueiros + 2 laterais),  visa utilizar menos jogadores na 1ª fase de construção, o que permite termos mais atletas no restante do campo. Além disso, como muitos times marcam com 2 atacantes, é uma forma de obtermos vantagem numérica na saída de jogo.

Mas, para que a saída de 3 seja eficaz, precisamos nos ater a alguns pontos importantes. Vamos a eles.

Zagueiro canhoto

Um detalhe importante para realizar a saída de 3 no futebol é ter um zagueiro (ou outro jogador) canhoto atuando pelo lado esquerdo. O simples fato de ter um jogador canhoto ou destro nessa posição pode mudar completamente a qualidade da construção. Isso porque, o jogador canhoto, quando recebe a bola do jogador centralizado, terá a opção de fazer o passe para o lateral esquerdo que está mais avançado, ou achar um passe entre linhas. Caso fosse um jogador destro atuando pelo lado esquerdo, essa ação ficaria dificultada, visto que ele precisaria ajustar todo seu corpo antes do passe, fazendo-o perder tempo.

Qualidade na diagonal longa

Outro ponto a ser destacado é a qualidade dos 3 jogadores na diagonal longa. Mas, o que é a diagonal longa? Em suma, a diagonal longa seria o lançamento de um dos defensores para um jogador do outro lado do campo. Vamos ao exemplo da figura abaixo.

Criada pelo autor usando o tactical-board.

Essa diagonal longa permite que, quando o time adversário estiver marcando compactadamente por um lado do campo, a bola chegue rapidamente ao lado oposto. Em outras palavras, o jogador que receber a bola terá menos adversários nessa região, podendo levar mais perigo ao gol adversário.

Qualidade na condução

Na saída de 3, muitas vezes, os defensores estarão em superioridade numérica. Dessa forma, é importante que, quando o jogador com bola estiver livre, ele consiga conduzir e criar espaços. Isto é, não necessariamente o atleta da saída de 3 precisa receber e tocar a bola para alguém mais à frente. Ele pode conduzir a bola e se somar aos homens à frente, sendo mais uma preocupação para a defesa adversária.

Característica do nº 5

Além dos 3 jogadores responsáveis pela saída de bola, é necessário que o jogador mais a frente (usarei como referência o nº 5), saiba jogar de costas para a pressão. Isto é, muitas vezes a bola sairá de um dos 3 defensores e chegará a esse 1º médio, que precisará receber de forma orientada, girar sobre seu marcador e dar continuidade a jogada. Caso ele não tenha essas características, a construção de jogo pode não fluir.

Desvantagens da saída de 3

Até agora falamos somente sobre os pontos positivos da saída de 3 e quais as características importantes que os jogadores que atuam nela devem conter. Mas, como tudo no futebol, há o lado positivo e o negativo. Então, a partir de agora, abordaremos as desvantagens dessa formação.

Transição defensiva vulnerável

Um dos principais pontos negativos é a transição defensiva quando perdemos a bola próximo aos 3 defensores. Afinal, como estamos construindo com menos jogadores atrás, quando perdemos a bola, temos menos jogadores atrás para defender. Assim, se os jogadores mais à frente não se comprometerem em recuperar a bola rapidamente, pode haver problemas defensivos.

Espaço pelos lados

Todos sabemos que o futebol é um esporte de tempo e espaço. Ou seja, quanto mais tempo e espaço tivermos, maiores as chances de chegar ao gol. Dessa forma, vemos que os espaços deixados no momento de atacar podem ser explorados pelo adversário. O principal espaço dessa formação está ligada aos corredores laterais. Isso ocorre porque, no momento de atacar, os laterais estarão projetados mais à frente. Vejamos o exemplo da figura abaixo para entender melhor.

Criada pelo autor usando o tactical-board.

A saída de 3 já é um marco do futebol atual. Portanto, nesse texto abordamos alguns pontos de como ela é estruturada, seus benefícios, características necessárias aos jogadores que atuam nela e quais as desvantagens que ela possui. Ainda nesse sentido, lembramos não haver certo e errado no futebol. Tudo dependerá de como o treinador imagina o jogo e quais os jogadores que ele tem à disposição.

Confira abaixo um episódio do Podcast sobre o assunto:

Para receber conteúdos como esse em seu e-mail, participe da nossa Newsletter.

Publicado em

Treinamento de goleiros na infância

Os Jogos Esportivos Coletivos como o futsal, futebol e handebol, são modalidades que contam com diversas posições. Sabemos que é muito comum a preocupação em organizar e ensinar as funções de cada posição desde a tenra idade para desenvolver suas potencialidades. No entanto, o treinamento de goleiro muitas vezes fica aquém, em comparação ao restante das posições.

Compreendemos também que é mais comum a influência dos pais e/ou responsáveis por seus filhos (as) para serem jogadores de linha, havendo pouca procura para ser goleiro. Mas, quando encontramos, é necessário ter um olhar pedagógico específico para tal.  

Mas como realizar uma abordagem educativa com esta posição?

Em princípio, nesta fase, o aluno precisa ter apreço por esta posição. Logo, compreendemos que dos 07 aos 10 anos os alunos começam a interiorizar os esquemas de ações, simples e concretas, por meio da diversidade de vivências.

Do mesmo modo, o jogo situacional comportamental deve ser enfatizado. O aluno precisa se situar dentro da área, ter noção espacial e de regras, entendendo ser o único que pode tocar na bola com as mãos no futebol e futsal, por exemplo. Bem como, identificar quem são seus colegas de equipe na reposição de bola.

Em suma, algumas reflexões pedagógicas são necessárias para o planejamento de aula:

  • Quais os movimentos mais importantes que os goleiros realizam durante as partidas?
  • Como realizá-los?
  • Onde o goleiro pode jogar dentro da quadra?
  • Como o goleiro deve se posicionar no momento do escanteio e reposição de bola?
  • O aluno (a) precisa gostar do que realiza e se sentir confiante.

Como realizar o treinamento de goleiro de futsal para a criança?

Empunhadura ou pegada

Sob o mesmo ponto de vista da premissa acima sobre o planejamento contextualizado, a ação do movimento precisa ter sentido para quem realiza. Dentre os fundamentos específicos da posição, a empunhadura ou pegada, movimento este realizado com as mãos para agarrar a bola, é um dos mais utilizados.

Nesse sentido, para desenvolver a técnica, o professor pode estar utilizando diversas bolas, de diferentes tamanhos, inclusive bolinhas de tênis que após o quique toma direções distintas, possibilitando a velocidade de reação do movimento.

As atividades com constantes mudanças de direções, sejam elas quicando a bola contra o chão e realizando a empunhadura, ou deslocamentos frontais e de costas lançando a bola para cima são importantes inclusive para o aquecimento inicial, caracterizando situações técnicas e de espaço temporal.

Base

Outro fundamento do goleiro de futsal é a base. Movimento importante para defesas de bolas rasteiras e saídas no 1×1. Logicamente que há todo uma complexidade envolvida nas situações de jogo e em qual situação tal fundamento será realizado. No entanto, movimentos simples de ações corporais trabalhados durante o treinamento auxiliam no processo de ensino aprendizagem global do aluno.

O profissional pode organizar atividades com deslocamentos e dois fundamentos em simultâneo, favorecendo a tomada de decisão rápida do aluno e a visão ampla do ambiente (espaço, traves, bola e jogador).

Trabalhos técnicos-táticos

Outro ponto importante são os trabalhos técnicos táticos de 1×1 com alunos (as) de linha. Estes desenvolvem a noção do tempo de chute do jogador, noção de como se deslocar conforme o espaço onde a bola está, além do enfrentamento com o adversário e defesas de finalizações dentro e fora da área.

A atividade denominada “espelho” também é essencial para automatização da ação corporal. Inicialmente, pode ser realizada sem bola, onde o profissional permanece de frente para os alunos (as) executando os movimentos com calma, enquanto estes repetem as ações. É um momento de correção, ajustes e automatização do movimento. Logo o elemento bola pode estar sendo introduzido e adicionado a empunhadura e/ou agarre.

As possibilidades de ensino são enormes. Assim, é importante que se tenha objetivos claros de aulas/treinos e sequência partindo do mais simples para o mais complexo.

Por fim, o mais importante é o goleiro (a) se sentir confiante debaixo das traves. Esta confiança se dá em um processo de reforço positivo entre treinos e jogos e, principalmente, ao ter a compreensão do que está fazendo dentro de quadra. Como resultado, o treinamento de goleiro de qualidade dará confiança e qualidades técnico-táticas fundamentais para a posição.

Fontes e Referências:

A epistemologia genética escrito por Jean Piaget

Confira abaixo um episódio do Podcast sobre o assunto:

Para receber conteúdos como esse em seu e-mail, participe da nossa Newsletter.

Publicado em

O trabalho do treinador de futebol e a influência da paisagem social

O futebol possui fatores sociais que influenciam o trabalho dos profissionais envolvidos de acordo com cada ambiente. Desta forma, o sucesso do trabalho do treinador de futebol não depende só de saber sobre tática e treinamento, mas também de instigar os atletas, gerir conflitos e lidar com dirigentes e torcedores.

No entanto, a maioria dos treinadores foca exclusivamente em conteúdos de treino e, às vezes, são incapazes de interpretar a paisagem social em que está inserido.

A paisagem social se refere à cultura dominante do local, os bons e maus comportamentos dos profissionais ao lado, os indivíduos mais influentes do grupo, o tipo de poder utilizado, etc. Portanto, além de auxiliar a habituação no trabalho do treinador de futebol, a boa interpretação da paisagem social ajuda a controlar diversos fatores e acelera o processo de adaptação ao modelo de jogo.

Diante disso, a leitura da paisagem social apresenta algumas características, como:

  1. Conhecimento da micropolítica;
  2. Liderança;
  3. Estratégias para gerir conflitos.

Conhecimento da Micropolítica

Segundo o livro: The Politics of Life in Schools: Power, Conflict, and Cooperation, a micropolítica diz respeito ao uso do poder formal e informal pelos indivíduos ou grupos para alcançar os seus objetivos nas organizações, ou seja, como a pessoa utilizará o poder para se proteger e para influenciar os outros.

Além disso, investigadores observaram os comportamentos dos treinadores na Liga Inglesa de Futebol durante o treino, e identificaram o uso de três categorias de poder: legítimo, informacional e expert.

  • Legítimo: permite tomar decisões pela posição que possui na organização social;
  • Informacional: é determinado pela argumentação que a pessoa apresenta, de modo a influenciar uma mudança no comportamento;
  • Expert: é exposto através do acúmulo de aprendizados, demonstrando todo o seu conhecimento e experiência;

Para os treinadores de elite, o poder não funciona apenas para aumentar a autoconfiança dos atletas, mas também para reforçar os comportamentos desejados pelos jogadores. Mas, lembre-se que o poder não depende apenas da hierarquia, logo, pode ser exercido por indivíduos situados em escalões menores, desde que saibam ser líderes.

Liderança

A liderança no esporte engloba várias dimensões, tais como: tomada de decisão, feedbacks, relações interpessoais e administração da equipe. No futebol, os atletas podem ser influenciados pelo treinador, sendo possível citar algumas referências quando o assunto é liderança: Tite, José Mourinho e Carlo Ancelotti. Mas, antes de adquirirem esta virtude, foram obrigados a desenvolvê-la a partir dos conflitos experienciados, dado que são inevitáveis em organizações sociais.

As pessoas discordam devido aos objetivos incompatíveis, interpretações diferentes e/ou possuírem valores opostos. Muitos estudiosos encaram o conflito como uma realidade necessária para o desenvolvimento pessoal.

Sendo assim, é fundamental saber geri-los de forma que ambas as partes sejam avaliadas e dialoguem, tornando isso em algo construtivista.

Estratégias para gerir conflitos

Treinadores de topo utilizam estratégias de persuasão e manipulação de circunstâncias para obter o resultado pretendido. Por exemplo, a série “The Playbook” expôs uma estratégia utilizada pelo técnico da renomada tenista Serena Williams.

O episódio narra as inúmeras falhas de Serena durante o jogo. Sabendo disso, o treinador Patrick Mouratoglou decidiu iludi-la apresentando um percentual grande de acertos para promover autoconfiança na atleta. Como resultado, Serena passou a ter sucesso na maioria das ações e, consequentemente, garantiu a sua vitória.

Para mais, uma pesquisa retratou uma estratégia vinda de um treinador de futebol, visando afastar um jogador da equipe que criava problemas indisciplinares. Diante disso, o treinador criou situações comprometedoras, as quais levaram o jogador a pedir transferência para outro clube.

Estas atividades intituladas “white lies” (mentiras bondosas) não devem ser consideradas ações condenáveis, mas sim estratégias para lidar com o contexto social. A finalidade é ganhar o grupo, convencer a comissão técnica e desenvolver o modelo de jogo. Assim, o trabalho do treinador de futebol poderia ter sido afetado pelo jogador indisciplinado, caso ele não tivesse interpretado a paisagem social.

O trabalho do treinador de futebol: boa e má leitura da paisagem social

O autor da obra Guardiola Confidencial, Marti Perarnau, narra uma situação em que Guardiola realiza a boa leitura da paisagem social e apresenta o conhecimento das micropolíticas.

Na época, Rooben e Ribery (líderes do elenco) gostavam do treino isolado sem bola, mas o técnico não era adepto ao método. Em seguida, após vetar esse tipo de treinamento, houve desgastes internos no elenco e, por sua vez, Guardiola cedeu uma das suas ideias para se adaptar ao contexto dos jogadores.

Portanto, é necessário reconhecer os atletas mais influentes do grupo e aqueles que tem um maior poder nas relações sociais. Estes são personagens que podem comprometer os objetivos do programa através do seu alto engajamento no grupo.

Em contrapartida, há treinadores que apresentam uma péssima interpretação da paisagem social. Por exemplo, quando o recém-contratado busca mudar rapidamente o contexto do clube, desmerecendo as relações de poder já existentes nele. Em outras palavras, pede inúmeros reforços para o plantel e, consequentemente, não demonstra confiança nos jogadores chaves da equipe.

Considerando os exemplos mencionados, o entendimento da paisagem social revela ser determinante para o rápido controle do ambiente. A leitura da paisagem social é um processo, não uma fórmula. A previsibilidade leva ao dogmatismo, de modo que resulta no insucesso do treinador inserido em um esporte imprevisível e complexo.

Fonte e Referências

https://www.researchgate.net/publication/233644130_’It’s_All_About_Getting_Respect’_
https://sigarra.up.pt/fadeup/pt/pub_geral.pub_view?pi_pub_base_id=162464

https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/00336297.2009.10483612

https://www.editorarh.pt/manual-de-comportamento-organizacional-e-gestao-6a-edicao

Contato do autor:
Instagram: g_tadashi

Confira abaixo um episódio do Podcast sobre o assunto:

Para receber conteúdos como esse em seu e-mail, participe da nossa Newsletter.

Publicado em

A intencionalidade no Futebol

A intencionalidade no futebol é um termo muito utilizado por treinadores, analistas e todos que estão envolvidos também com a parte teórica do jogo. Mas, você já parou para pensar o que, de fato, quer dizer?

O que é a intencionalidade no futebol?

Bom, começamos com um trecho da Tese do Prof. Dr. Rodrigo Leitão, onde o mesmo cita que “a intencionalidade é a expressão do ser em ação; ação com sentido”. Isto é, a intencionalidade no futebol surge dos movimentos que têm algum propósito, seja ele um passe, um drible, uma condução simples, enfim, qualquer movimento, mas que esteja dentro e voltado para um objetivo maior. Em resumo, é a ação individual, com uma lógica dentro do comportamento coletivo.

Porque movimentos de intencionalidade no futebol são tão importantes?

A complexidade…

Antes de mais nada, é importante falar que o jogo de futebol decorre em um ambiente de alta complexidade, com várias interferências externas, confrontos e cooperações a torto e direito. Essa enorme e diversificada quantidade de interações simultâneas “eu-companheiros-adversários-ambiente-etc-etc-etc.”, torna o futebol extremamente complexo.

A imprevisibilidade…

Isto tudo que decorre em seu seio é, na mais profunda análise, imprevisível. Pois bem, reflita: o quanto o ambiente, com sua variação de temperatura, umidade e diferentes velocidades, direções e sentidos do vento, afeta o decorrer de um jogo? E o entoar da torcida, os gritos da comissão técnica, dos companheiros e dos adversários também não influenciam a dinâmica da partida? Enfim, poderíamos continuar até o mais ínfimo ponto, considerando até mesmo os fatores pré-jogo, e, mesmo assim, não abrangeríamos tudo que o torna tão imprevisível.

Dito isto, o que faz a intencionalidade ser tão importante? Vamos mencionar dois pontos que deixam isso evidente.

Menor esforço, maior harmonia…

  • Em primeiro lugar: se tratando de algo tão imprevisível e complexo, é fundamental que os jogadores da equipe tenham comportamentos coerentes com o modelo de jogo adotado.  Dessa forma, o primeiro ponto é baseado na “linguagem coletiva”, é esse modelo assimilado e executado por todos os jogadores simultaneamente que permite fluência e sintonia. Se as ações não têm nenhum propósito, se os movimentos não correspondem aos objetivos coletivos pré-determinados, como haverá uma lógica compreendida por toda a equipe? Se o idioma proposto é o X, como uma equipe composta por jogadores que a cada momento se utilizam de uma letra diferente do alfabeto pode alcançar seus objetivos?

A intencionalidade no futebol entra nesta perspectiva, sendo vital que os jogadores tenham ações com propósito, visando a harmonia e sintonia coletiva em busca dos objetivos pré-determinados para cada momento.

  • Em segundo lugar: em meio a complexidade do jogo e a alta velocidade com que as ações são executadas, a intencionalidade evita gastos desnecessários. Toda ação é proveniente de um esforço, gerando não apenas desgastes físicos, como também cognitivos e, por que não, táticos, o que implicaria em uma cadeia de ações coletivas desnecessárias por conta de um único comportamento sem propósito coletivo. Então, agir por agir, fazer por fazer, desgasta não apenas quem realiza, mas gera um desgaste em cadeia.

Em um jogo tão complexo e imprevisível, é fundamental estar em ótima condição para tomar as melhores decisões no menor tempo possível, o que nos leva a importância em evitar desgastes desnecessários.

Certamente você já entendeu que a intencionalidade no futebol está voltada para as ações que possuem alguma lógica maior, estando conectadas ao comportamento coletivo, ou seja, coerente ao modelo de jogo. Mas, será tão fácil assim verificar intencionalidades?

A intencionalidade de entendimento imediato

As intencionalidades de entendimento imediato são geralmente compostas por ações com a bola, tendo em vista que, na maioria das vezes, é lá que se encontra o foco do telespectador (graças também, é claro, às transmissões mais acessíveis), onde fica evidente a intenção do jogador em posse desta.

Bem como o falado no parágrafo acima, o primeiro exemplo exposto no vídeo abaixo é a partir de um escanteio, onde o ex-jogador Alex coloca a bola atrás da meia-lua da grande área. Você deve se perguntar ao ler esse trecho sem ver o vídeo: qual o sentido disto? De fato, é incomum escanteios cobrados para fora da grande área, porém ao assistir o lance fica nítida a intenção do jogador. Este lance terminou em gol na ação seguinte, sendo o mesmo vencedor do Prêmio Puskas, de gol mais bonito da temporada de 2012.

Quem nunca ouviu o termo “chutão”, geralmente associado a defensores?! Claro, é um termo cada vez menos usado, tendo em vista a intencionalidade mencionada e as, cada vez mais cobradas, qualidades dos defensores em jogar com os pés. Desse modo, o vídeo abaixo mostra mais um lance incomum, onde o goleiro Cássio, através de um lançamento, dá assistência para o gol de Malcom.

A intencionalidade de não-entendimento imediato

Estas normalmente são através de movimentos sem bola. Pois bem, o vídeo abaixo apresenta uma movimentação de atração que gerou espaço para um companheiro. Portanto, a movimentação não foi “em vão”.

Nesse sentido, temos um texto onde apresentamos outras formas intencionais de movimentação ou posicionamento para gerar espaço-tempo.

Para finalizar, o último vídeo apresenta uma movimentação do jogador Suárez, na época no Barcelona, para gerar vantagem para si próprio através de sua movimentação. Note que sua mudança de direção, seguida por uma aceleração abrupta, lhe deu tempo e espaço para finalizar e marcar o gol. Então, sua mudança de direção e aceleração repentina foram intencionais, visando a criação de maior espaço-tempo para facilitar a conclusão da jogada.

Há também outras formas de gerar superioridades descritas no texto sobre superioridades.

Portanto, a intencionalidade se expressa na resposta da seguinte pergunta: Por que fazer?

Contato do autor:
Instagram: @ralazzarottop

Confira abaixo um episódio do Podcast sobre o assunto:

Para receber conteúdos como esse em seu e-mail, participe da nossa Newsletter.

Publicado em

A saída de bola no futebol exige coragem?

Atualmente, a saída de bola no futebol é um assunto muito debatido. Quando o treinador Fernando Diniz passava por oscilações no São Paulo, por exemplo, ouviam-se comentários de que a melhor solução seria o “chutão” para os erros na saída de bola. No entanto, quando a equipe progredia de pé em pé até chegar ao último terço do campo, o estilo de jogo denominado “Dizinismo” era apoiado.

Então, qual alternativa está certa?

Já adianto que não há certo ou errado, existe o que funciona! Portanto, o objetivo de quem vos escreve não é definir a forma ideal de progressão, dado que depende da intenção de cada treinador.

Sendo assim, o texto separado nos princípios gerais, aborda aspectos relevantes para a 1ª fase de construção, seja através da saída: com linha quatro, lavolpiana, com lançamento, etc.

Criar superioridade numérica

Fonte: criado pelo autor no tactical-board.com
  • Procurar homem livre

Identificar as relações de oposição e cooperação são essenciais para localizar o homem livre. À medida que a equipe progride utilizando tal dinâmica, aumenta o conforto nas organizações ofensivas, proporcionando, sobretudo, confiança coletiva.

  • Importância do goleiro

A primeira fase de construção é o sub-momento mais fácil para se criar superioridade numérica. É matemática: se o goleiro adversário protege a própria baliza, podemos incentivar o nosso goleiro a jogar com os pés e ser o homem livre da situação, promovendo, dessa forma, a relação de 11 cooperações e 10 oposições.

Com a evolução do jogo, a saída de bola no futebol passou a contar com o goleiro, deixando 3 jogadores responsáveis por esse primeiro momento de construção, como o Felipe Alves no Fortaleza contra blocos médios. Porém, há aqueles que escolhem saídas densas (linha de 4 + 2 volantes, por exemplo). Assim, o goleiro tem a possibilidade de realizar lançamentos e verticalizar rapidamente o ataque, com o intuito de aproveitar os espaços deixados pelos oponentes em bloco alto.

Evitar igualdade numérica

Para evitar igualdade numérica, vale analisar a estrutura padrão da equipe adversária e observar quantos jogadores costumam constranger a saída de bola. Por exemplo, se na escalação inicial o treinador adversário optar por 2 centroavantes, significa que em uma construção iniciada com linha de quatro, nossos zagueiros ficarão em igualdade numérica.

Isso indica que a construção a partir da saída lavolpiana será proveitosa? Depende, é uma questão situacional que abrange diversas variáveis, como: quais são as características dos meus volantes? Os meus zagueiros são destros ou/e canhotos? Qual é o perfil dos oponentes? Qual é o tipo de marcação adversária? Como queremos atacar? Onde há espaços? Em qual posição estamos no campeonato?

Veja que a forma de construção envolve uma série de questionamentos. Desse modo, com as respostas em mente, o treinador refletirá as possíveis dinâmicas para progredir com êxito.

Não permitir inferioridade numérica

O jogo de futebol é como um cobertor curto, ou seja, se você cobre um lado, o outro torna-se exposto. Dessa forma, ao construir com inferioridade numérica, garantirá superioridade nas zonas subsequentes, sendo válido optar pelas bolas longas.

Mas lembre-se, não são “chutões” sem intenção. Leandro Zago explica que devemos pensar a organização ofensiva visando uma transição defensiva. Em outras palavras, ao realizar “chutões”, arrisca-se o ganho ou a perda da bola. Portanto, se não for treinada, corremos sérios riscos de fracasso, ao passo que a equipe estará descompactada e vulnerável para transitar defensivamente.

O medo do brasileiro na saída de bola no futebol

Levando em consideração o que foi mencionado, nunca saberemos se o “chutão” ou se construir curto seria a melhor opção para o Diniz. Mas o que podemos destacar é que haverá diversos outros treinadores que irão preferir construir de pé em pé.

Nesse sentido, eles não decidem construir sob pressão porque querem correr riscos. Há intencionalidades por trás das ideias. Logo, é desnecessário temer essa forma de construção, pois as vezes, é fundamental realizar um passe para trás, para dar dois à frente.


Contato do autor
Instagram: @g_tadashi

Confira abaixo um episódio em nosso Podcast sobre o assunto:

Para receber conteúdos como esse em seu e-mail, participe da nossa Newsletter.

Publicado em

Tipos de marcação no futebol

Após o texto publicado aqui no Ciência da Bola sobre as formas de atacar do futebol, achamos interessante apresentar o contraponto do ataque, a marcação. Dessa forma, iremos apresentar os tipos de marcação no futebol, principalmente os mais utilizados. O texto será dividido em duas partes. Em primeiro lugar, falaremos dos tipos de marcação no futebol. Em segundo lugar, abordaremos a altura dos blocos no momento defensivo.

Quais os tipos de marcação no futebol?

Antes de mais nada, neste texto vamos abordar 4 tipos de marcação no futebol: individual, zonal, por encaixes e mista. Cada uma delas possui peculiaridades e formas diferentes de se entender o jogo.

Primeiramente, gostaria de deixar claro que essas 4 formas de marcar não são as únicas existentes. Há outras maneiras de se defender, como a híbrida, zona pressionante, entre outras. Mas escolhemos falar das 4 citadas acima pela sua maior usualidade no futebol.

Marcação Individual

Este estilo de marcação talvez seja o mais conhecido. Nele, o defensor terá como objetivo perseguir o jogador adversário, independente de onde ele se posicionar. Ou seja, é o famoso “cada um pega um”.  Veja na imagem abaixo uma representação desse conceito.

Imagem 1. Fonte: criado pelo autor usando o tactical-board.

Neste estilo de marcação é importante que os marcadores levem vantagem sobre seus adversários, pois, caso sejam driblados ou deixem o opositor receber com oportunidade de progredir, causará uma desorganização no restante da equipe, visto que deverá haver uma compensação para que algum defensor faça a contenção no homem com bola.

Marcação por zona

Nesta marcação, diferentemente da anterior, o referencial não será o jogador, mas, sim, o espaço. Em outras palavras, cada defensor terá uma zona do campo para cuidar, independentemente de haver adversários lá ou não. Essa forma de marcar terá sempre linhas bem formadas pelos jogadores, exemplificando bem o desenho tático no momento defensivo. Na imagem 2 é mostrado a marcação por zona do 4-4-2.

Imagem 2. Fonte: criado pelo autor usando o tactical-board.

Além do já mencionado, essa forma de defender precisa que todos os jogadores estejam em sincronia. Isso porque, conforme o adversário troca passes de um lado para o outro, a defesa deve “flutuar junto”, ou seja, fazer o balanço defensivo para onde a bola está indo. Veja na imagem 3 um exemplo disso:

Imagem 3. Fonte: criado pelo autor usando o tactical-board.

Marcação por encaixes

Nesta marcação cada jogador irá marcar quem estiver no seu setor do campo. Uma das características desse estilo de marcação são as perseguições curtas. Em outras palavras, irei marcar meu adversário e acompanharei ele enquanto ele estiver na minha região do campo. No exemplo abaixo, o campo foi demarcado em setores. Assim, exemplificamos como seria o posicionamento da equipe em bloco médio.

Imagem 4. Fonte: criado pelo autor usando o tactical-board.

Agora darei o exemplo com os mesmos setores e adicionarei os adversários. Veja como cada jogador permanece em seu setor e visa marcar o adversário que se encontra nele.

Imagem 5. Fonte: criado pelo autor usando o tactical-board.

Ainda nessa linha, há algumas metodologias que dizem o seguinte: se em determinado setor o adversário possua superioridade numérica, o jogador de defesa mais próximo, que não está com nenhum marcador em sua região, deve se deslocar de setor, visando igualar o número de atacantes e defensores. Veja no exemplo da imagem 6.

Imagem 6. Fonte: criado pelo autor usando o tactical-board.

No exemplo acima, o jogador 2 teve que se deslocar de setor, pois o jogador 11 estava em inferioridade numérica.

Esta forma de marcar permite que os jogadores não realizem longas perseguições. Como resultado, quando recuperarem a bola, cada jogador estará na sua posição, podendo realizar um ataque com maior eficiência.

Marcação mista

A marcação mista é quando o time utiliza a marcação zonal e individual em simultâneo. Mas, como isso é possível? Bem, vamos dizer que a equipe marque de forma zonal sempre que a bola estiver com o adversário em corredor central. No entanto, caso a bola entre em um dos corredores laterais, o método de marcação naquela região será individual. Isso ficará mais claro no exemplo abaixo.

Imagem 7. Fonte: criado pelo autor usando o tactical-board.

No exemplo acima o time de vermelho realiza a marcação por zona no esquema 4-4-2. Agora, veja na imagem abaixo como o time se comportaria posteriormente, caso a bola entrasse no corredor lateral e a intenção fosse marcar individualmente por aquele local.

Imagem 8. Fonte: criado pelo autor usando o tactical-board.

Perceba que, quando a bola está em corredor lateral, o jogadores de defesa números 11 e 2 saem para realizar a marcação individual, enquanto o restante da equipe permanece fazendo a marcação por zona.

Lembrando que este é somente uma das formas de realizar a marcação mista. Ela pode ser modificada conforme o técnico achar mais interessante para sua equipe.

Altura dos blocos

Primeiramente, o futebol é um meio dinâmico e complexo, onde ações ofensivas e defensivas se interligam. Dessa forma, a altura dos blocos também é utilizada por várias pessoas para definir se aquela equipe é mais ofensiva ou defensiva. Isso pode ou não ser verdade. Existem três alturas de blocos diferentes: alta, média e baixa. Todas elas têm como referência estática o campo de jogo. Vamos falar sobre elas agora.

Bloco alto

A marcação no bloco alto é, como o próprio nome já diz, quando a equipe que defende sobe suas linhas, marcando os adversários numa região alta do campo. Normalmente esta forma de defender está associada a equipes mais ofensivas que, ou procuram recuperar a bola ainda na saída de jogo do adversário, ou induzem eles ao erro para ter a posse da bola.

Esta marcação precisa ser muito bem realizada pois, caso o adversário consiga sair dessa primeira linha de pressão, terá muito campo para correr, o que pode causar problemas a equipe.

Bloco Médio

A marcação em bloco médio é quando equipe está posicionada na altura do meio de campo. Esta marcação é um pouco mais comedida que a anterior, porém também é mais ofensiva que a marcação em bloco baixo (veremos ela em seguida).

Bloco baixo

Esta altura de marcação normalmente está associada a equipes mais defensivas, visto que sua área de marcação é muito baixa, longe da baliza adversária. Esta altura de marcação permite uma compactação maior da defesa, porque o campo se torna menor para defender. Por outro lado, também permite ao adversário estar mais perto do gol. A imagem a seguir representa a marcação em bloco baixo.

Neste texto você aprendeu um pouco mais sobre os 4 tipos de marcação citados: individual, zonal, por encaixes e misto. Além disso, também aprendeu sobre a altura dos blocos de marcação e um pouco sobre seus aspectos positivos e negativos. Em síntese, não existe forma correta ou errada de defender. Cada uma delas possui suas peculiaridades, cabendo ao técnico reconhecer qual se adéqua melhor ao seu modelo de jogo. Lembramos que os tipos de marcação estão muito associados as formas de atacar. Afinal, o jogo é um meio dinâmico, em que um aspecto tem influência direta em outro.

Contato do autor:
Instagram: Christopher_Suhre

Confira abaixo um episódio em nosso Podcast sobre o assunto:

Para receber conteúdos como esse em seu e-mail, participe da nossa Newsletter.